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Crônicas da Surdez

Emails que não fico feliz de receber

Assim como recebo emails sensacionais de gente me contando como mudou de vida depois de descobrir o blog e o livro, também recebo muitos que me deixam de queixo caído. Algumas vezes já senti vontade de não responder, porque me sinto até um pouco ofendida com certas coisas que leio. Tipo, um monte de gente se esforçando pra desmistificar a surdez pro mundo e aí tem uma turma que faz de tudo pra esconder a sua surdez do mundo. E por que? Por vergonha. Porque são pessoas que não se aceitam. Porque estão perdendo tempo precioso da própria vida tentando fingir que ainda são ouvintes. Porque estão agindo como crianças birrentas com raiva desse ‘presentinho’ chamado surdez, como se raiva resolvesse alguma coisa. Gente, sério. Vocês devem saber melhor do que eu sobre a energia que gastam vivendo essa vida dupla solitária e triste. Porque é sim triste interpretar um personagem. Porque é triste se olhar no espelho e se odiar. Porque é triste ter vergonha de contar para as pessoas um detalhe tão banal das suas vidas. Vocês acham mesmo que o resto do planeta se importa com o fato de que vocês têm deficiência auditiva? Lamento informar que isso não acontece. Nem aqui, nem na China.

gifnachon

É como o guri desse gif animado acima que eu me sinto quando leio algumas pérolas tipo essas abaixo, todo santo dia desde 2010.

Eu não escuto nada com um ouvido, mas eu não sou deficiente que nem vocês

Uuuuuiiii, como nós? Você também é, fofura. Negar o fato para você mesmo não muda nada. Me poupe!!!!

Eu não entendo nada do que escuto, mas eu não tenho deficiência auditiva

Ah, não? Me conta quando fizer uma audiometria 😉

Você não acha um horror aquela parte externa do Implante Coclear?

Acho um horror alguém se preocupar com uma coisa tão fútil como estética quando deveria estar preocupado com qualidade de vida. Acho um horror alguém se privar de ouvir porque tem receio e medinho dos olhares curiosos das outras pessoas. Senhor, dai-me paciência.

Gostaria de dicas para esconder melhor os meus aparelhos auditivos

Tenho uma dica in-fa-lí-vel: esconda atrás da geladeira. Certeza que ninguém vai procurar lá. Agora me diz uma coisa, um fiozinho de plástico vai te invalidar como ser humano? Sério? Sempre quis fazer um cadastro nacional de psicólogos especializados em pacientes com surdez e quando recebo um email desses me dou por conta do quanto esse cadastro faz falta…

Vou voltar a estudar e não quero de jeito nenhum que as pessoas saibam que uso aparelhos e não escuto, o que eu faço?

Instituto Universal! Aquele que você estuda por correspondência, sabe qual é? O lugar mais difícil do planeta para alguém tentar esconder a surdez é numa sala de aula! Valha-me Deus!

Não conto para nenhum namorado(a) sobre a minha deficiência auditiva, o que você acha disso?

Que você está perdendo a chance de se relacionar de verdade com alguém. Relacionamento baseado em mentira é um sucesso, hein?

gifdois

Quer me irritar, me manda um email desses. É tiro e queda. Acaba com meu humor na hora!!

Falando sério. Por que perder tanto tempo negando o óbvio? Tentando disfarçar o indisfarçável? Mentindo? Fugindo das pessoas? Se escondendo atrás de um personagem? Nada disso vai nos transformar em alguém que ouve naturalmente de novo. A pessoa que tem deficiência auditiva precisa usar o cérebro, não o coração. Sei que o coração fica machucado, magoado, fechado e endurecido. Mas ele não resolve o problema. Já o cérebro… É ele que vai te ajudar daqui para a frente, mas você precisa usá-lo. Em primeiro lugar, se você tem DA e não quer usar aparelho auditivo, só posso dizer que além de teimoso, você é burro e vai pagar o preço por isso mais lá na frente. É o mesmo que não enxergar e não querer usar óculos. Se você tomou a decisão de que não se importa em não ouvir, gosta do silêncio e está bem adaptado assim, ótimo, afinal, cada um na sua e a gente só pode respeitar as decisões alheias. Porém, se você não gosta do silêncio, não quer se adaptar a ele e quer voltar ao mundo dos sons, a única alternativa é: esforço pessoal constante. Você vai ter que se esforçar pra se adaptar aos seus aparelhos auditivos (ou implantes cocleares), você vai ter que se esforçar para aprender a ler os lábios das pessoas, você vai ter que se esforçar muito o tempo todo. Particularmente acho que vale a pena porque amo o som. Não vejo sentido em ser birrenta e me privar de ouvir as vozes das pessoas que amo, os latidos dos meus cachorrinhos, as músicas lindas do meu iPod, o som do vento e mil outros sons deliciosos. Sei tão bem quanto vocês como temos dias de fúria nos quais queremos mais é chutar o pau da barraca e fugir para as montanhas para viver em reclusão. Só que…essa é a solução mais fácil.

