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Implante Coclear / Relatos de Pessoas com Deficiência Auditiva

Implante coclear bilateral: a história da Gabi

‘Meu nome é Martha e sou mãe da Gabriela. Ela nasceu no dia 24/07/2011, por coincidência data do meu aniversário – eu costumo dizer que a Gabi foi meu presente de 39 anos. A Gabi, assim como seu irmão Lucas, é adotada. O Lucas desde os 4 anos começou a pediu uma irmã, ele sempre foi taxativo, queria uma irmã. E Deus ouviu as preces dele.

Quando a Gabi chegou, assim como com o Lucas eu a levei a um pediatra e pedi que revirasse ela do avesso. Diante tantos exames estava o pedido do teste da orelhinha. Para mim, como mãe, uma novidade, visto que nunca havia escutado a respeito.

E fui procurar um medico que realizasse o tal teste da orelhinha. Primeiro resultado “não passou”, o médico sequer me atendeu, deixou o resultado com sua secretária para que me fosse entregue. Achei estranho e busquei uma segunda opinião, desta vez com uma médica de uma maternidade da cidade que meus pais moram. Mais uma vez, ela “não passou”. Entrei em pânico, como assim, minha filha não ouve?

A suspeita

A médica me encaminhou a uma fono para realizar um BERA, para confirmar a suspeita. Lá fui eu de novo e, bingo!!! Surdez bilateral neurosensorial severa a profunda. Confirmado, minha filha não ouve, é surda… e agora?

Imediatamente quando cheguei em casa liguei para minha amiga, fonouaidóloga e anjo da guarda da Gabi: Marcia Cavadas.  Expliquei toda a história e ela me disse: “Venha para o Rio, faremos mais testes para confirmar”. Peguei minha pequena e embarquei para o Rio de Janeiro, e foi definitivamente confirmado o resultado mais temido da minha vida.

Minha filha não ia escutar minha voz e nem tão pouco as batidas do meu coração, teria um futuro limitado (foi isso que pensei neste momento crucial). Fui encaminhada pela Márcia para uma consulta com o Dr. Luciano Moreira  e assim como ela, virou Anjo da Guarda da Gabi

Diante de todos os exames, ele me falou sobre o Implante Coclear, também uma novidade para mim. E a partir deste momento comecamos a vivenciar o mundo do Implante, pesquisas, muito choro, medo do desconhecido e por fim a decisão de não privá-la deste descobrimento cientifico que poderia dar a ela melhor qualidade de vida.

Na época eu morava em Angola (africa) e para que fosse realizada a cirurgia foi necessário que a família se separasse, voltei para o Brasil com dois filhos e deixei o marido em Angola, ele vinha nos visitar a cada 60 dias.

ic gabi bilateral gabi

Implante Coclear Bilateral

Dia 16/06/2012, a Gabriela, com então 11 meses , fez seu Implante Bilateral … foi o dia mais dificil da minha vida no quesito mãe. As horas não passavam, mais felizmente correu tudo bem e 30 dias depois foi o dia mais feliz da minha vida, dia da ativação, um misto de alegria e apreensão, mas com a graça de Deus ela deu sinais de que estava ouvindo, foi lindo e emocionante, o pai acompanhou via Skype este lindo e inesquecível momento.

De lá para cá só tenho tido alegrias, minha pequena desenvolveu a fala muito bem, tive o apoio de outra fono, desta vez na cidade em que me radiquei quando voltei ao Brasil, Ribeirão Preto, a Dra. Regina SampaioGabi entrou na escola regular aos 2 anos e meio e foi super bem aceita pelas professoras e amiguinhos.

Com 4 anos foi hora de reunir a família de novo, pois já eram 3 anos que estávamos vivendo longe. Desta vez nos mudamos para a Colômbia. E pensei: como será agora? Outro idioma, será que ela vai dar conta? Na verdade dois novos idiomas entraram na vida da Gabi, pois o colégio que ela entrou era Bilíngue (espanhol-Ingles), e quão grande foi minha surpresa que em apenas 1 mês, ela já estava se comunicando muito bem em espanhol, super elogiada pelos professores, por sua dedicação e carisma.

Terminou o ano 2016 praticamente alfabetizada, sabe todo o alfabeto nos 3 idiomas, sabe contar até 40 e a cada dia mais e mais ela demostra que a falta de audição não esta sendo empecilho para que  se desenvolva e tenha uma vida normal como qualquer criança de sua idade.

A luta jamais terá fim, pois os avanços tecnológicos estão aí e meu desejo é de sempre poder dar a Gabi as melhores ferramentas para que ela siga sua vida da melhor forma possivel. Atualmente estamos morando em Lima/Peru, e é vida que segue, pedindo a Deus que abençoe a todos que fizeram e fazem parte desta trajetória.’

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

7 Comments

  • Luiza Nascimento
    28/06/2019 at 00:26

    Que história emocionante! Se Dalton Mota de Barros trabalhou no BANERJ, deve entrar em contato com a ANBEP URGENTE.
    Abraços Luiza

    Reply
  • Izilda
    16/04/2017 at 23:26

    Obrigada Martha por partilhar sua experiência, tenho uma.sobrinha de 11 meses que tb fez o implante e estamos aprendendo junto, ela é nós a família na certeza que ela conquistará seu mundo

    Reply
    • Martha
      25/05/2017 at 11:13

      Com fé, ajuda, perseverança, acompanhamento e amor tudo é possivel… boa sorte para sua sobrinha

      Reply
  • Sérgio da Silva
    16/04/2017 at 22:29

    Mais que a tecnologia, aí está o amor abrindo portas…
    Verdade e amor, assim falava e água Jesus.
    Parabéns Martha, felicidades Gabi.
    E viva o Vovô que compartilhou essa sublimidade conosco.

    Reply
    • Martha
      25/05/2017 at 11:11

      Obrigada Sergio, realmente o amor nos moveu e fez com que quiséssemos sempre o melhor para nossa pequena Gabi… ela nos orgulhs a cada progresso. E o implante foi nosso melhor presente para ela… tenho certeza de que ela no futuro nos agrafecera por termos feito essa escolha

      Reply
  • Martha
    16/04/2017 at 21:52

    Muito bom poder compartilhar a história da minha pequena com vcs… Beijos

    Reply
  • DALTON MOTA BARROS
    16/04/2017 at 19:35

    Além de todas as alegrias que minha neta Gabriela me dá, vê-la virar tema de uma crônica, foi demais. É lindo acompanhar o desenvolvimento dela. Foi emocionante ouvir suas primeiras palavras, assistir (por vídeo) suas apresentações nas escolas e mais recentemente vê-la aprendendo a tocar teclado e dançando balé. Minha filha do coração, Martha, é uma guerreira incansável, de quem muito me orgulho. Parabéns, Paula, por esta crônica.

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