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Crônicas da Surdez / Deficiência Auditiva

DEFICIÊNCIA INVISÍVEL: como lidar com a SURDEZ

A surdez é uma deficiência que muitas vezes passa despercebida. Enquanto algumas deficiências físicas são facilmente identificáveis, a surdez é uma condição invisível aos olhos, mas pode ter um impacto significativo na vida daqueles que a enfrentam. Acho que dei sorte na vida pois todas as pessoas do meu convívio tratam a minha surdez com muita naturalidade. Isso tem a ver com a minha própria atitude perante tudo isso, já que desde que saí do armário da surdez me recusei a sentir vergonha do que quer que seja que tenha a ver com a minha deficiência auditiva. A gente vai envelhecendo e perdendo a paciência com algumas coisas, não é verdade?

A surdez é uma perda parcial ou total da audição, e pode ser congênita, adquirida ao longo da vida, ou ainda resultar do envelhecimento. Ela pode variar em grau, desde uma perda auditiva leve até uma perda auditiva profunda, e pode afetar apenas um ou ambos os ouvidos. No entanto, independentemente do grau de perda auditiva, a surdez traz desafios e limitações para as pessoas que a vivenciam.

Uma das principais características da surdez como uma deficiência invisível é a dificuldade na compreensão do seu impacto por parte das pessoas ao redor – as pessoas que ouvem perfeitamente. A falta de sinais visíveis pode levar a mal-entendidos e falta de compreensão por parte dos outros, levando a um isolamento social e emocional para os indivíduos surdos. As pessoas surdas, independentemente do seu grau de surdez, enfrentam barreiras na comunicação, seja em situações cotidianas, como conversas com amigos e familiares, ou em ambientes públicos, como no trabalho, na escola ou em serviços de atendimento ao público.

Além disso, a surdez pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas afetadas. A dificuldade em ouvir sons e entender a fala pode levar a problemas na educação, no trabalho, na independência e na participação social. Acesso a informações, serviços de saúde, entretenimento e cultura também pode ser limitado para as pessoas surdas, devido a barreiras de comunicação e falta de acessibilidade.

Com o apoio adequado, as pessoas surdas podem superar os desafios associados à perda auditiva. Tecnologias assistivas, como aparelhos auditivos e implantes cocleares, podem ajudar a melhorar a audição e facilitar a comunicação. A língua de sinais, utilizada por muitas comunidades surdas em todo o mundo, é uma forma rica e eficaz de comunicação. Além disso, a conscientização e a promoção da acessibilidade podem contribuir para a inclusão e a participação plena das pessoas surdas na sociedade.

A deficiência invisível: surdez

Como estou envolvida até o pescoço com o tema surdez, todo santo dia alguém com a Deficiência Invisível (Auditiva) me aborda – ao vivo ou online – e solta alguma pérola irritante. Juro que sou uma criatura compreensiva pois já estive na pele de quase todo mundo que sofre com a deficiência auditiva progressiva.

Mas acho que chega um momento na vida de todos nós em que temos que encarar os fatos como eles são e nos tornarmos adultos pra valer, e isso inclui lidar com determinados assuntos com mais conhecimento de causa.

Fiz uma listinha de pérolas básicas que, se por acaso você continua dizendo, precisa parar e rever a sua postura. Dica de amiga, hein! 😉

“Não sou surda, tenho um probleminha de audição”

Aaaaaargh! Isso geralmente vem acompanhado de uma audiometria que mostra DA severa ou profunda – o mais comum é ouvir isso de quem tem perda em rampa nos agudos.

Como assim, amiga(o)?

Nesses momentos me passa um filme na cabeça dos anos perdidos negando o óbvio, do jeito ‘politicamente correto’ que eu usava para falar do assunto com a esperança de que doesse menos… De boas?

O único jeito de doer menos é se aceitar. Se você é um surdo ainda no armário conversando com um surdo que já saiu do armário, não fale essas barbaridades.

“Dá pra esconder esse negócio debaixo do cabelo?”

A pessoa pede para ver meu implante coclear, tocar nele, aquela coisa toda. Eu tiro e fico no silêncio por uns minutos para proporcionar esse encontro com aquilo que poderá mudar a vida dela.