As palavras-chave para quem convive com a surdez: aceitação e resiliência.

Aceite-se, aguente o tranco e siga em frente todos os dias.

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

37 Comments

  • alcione ferreira dias
    18/05/2016 at 18:19

    É a minha primeira vez aqui e fiquei encantada em saber tudo! Eu vivo nesse mundo onde quero omitir para as pessoas que eu escuto e realmente não escuto nada !!Parece que há tristeza na alma porque aconteceu comigo? Sou deficiente bilateral como gostaria de poder interagir com as pessoas é dificil complicada elas não entendem . O aparelho não consegui adaptar fiz terapia e no entanto não consigo eu sei que mais tarde vai dar problema …
    Sempre achei que tinha algo diferente só descubri aos 36 anos e mesmo assim não sinto firmeza a ficha não caiu hoje tenho 44 anos .so quem vive a situação sabe o que falo acho que todos estão certos Paula que garra continue assim sempre…
    As vezes parece que não vivemos a nossa vida parece mentira tudo tem dupo sentido…
    As pessoas acha que não somos normais que mentimos , eu falo sou deficiente e não surda !
    como é dificil… mas encontramos pessoas especiais que faz com que de vontade de lutar !!!
    e com isso a vida segue seu rumo…

    Reply
  • Silvia
    17/10/2013 at 22:36

    Oi Paula,

    Eu li alguns comentários e não sei posso estar muito enganada, mas a dificuldade em aceitar a deficiência vem de dentro de casa, se a criança desde pequena perceber que os pais ou os mais próximos sentem vergonha, ela vai levar isso pra vida e a aceitação será mais muito difícil, o Dan ( meu filho usuário de IC ) tem 9 anos e ele lida muito bem com todas as situações, se ele não entende o que a pessoa diz, ele pergunta novamente, se a pessoa não o conhece ele diz ” desculpa eu sou surdo, vc pode repetir ” vc pode me corrigir mais eu acho que a base familiar é tudo. Qdo eu disse à ele ( Dan ) que ele tem que se sentir à vontade e sem vergonha pra pedir que a pessoa repita o que ela disse, ele me perguntou ” mas e se a pessoa ficar brava ou tirar sarro o que eu faço ? ” eu respondi à ele que se a pessoa ñ é capaz de entender a dificuldade dele ( Dan ), ele tb ñ precisa entender a ignorância dessa pessoa, vira as costas e sai andando, ñ se sinta diminuído por causa de outra pessoa, vc sim deve ter pena dessa pessoa que tem uma ‘ deficiência ‘ muito maior que a sua e que infelizmente pra essa pessoa, ñ tem IC, AASI, óculos ou qq outra prótese que resolva.
    Uma vez ele me perguntou ‘ mamãe o que eu faço se me chamarem de surdo ? ‘ , eu perguntei pra ele o que era surdo e ele me respondeu que era a pessoa que não escutava, eu perguntei de novo, vc é surdo?! e ele disse sim, eu falei pronto não tem que se ofender, até pq se vc perceber que a pessoa está tentando te diminuir ou te ofender, vc virá pra ela e fala bem convicto ” SOU SURDO SIM E PRA MINHA DIFICULDADE EXISTE SOLUÇÃO E PRA SUA TEM ?! ” e vira as costas e sai andando. Ponto. Posso estar errada, mas eu ensino à ele que ele não tem que se sentir inferior à ninguém, pessoas más e preconceituosas existem e sempre irão existir seja por sua deficiência, cor, raça, partido político ou religião, a gente tem é que saber se impor.

    As pessoas só dão o que tem, se ela tem amor dará amor, se tem ódio só dará ódio, e depende de vc o que vc vai querer receber. Adorei o seu texto e concordo em gênero, número e grau, bjs

    Reply
  • Vander Jr.
    01/10/2013 at 14:10

    Olá, Paula!
    Rachei de rir com a sua coluna “EMAILS QUE NÃO FICO FELIZ DE RECEBER”, você pensa exatamente igual eu.
    Antes que você pergunte ou pense, sou deficiente auditivo dos dois lados, perda de 80% de um lado e 90% do outro lado. Uso aparelho auditivo desde os meus dois anos de idade e cresci com isso. Praticamente não tive escolha, rsrsrs. Meus pais e meus irmãos me trataram como se eu fosse normal, claro que não era, mas sem estigmas e preconceitos, me entende?
    E lendo os comentários acima, me veio uma famosa frase que serve para quem não concorda com sua coluna: “O pior cego é aquele que NÃO quer ver.”
    Beijos e continue sempre com sua escrita afiada (pois de polêmica não tem nada!)

    Reply
  • Cristiane
    17/09/2013 at 14:53

    “Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que a nossa vã filosofia imagina.”
    O fato é que como a surdez é heterogênea, o ser humano também é.
    E este é muito mais heterogêneo do que a surdez!
    Cada um é um e cada qual está em uma determinada fase do seu processo…
    Pra muita coisa na vida, querer esconder não significa não aceitar, ou não querer assumir…
    Em relação à deficiência auditiva, os principais fatores que favorecem a mitificação seriam o ajuste inadequado do aparelho auditivo e a carência de profissionais habilitados para acompanhamento. Muitas vezes o mito vem do próprio profissional.
    Para a surdez oralizada, outro fator primordial seria a questão cultural, estando essa diretamente relacionada ao tamanho da cidade onde se vive e à profissão exercida.
    Culturas… Mitos… Desinformação… Cidade grande X cidade do interior… Profissão… Vaidade…
    …”Complexo, meu caro Watson!”
    Complexo… Mas pra isso, demos Graças, nós temos a Paula!!

    Reply
    • Cristiane
      17/09/2013 at 20:20

      Melhor dizendo, pra superar essas complexidades, temos o Blog da Paula pra nosso encontro, troca de informações, anseios e experiências!

      Reply
  • Camilla
    17/09/2013 at 01:41

    Pessoal, também recomendo muito a leitura do livro “Uma Vida sem Limites” de Nick Vujicic. ‘Nascido sem os braços e sem as pernas, Nick conta a história de sua deficiência física e da batalha emocional que travou para conviver com isso na infância, adolescência e vida adulta.’ Ele é o cara! Te faz refletir e te impulsiona, chega de lamentações!

    Reply
  • Alexandra
    16/09/2013 at 21:07

    Gente, achei o texto 10!!!! Muito bem escrito. E engraçado, rs.

    Mas falando sério, não entendi porque algumas pessoas ficaram tão “nervosas” com o texto???? O que a Paula fez foi falar de forma bem humorada de algumas coisas que a irritam, e fez com maestria.

    Apenas expressou sua opinião, não citou nomes, nem ofensas… Apensa exerceu o direito da livre expressão.

    Eu tenho surdez severa bilateralmente, no meu caso não tenho mais nenhuma chance de escutar, adoraria poder usar os aparelhos e poder ouvir alguma coisa, mas não posso, é fato.

    Assim como é fato, querendo ou não, aceitando ou não, que algumas pessoas tem deficiência auditiva ou surdez. Esconder não vai resolver. Nunca tive nenhum drama para aceitar o fato de ser surda, claro fiquei triste, chorei, mas pelo fato de não poder ouvir, porque eu continuo sendo a Alexandra de sempre.

    A surdez impõe alguns limites, mas a maioria dos limites somos nós mesmos quem criamos. Sou surda sim e daí? Surda com muito orgulho, porque vou a luta, não desisto, e não me calo.

    Um dia me disseram que quando passamos por algo como ter uma deficiência é “Deus nos marcando para não nos perder de vista”, começo a acreditar. Porque surda como sou estou caminhando, saindo do lugar, movendo-me… Imagina se eu escuto???? Ninguém seguraaaaaaa, kkkk.

    Gente, é muito bom podermos trocar experiências, saber que existem pessoas que são felizes como são. Não vamos nos prender a ouvir ou não para sermos felizes.

    Percebamos quantas coisas boas existem a nossa volta. Então??? Vou ficar infeliz ou frustrada por não ouvir???? É ruim heim.