Só que, em vez de pensar no quão incrível é o fato de que um objeto de plástico seja capaz de fazer com que um surdo profundo ouça, a pessoa está na verdade é preocupada em esconder o IC!

Isso me causa um desgosto tão, mas TÃO grande…

E me lembra aquela piadinha que um cara vai para os finalmentes com uma mulher lindíssima e ela vai falando: “Vou tirar minha peruca, vou tirar meus dentes postiços, vou tirar meu sutiã com enchimento, vou tirar a maquiagem…“.

E o pobre homem fica chocado com a falta de sinceridade da moça. Querer esconder um IC ou AASI me parece tão ou mais patético do que isso.

“Não comento com ninguém sobre a minha surdez”

Você pode não comentar mas as pessoas percebem. Aliás, pode saber, TODAS as pessoas percebem.

Todo surdo passa por uma fase na vida em que acha que é mestre em esconder a surdez do resto do planeta. Isso me faz lembrar de um amigo que uma vez me chamou para jantar para contar uma grande novidade.

Chegando lá, ele disse que tinha saído do armário e se assumido gay. E a minha resposta foi: “Tá, mas qual é a grande novidade, tô morta de curiosidade!” Ele: “A novidade é que sou gay!” Eu: “Mas isso eu já sabia desde a oitava série!”

Moral da história: você pode tornar a surdez um assunto proibido que ainda assim as pessoas perceberão que você não ouve ou ouve mal. Pare com isso!

“Imagina que eu vou usar aparelho!”

Isso é algo que me deixa confusa. Se você é surdo, em 90% dos casos o que vai lhe ajudar é o uso diário e constante de aparelhos auditivos.

Essa atitude negativa como se os AASI fossem algo péssimo está mais para birra de criança teimosa. Vocês conseguem imaginar alguém que acaba de saber que é diabético abrir o berro dizendo que nem ferrando usará insulina?

Negação não vai trazer a audição de ninguém de volta, nem tente.

“Tenho indicação para o IC, mas é muito perigoso”

Putz, essa me dói, juro. E o perigo de continuar surdo por acaso é menor do que o perigo de passar por uma cirurgia?

Entendo o medinho que todo mundo sente de se operar – e me incluo nessa – mas confesso que não entendo quando um surdo profundo que não tem NADA a perder fala assim.

O que um ser humano vai ter para perder ao chegar na surdez profunda, em termos de audição? E o que ele tem para ganhar ao fazer um implante coclear? Ah, pois é! 🙂

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OS ERROS QUE EU JÁ COMETI ao comprar aparelho auditivo

Eu já passei pela saga da compra de aparelhos auditivos várias vezes. Já fui convencida a me endividar para comprar um aparelho auditivo “discreto e invisível” que sequer atendia a minha surdez. Já fui enganada ao levar um aparelho auditivo para o conserto na loja onde o comprei: a fonoaudióloga disse que ele não servia mais para mim sem sequer verificá-lo ou fazer uma nova audiometria. Já quase caí no conto do vigário de gastar uma fortuna num aparelho auditivo para surdez profunda “top de linha”, cujos recursos eu jamais poderia aproveitar devido à gravidade da minha surdez. Já fui pressionada a comprar um aparelho auditivo porque supostamente a “promoção imperdível” duraria apenas até o dia seguinte. E também quase cometi a burrada de comprar um aparelho de surdez que já estava quase saindo de linha por causa de um desconto estratosférico.

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

16 Comments

  • Juliana Lima
    09/03/2022 at 19:25

    Paula, cheguei no seu blog pois estou estudando Libras, mas minha dúvida é bem pessoal. Meu marido perdeu a audição por que teve meningite, somente do lado direito. Durante a vida passou por alguns especialistas porém nunca mencionaram o implante coclear. Gostaria de saber se é possível uma pessoa de 50 anos fazer uso do implante e que profissional devo procurar. Muito obrigada e parabéns pelo site.

    Reply
  • Raquel Lopes do Nascimento Ferreira.
    24/06/2020 at 02:11

    Amando sei blog.
    Nossa como está me ajudando!