    “Bom mesmo é ir a luta com determinação, perder com graça e vencer com ousadia, pois o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito curta para ser insignificante.” (Chaplin)

    Paula, vc está de parabéns. Su blog é maraaaaaaaa!!!!!!

    Reply
  • Claudia Cristina Huertas
    16/09/2013 at 19:45

    olá, Paula!

    Reforçando o que vc menciona – faz parte do processo psicoterapêutico trabalhar a auto-estima para que a aceitação aconteça e, a vida fique “mais leve”. Normalmente, meus pacientes chegam “desacreditados” de poder fazer parte de um mundo tão diferente do que eles vivem… mas o resultado na psicoterapia é fabuloso.

    bjs,
    Cláudia

    Reply
  • mirian
    16/09/2013 at 11:43

    Olá paula!

    Confesso que pensei bastante a respeito antes de deixar o meu comentário. Assim, em partes, concordo com o Jefferson e em outras contigo, pois penso que há um tempo para tudo, inclusive, você nos relata isso no seu livro, também teve o seu tempo de não aceitação. Eu mesma depois de conhecer o Crônica da Surdez, ainda tive que trabalhar muito em mim e por isso fiquei coladinha nas atualizações que você faz aqui e fui ganhando força, confiança e coragem.
    Porém, se depois de informado sobre tudo que diz respeito a surdez, a pessoa ainda ficar se colocando como vítima da criação então concordo que tem que ser sacudida mesmo. Para o bem dela mesma. Bjs!!

    Reply
  • Maressa
    16/09/2013 at 10:54

    Bom dia!!! Paula, tudo bem???

    Sabe, eu so tive esse problema de não aceitação foi na adolescencia mesmo…Morar no interior é isso mesmo o preconceito é tanto que eu ficava reprimida…Ai conheci um novo mundo…São paulo…rsrsrs
    e pessoas que foram um “Anjo” em minha vida…
    HOje convivo bem e aceito ser DA.
    Mais meus mundo não se baseia a isso eu conheço e tenho convivencia de pessoas que é perfeita de saude e vive se lamuriando e falando mal do proximo…Sabe o que eu falo para elas?: “TEM GENTE PASSANDO POR COISA PIOR! GENTE QUE É DEFICIENTE E AINDA ENFRENTA A VIOLENCIA EM SUA PROPRIA CASA! GENTE QUE CONSEGUE VIVER COM UMA RENDA DE R$70,00 AO MES! São tantos casos que eu não tenho o direito de reclamar a Deus pela minha SURDEZ. Tento apenas viver o dia e aprender com o proximo…

    Beijos a todos.

    e Pense antes de reclamar…Sei que não é facil…Nunca foi fácil!

    Pena que não tem um manual de instruções de como viver a Vida

    Reply
  • Sérgio
    16/09/2013 at 06:52

    Bem que você podia ter uma resposta-padrão para essas pessoas, recomendando ligar o ipod no AASI (não usam? azar o deles…) e ouvir:
    “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Ou, se quiser resumir em uma palavra: “Ame-se!”.
    (P.S. Achava que a música era do Gonzaguinha, mas fui pesquisar e achei umas 10 versões diferentes, não sei qual é a original, talvez do Caetano Veloso).

    Reply
  • Samira
    15/09/2013 at 21:20

    Sou fonoaudióloga, consultora em comunicação corporativa. Trabalho com a inclusão do deficiente auditivo no mercado de trabalho. E a minha realidade é bem essa, encontro protetizados mal adaptados, não protetizados por insucesso com a prótese, usuários de libras e aqueles que fazem gestos sem saber que existe uma padronização.
    E a minha maior angústia é saber que o IC poderia ser mais acessível a muitos deles, e assim concorrer a vagas em cargos mais elaborados, dentro de suas habilidades, nas suas propostas de vida.
    Todos nós temos anseios, vontade de estar em algum cargo ou posiçao. Mas nesta condição dem por parte de um sentido de extrema importância estar limitado a uma prótese sem sucesso ou não conhecer uma LIBRAS, ficam em postos por anos a fio sem sequer poder questionar postos melhores.
    Na pirâmide de MASLOW, a inclusão da Pessoa com Deficiência supre o primeiro patamar, que é as necessidades físicas, quem dera em um futuro próximo almejarem novos patamares como por exemplo o da realização e das tendências mais ligadas aos talentos pessoais!

    Reply
  • Magda Aparecida Vagli Zobra
    15/09/2013 at 16:52

    Boa tarde Paula,sou def. bilateral em processo de Implante pelo HC aqui em São Paulo, venho de uma familia que do lado paterno todos os irmão ficaram surdos ja depois de adultos, meu pai ja era surdo quando nasci então sempre convivi com AAIS e meu pai ate brincava quando ia ligar o AAIS dele fala alo…alo câmbio ele era muito piadista e sempre levou na boa..mas hoje eu como estou na mesma situação que ele vejo as coisas de uma outra maneira não tenho nem nuca tive vergonha de usar os aparelhos mas sabe que eu notava nas pessoas principalmente parentes um ar de o coitada…hoje em dia tenho muito melhor relacionamento com meus amigos do grupo de corrida que participo e meu marido que sabe como ninguem lidar com isso… mas sabe que a unica coisa hoje em dia que sinto falta é de ouvir musica e espero que com o IC eu volte a ouvir..adorei seu livro…bjs e boa sorte na cirurgia

    Reply
  • Junior Laczynski
    14/09/2013 at 19:34

    Aceitação e viver feliz é tudo. Não ligo para os olhares e curiosidades dos outros. Sou casado, tenho um filho de 4 anos e minha esposa sabe da minha DA em AO desde o início.

    Amo o som e fico irritado quando estou sem meus AASI. Comprei um baixo e um saxofone estou tentando aprender, já “arranho” algumas músicas e vivo feliz.

    A aceitação é você, as pessoas que te aceitam, a sua família, o resto… escanteio.

    Valeu Paula e continue com a motivação!

    😀

    Reply
  • márcia
    14/09/2013 at 17:32

    Infelizmente muitas vezes perdemos um tempo danado até nos darmos conta de que é ridículo tentarmos esconder o que somos. Talvez a desinformação e a ideia errônea de grande parte das pessoas de que surdo é só aquele que não escuta nada e usa libras contribui para que tenhamos dificuldade em nos assumir, por isso a importância do que a Paula sempre coloca da diversidade que existe na surdez. Eu tenho perda total de audição no ouvido direito, surda unilateral, e diferente do que disse a Greize, sempre percebi minha surdez não só na audiometria porque um lado não compensa o outro, mas tinha dificuldade em expor a minha deficiência para as pessoas, aquela história: como você é deficiente auditiva se você fala e está me escutando? e etc… não falava nem para pessoas bem próximas e aí quando você finalmente conta é como se todo mundo já soubesse, realmente não dá para disfarçar o indisfarçável… aí as reações eram: ah,é por isso que você sempre vive virando muito a cabeça… ah, é por isso que você não responde ou não entende quando falo desse lado…rsrs. Aí você se dá conta de quantas situações embaraçosas teriam sido evitadas fazendo o mais simples: falando a verdade. Quantas vezes já fiquei agoniada dentro de um ônibus cheio porque uma colega sentou do lado que não escuto e passava a viagem toda falando e eu tentando decifrar, fingindo que entendia, quase com torcicolo de tanto virar a cabeça…rsrs… e com certeza dando vários foras enquanto torcia para descer do ônibus logo… não era mais fácil dizer a verdade?

    Reply
  • Gabi
    14/09/2013 at 13:03

    Concordo com Paula, eu passei por isso na adolescência e quem me sacudiu foi minha família: chegaram comigo e falaram: Gabi, para com isso! Coloque seu aparelho auditivo e saia sem medo, e meu pai dizia: mande eles pra puta que pariu!
    Enfim, por isso me tornei um tanto resiliente a ponto de incomodar as pessoas, porque eu não trato ninguém, independente de seu problema ou deficiência, com cara pena. Bjs

    Reply
  • Leo Castilho
    14/09/2013 at 12:43

    Hahahaha! Eles realmente têm essa vergonha!
    Você pode rir na cara deles que você superou tudo mostrando quem é você mesmo! Arrasou o blog!