    Reply
  • Renata Amorim
    11/11/2016 at 06:06

    Amei . Tenho filho com deficiência auditiva progressiva, e noto que quando digo qye ele é surdo nossa as pessoas da um pulo, dai quando me veem se comunicar com ele aaa aio povo fica de boca aberta.
    A deficiência está na negligência de aceitar o diferente. Em pleno seculo xx o povo ta tapado.

    Reply
  • Keila Almeida
    06/07/2016 at 18:48

    Gente eu nem notava essa questão mas digo umas pérolas assim. As vezes ‘não sou surda sou D.A’. Mas é por que sem aparelho ouço ruídos mais ouço e me sinto roubando uma identidade que não tenho ainda que é a de quem não ouve nada nem ruídos. Algumas pessoas com perda total ou que nunca ouviram não gostam que uma pessoa que ouve ‘ruídos’ por exemplo se identifique como surda, principalmente se fala o que é o meu caso. Estou perdida depois de ler essa postagem por que achei que tava correto mesmo nem é por mal que falo! Obrigada pelos esclarecimentos Paula.

    Reply
    • Danielle Kraus
      07/07/2016 at 08:18

      Olá Keila, também me sinto assim! Embora minha perda seja moderada, mesmo dentro de um cinema não entendo absolutamente nada se não tiver legendas. Até hoje ainda tenho as mesmas dúvidas que você comentou, pois falo, não uso aparelhos, e me viro na leitura labial. Mas convenhamos, a cara das pessoas quando dizemos “sou surda” é impagável, né? (risos)…Mas se dizemos “deficiente auditiva”, acham normal… Creio que não há com que se preocupar em questão de nomenclatura, surdo, D.A., o importante é se aceitar 🙂 Beijos

      Reply
  • renata
    05/07/2016 at 10:49

    Entao..é dificil mesmo…e o medo da audiometria? ta me paralisando…
    mas..vamos que vamos…vc ja me ajudou mais que anos de terapia…bjs no coração.

    Reply
  • Viviane Ramos Ferrarezi
    05/07/2016 at 01:21

    Adorei! Eu nunca me importei em mostrar e falar para as pessoas sobre meu problema auditivo. Mas é engraçado como algumas pessoas (sem o problema) tem receio em tocar nesse assunto.
    Parece que vão falar sobre algum tabu, cheias de medos…
    Eu tiro o aparelho, mostro e explico para que elas abram suas mentes.

    Reply
  • Alcione Nogueira
    04/07/2016 at 19:21

    Boa Noite Paula, Eu tenho 39 anos tenho perda auditiva bilateral de grau moderado á profundo, e minha médica está recomendando o transplante coclear, tenho uma boa oralização por isso nunca pensei no implante.Com a sua experiencia você achou melhoras significativas. Obrigado.

    Reply
  • Aline Mazzocchi
    04/07/2016 at 18:24

    Parabéns, Paula. Adorei te conhecer e principalmente, conhecer mais do teu trabalho! beijo grande

    Reply
  • Jamila Lopes
    04/07/2016 at 15:17

    Adorei! Eu tenho perda moderada unilateral e zumbido (muito zumbido!), amanha começo os exames para usar AASI. Nao me importo de mostrar meu aparelho, quero é poder conversar e entender o q meus professores falam rs. Parabens pelo blog, me ajudou mt desde o inicio. Bjos.

    Reply
  • Danielle Kraus
    04/07/2016 at 13:29

    Tudo verdade, Paula!

    Ouço muito as pessoas me dizendo -“Ah você tem aquele…(aponta pro ouvido) aquele…érr…probleminha de audição, né? ”
    Dá vontade de gritar -“Probleminha não, problemão, isso sim!” hahaha

    Se tem algo que a gente ganha junto com a surdez, é paciência, não é? (Embora a minha na fila preferencial já tenha se esgotado)

    Beijos, Paula, parabéns pelo blog maravilhoso, que me ajuda a cada dia!

    Reply
    • Paula Pfeifer Moreira
      04/07/2016 at 18:44

      Adorei essa!
      Hoje ouvi um ‘tenho um sobrinho que perdeu as DUAS AUDIÇÕES que nem vc!’
      Tipo, oi?
      Rsrsrsrs

      bjos

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