    Reply
  • Polliana
    14/09/2013 at 12:27

    rsrsrs ri horrores… Sabe Paula, cada um tem um processo… sou DA congênita, mas passei a vida sem AASI, fui colocar depois dos 20… e eu passei por essa fase… de esconder o AASI, de pedir menor possivel, acredito que não tive “duas faces” mas passando por todo o processo, a escolha da profissão “Fonoaudiologia”, o amadurecimento pessoal e outras coisas me fizeram ver mesmo que eu fui BOBA de querer esconder, de recusar o AASI… sempre tive perda mas a perda nunca me segurou, nunca tive medo, nunca parei de sonhar, fazer planos, nunca pensei em parar de estudar… e hj estou aqui, pessoa e fono com AASI bilateral pra quem quiser ver… estou super bem e feliz !!! Tenha paciência com os emails “desanimadores”, vc é super luz para aqueles que procuram a luz e vamos continuar mostrando que a DA não é nada perto de tanto que acontece !!

    Reply
  • Lak
    14/09/2013 at 12:05

    Sabe qual o problema? A gente vive numa sociedade assistencialista e coitadista. Então, sempre temos que ser compreensivas com os coitadinhos que ainda não se aceitam.
    Oras, o comportamento deles é prejudicial a eles mesmos. Alguém precisa ter coragem de falar isso na cara, na raça, pra ver se eles param de negar algo que não deixa de existir só porque fazem vista grossa.
    É complicado ter uma deficiência no mundo de hoje, que ainda tem enorme preconceito para conosco. Mas esconder essa condição NÃO é a solução. Mentir, menos ainda…
    E quem acha a parte externa do IC feia… bom, a beleza está nos olhos de quem vê. Eu acho lindo!
    Beijinhos

    Reply
  • Bárbara Vieira
    14/09/2013 at 11:00

    Meu filho é surdo e usa implante do lado direito. Antes de mais nada ele é MEU filho que eu amo, a surdez faz parte dele mas não o define. As pessoas tem medo da reação dos outros mas não deveriam, quando descobrem que meu filho é surdo falam : Coitado. Coitado não, Miguel não é e nunca vai ser coitado. Cabe a nós ( família) trabalharmos a auto-estima dele que ele será feliz do jeito que é. Nunca deixará de ser surdo mas farei tudo ao meu alcance para que tenha a melhor vida e a infância mais feliz que eu puder dar a ele. No fundo são poucas as pessoas que REALMENTE se importam com a gente. Portanto Miguel vai aprender desde cedo que tem que ter orgulho de quem é e ponto final…

    Reply
  • Lindiane
    14/09/2013 at 08:55

    Todos os rapazes me paquerava e descobre quem eu sou ai ninguém me quer e tinha vergonha de mim. E pensei não contar ninguém, comecei namorar o cara há 8 meses escondida ele desconfiou a minha fala,eu menti pra ele que a minha língua era pegada,só descobriu depois que ele foi namorar na porta e minha mãe contou. Ele tomou o susto tão grande, ele pegou foi embora magoado depois de uma semana ele voltou me deu flores e bombom dizendo me ama muito não importa a minha deficiência. Até hoje 13 anos juntos casada e tenho um filho de 4 anos muito Feliz.
    Antigamente eu tinha vergonha mas agora não tenho mais.

    Reply
  • Rodrigo Nunes Panceri
    14/09/2013 at 03:09

    Oi Paula,

    Meu nome é Rodrigo Nunes Panceri. Uso aparelho auditivo no ouvido esquerdo e implante coclear no direito.

    E NÃO TENHO DEFICIÊNCIA AUDITIVA.

    O último que me chamou de surdo passou desta pra melhor.

    Reply
  • Samira
    14/09/2013 at 02:09

    Beijinhos de quem está sempre lendo os posts, partilhando, e achando o máximo tua posição sobre enfrentamento e aceitação!
    🙂

    Reply
  • Maria
    14/09/2013 at 00:36

    Oi Paula! Te acompanho há um tempão e quase nunca comento, mas ler esse post me fez perceber por que eu sou tua leitora fiel: tua lucidez!
    Concordo com tudinho que você disse!!! E que pena que as pessoas ainda se preocupam com em se esconder (delas mesmas, o que é pior). 🙁

    Parabéns giga pelo seu trabalho!
    Um beijo grande,
    Maria 🙂

    Reply
  • Greize
    14/09/2013 at 00:32

    “Eu não escuto nada com um ouvido, mas eu não sou deficiente que nem vocês”
    Este é surdo unilateral, que só lembra que é surdo, quando quer fazer um concurso ou faz audiometria, de resto leva a vida de ouvinte.Mas não atrapalha a vida dele, faz tudo que um ouvinte faz.Entendo a negação.Pois às vezes nem lembram que não escutam de um ouvido, o outro supre tudo…Falo pois eu era unilateral.Nem lembrava que não ouvia de um…Só na Audiometria mesmo.hehehehe

    “Não conto para nenhum namorado(a) sobre a minha deficiência auditiva, o que você acha disso?”
    Essa eu queria saber,existe isso? Como a pessoa faz isso?Esconder no namoro que é surdo, isso ai não tem como não.A relação de conversa é feita por telepatia??Lógico que a outra pessoa vai perceber algo??!!Por favor, né.rsrsrsrs

    Reply
    • Jefferson
      14/09/2013 at 01:01

      rs…
      Eu já namorei e só contei depois de um tempo. Minha deficiência é moderada a severa mas eu conseguia ouvir rsrs…
      É o medo… rs

      Reply
  • Camilla
    14/09/2013 at 00:23

    Paula, assim como vc já escreveu, minha deficiência não é segredo, mas nunca fiz questão de escancarar isso por aí. Porém, depois que li sua história e os depoimentos dos leitores, assumi a surdez de peito aberto. Finalmente descobri que não era a única enfrentando obstáculos relacionados a perda auditiva. Através de você consegui inspiração para mudar certas atitudes, amadurecer ideias e divulgar informações entre as pessoas. Estou colhendo resultados maravilhosos, pois seu blog e livro são contagiantes! Realmente, é triste saber que tem gente que não se empolga, não se renova, não evolui…

    Reply
  • Sandrelly Caroline
    14/09/2013 at 00:10

    Olá Paula, meu nome é sandrelly e também sou deficiente auditiva. Levei anos pra me aceitar,fiz muito tempo de terapia e comecei a ler seu blog há alguns meses. Super curti ele, sua história e a de outras Pessoas me incentivaram muito a assumir minha
    realidade pena dessas pessoas que não se assumem estão perdendo tempo é tão bom se assumir e ser aceita pelo que é. Você faz um belo trabalho Parabéns!! Beijos

    Reply
  • Aline Maggio
    13/09/2013 at 23:51

    Falou tudo… adorei

    Reply
  • Jefferson
    13/09/2013 at 23:28

    Paula, com todo o respeito, mas nem todos tem o mesmo entendimento que você. Hoje a deficiência auditiva ainda é algo que a sociedade não enxerga pois visualmente ela não existe.
    Mesmo nas outras deficiências, muitos tentam esconder a deficiência, e olha que ela existe visualmente falando.
    Sim, concordo, precisamos desmitificar, precisamos aparecer, mostrar que existimos de fato. Mas infelizmente o pré-conceito da sociedade, ou preconceito como você preferir, ainda nos leva a evitar mostrar ao mundo a nossa deficiência.
    Eu, hoje, sabendo dos meus direitos, não tenho mais vergonha dos meus aparelhos. Mas por muito tempo pensava “se eu falar que sou deficiente, não vão me dar a vaga de emprego então melhor não dizer”.

    Nem todo Paula são “famosos”, tem a interação que você tem com outros deficientes, nem todos nasceram ou tem a deficiência há anos. Alguns acabaram de perder, estão ainda conhecendo o novo mundo, estão conhecendo a nova vida. E assim como na doença terminal, em seu primeiro estagio, a pessoa tende a negar o problema. Leva muito tempo, leva até mesmo anos para a pessoa aceitar. E não é só a pessoa, todos que estão em sua volta.

    Sim, eu sei, muitos querem esconder… e entram em contato com você justamente por você ser uma referencia. Eles esperam de você um apoio(mesmo você não sendo psicologa), esperam de você é justamente uma palavra amiga, uma ajuda para o problema dela (dela pois o problema é dela… você já superou isso), por isso Paula, sinta-se honrada em ajuda-las… não ajudando a esconder o problema mas ajudando elas enfrentar esse novo mundo.

    Espero que não fique chateada com a minha postagem.

    Um grande abraço.

    Reply
    • Crônicas da Surdez
      13/09/2013 at 23:58

      Jeferson,

      Eu me sinto honrada em ajudar quem quer que seja.
      Acontece que eu nao sou a favor da condescendência. Ninguem pode viver luto eterno. Negação eterna. Quando se fala de saude, sentar e esperar que uma pessoa passe anos ate se aceitar NAO E correto muito menos saudável. A pessoa com deficiencia auditiva que pretende preservar a audição que lhe resta e nao sair do mundo dos sons deve saber que quando nao usa seus AASI esta se prejudicando em vários níveis. Uma simples teimosia pode custar o teu entendimento de fala. Tua memória auditiva. Enfim, e a minha opinião. Eu discordo sobre o fato de que deve levar anos esperando ate a pessoa se aceitar.

      As PCD’S que eu conheco que abriram caminho para a visibilidade de todas as deficiências também pensam assim. A gente nao pode ser condescendente com uma pessoa que esta se prejudicando sem saber ou sabendo. A família nao pode sentar e esperar a birra passar. Ou, se assim o fizerem, que arquem com as consequências posteriores, sem reclamar.

      Sei te dizer que sinto raiva de mim pelos anos que perdi com isso e sei bem o quanto me prejudiquei. Portanto, se eu tiver a oportunidade de dar um chacoalhao e um choque de realidade para que outras pessoas NAO FAÇAM a mesma coisa, assim o farei. Especialmente porque gostaria que alguem tivesse feito isso comigo.

      Fico feliz de saber que tu nao sente mais vergonha alguma dos teus AASI.

      No fim eu acabo respondendo sempre, jamais destratei alguem, mas que ninguem espere de mim condescendência porque isso nao dou. A vida e muito curta pra gente permitir que as pessoas fiquem presas numa redoma de medo, solidão e vergonha.

      Bjao,

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    • Meiry
      15/09/2013 at 14:37

      Paula me desculpe por discordar de voçê mas o Jeferson falou tudo e mais um pouco, em alguns ponto concordo com Voçê Paula mas quando estamos numa situação desta é muito dificil e a pior coisa é a aceitação infelismente á pessoas muito cruel com nós deficiente e tem coisas que falar é muito facil dificil é fazer e as pessoas são diferente uma das outras a quem consegue aceitar isto com muito mais facilidade e outras não,talvez teus familiares Paula te ajudaram muito melhor a aceitar e varias outras coisas tambem facilitaram para voçê. Para mim infelismente foi muito dificil mesmo aceitando ainda é muito dificil e descordo muito de voçê Paula quando disse que isto é um “detalhe tão banal das suas vidas” na minha vida isto nunca foi um detalhe banal isto me levou a muito sofrimento e dificuldades como posso pensar que isto é uma simples coisa banal?

      Me desculpe mais uma vez mas as pessoas são diferentes uma das outras.
      bjks.

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    • Janise
      15/09/2013 at 16:29

      Olá, Paula, olá, Jefferson.
      Nunca tive vergonha de mostrar meus aparelhos de surdez. Porém, sinto muitas vezes que esta batalha de ser DA não consigo vencer, porque as pessoas ao falar comigo, falam gritando, por medo que eu não ouça; então, é um sentimento mt estranho este de se sentir feliz, por estar ouvindo novamente, mas muito solitário, por sentir as pessoas distantes, com medo de falar e eu não entender… é isso que me deixa triste, Paula! Cada ser tem uma vivência e como somos diferentes um do outro, mesmo tendo os mesmos problemas… Abraços.

      Reply
    • andrea
      23/09/2013 at 16:39

      perfeito.

      Reply
  • Fernanda
    13/09/2013 at 23:28

    Você é demais sempre! Tuas respostas foram sensacionais!!!!

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  • Cleuber Roggia
    13/09/2013 at 22:56

    Aceitação e resiliência. Bem isso, Paula. Raiva não adianta. Não resolve nada. Sobretudo é importante aceitar-se. Uma vez que o sujeito se aceita, ele melhor será aceito. É como amor: se me amo, melhor amarei, melhor serei amado. Se sou feliz, melhor fareis os demais feliz, bem mais serei feliz… O caminho é por aí… Para quem tem dificuldade de aceitação, recomendo seu livro “Crônicas da Surdez”… e buscar se aceitar… um beijo, Cleuber 😉

    Reply
  • Vanessa
    13/09/2013 at 21:11

    Paula,diariamente escuto no consultório muitas dessas frases,pacientes que estão há 5,10,15 anos negando a deficiência auditiva,deixando de conviver e viver plenamente com a família,amigos…
    O preconceito em não usar um aparelho auditivo envolve mais o que os outros vão pensar,em preocupar-se excessivamente com o outro,com a opinião alheia,em baixa auto-estima.
    Mas o que deve ser mais importante afinal?O outro ou eu?
    E como você mesmo disse um aparelho não diminui ,não invalida ninguém!
    Beijossss

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