Encomendei este post à Norma Fidalgo, fonoaudióloga maravilhosa do Rio de Janeiro que é muito conhecida e recomendada pela sua especialidade no exame BERA e no diagnóstico das perdas auditivas em bebês e crianças.
Foi a Norma Fidalgo quem fez o BERA no meu bebê recém-nascido, poucos dias depois de sairmos da maternidade. E ela trabalha com o Dr. Luciano Moreira fechando os diagnósticos de perdas auditivas em bebês e crianças na Clínica Sonora, o Rio de Janeiro.
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O que é BERA?
BERA é a abreviação em inglês do PEATE. Ambos são a mesma coisa!
Bebês, crianças e a perda auditiva
“Ao longo de minha vida profissional como fonoaudióloga e audiologista muitas vezes me deparei com a difícil tarefa de fechar o DIAGNÓSTICO DAS PERDAS AUDITIVAS em neonatos e crianças.
A dificuldade dos Testes Subjetivos como audiometria comportamental em crianças de pouca idade ou as que por diversas razões não conseguem cumprir as etapas do exame com clareza e confiança, deixam muitas delas sem o diagnóstico preciso e pais extremamente aflitos.
Será que meu filho ouve bem? Ele não está falando por que não escuta? Está sempre desatento e é preciso chamar várias vezes para atender! – são muitos os questionamentos, e acaba-se por levar muito tempo para uma conclusão que é extremamente importante para o desenvolvimento de seu filho.
A importância da audição para o desenvolvimento geral da criança já é muito divulgada, mas é o desenvolvimento da fala e da linguagem que mais preocupa. Sabemos que audição sem alteração no primeiro ano de vida é fundamental, uma perda leve pode acarretar grandes problemas no futuro.
Triagem Auditiva Neonatal
A Triagem Auditiva Neonatal nos possibilitou selecionar quais bebês precisarão ser encaminhados para o diagnóstico audiológico precoce. Vocês podem estar pensando, o “Teste da Orelhinha já é diagnóstico!“. Mas não é.
O Teste da Orelhinha É um exame para selecionar quais são os bebês que deverão ser encaminhados para a avaliação diagnóstica da audição. No Brasil o teste para triagem auditiva mais utilizado é a pesquisa das Emissões Otoacústicas (EOA) devido ao seu baixo custo, simples execução e bom desempenho, mas para algumas crianças ele não deve ser a primeira escolha.
Na presença de indicadores de risco para perda auditiva, o Potencial Auditivo de Tronco Encefálico Automático – PEATE (A) deve ser a primeira opção de avaliação, devido à possibilidade de perdas auditivas que passam nas triagens com uso das EOA. Então elas não são confiáveis? São muito confiáveis, mas para crianças com baixo risco para perda auditiva.
As recomendações internacionais e nacionais (Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal – 2012) orientam que os bebês de baixo risco que falharam no Teste das EOA deverão fazer o reteste em até 30 dias e caso ocorra nova falha deverá ser realizado o PEATE (A). Continuando a falha será encaminhada para diagnóstico.
Apesar do consenso internacional, ainda encontramos muitas crianças que, por falhar no Teste da Orelhinha, continuam a serem testadas através das EOA por todo o primeiro ano de vida ou as crianças de alto risco que só foram testadas com as EOA e não desenvolvem fala e linguagem dentro do esperado – aí surge a dúvida de alguma alteração de audição. Não esquecendo que a perda de audição pode surgir em qualquer idade. A criança de alto risco para perda auditiva deve ser acompanhada por mais tempo.
A avaliação audiológica
A avaliação audiológica não é a realização de um único exame.
Ela compreende uma bateria de testes que quando cruzamos seus resultados chegamos a uma conclusão. Para os neonatos e lactentes a EOA, Timpanometria Específica, Avaliação Comportamental, PEATE Automático, PEATE Clicks, PEATE Frequência Específica, PEATE Via Óssea e Potencial Auditivo de Estado Estável são alguns utilizados. Nem sempre são necessários todos, mas com um exame isolado não fechamos o diagnóstico.
O encaminhamento para o diagnóstico é importante para a eliminação ou não da possibilidade de perda auditiva; o diagnóstico e a intervenção precoces são o objetivo maior. Quanto mais cedo as decisões e providências forem tomadas melhor para a criança mesmo nos casos de perda auditiva temporária (condutivas), melhor.
O exame BERA em bebês e crianças
Passada a fase da Triagem Auditiva Neonatal, a necessidade da realização do PEATE (BERA) muitas vezes causa uma grande apreensão nos pais. A solicitação desse exame ocorre para auxiliar no diagnóstico das perdas auditivas uni ou bilaterais de qualquer tipo, grau e configuração, para detectar neuropatias auditivas e alterações retrococleares, dentre outros. Ele fará parte de uma bateria de testes, principalmente quando não for possível a conclusão através das avaliações subjetivas.
É necessário que a criança esteja dormindo para a realização do mesmo, movimentos musculares interferem nos traçados dificultando a sua realização. Com o avanço da tecnologia, equipamentos que conseguem diminuir essas interferências já estão no mercado, mas o ideal é que seja feito sob sono natural ou sedação. Quanto maior a criança maior a dificuldade para realização.
Para realizar o exame é necessário a colocação de eletrodos e fios na testa e lóbulos das orelhas, o que pode assustar a criança, mas é indolor e não invasivo. Após a colocação e avaliação dos eletrodos, os estímulos (sons) são emitidos e registramos os potenciais que deverão ser analisados.
É possível a realização no consultório sem sedação desde que algumas orientações sejam seguidas. Essas devem ser discutidas e acordadas com os pais.
A realização do PEATE em domicílio já é possível para as crianças que tem dificuldades de dormir durante o dia.
Quando o sono natural não é possível a sedação é recomendada, e orientada que seja realizada por profissional capacitado de preferência em ambiente hospitalar. Começados os procedimentos, o tempo médio de duração é uma hora.
O BERA é fundamental em inúmeros casos
A falta do diagnóstico pode levar a prejuízos incalculáveis e terapias equivocadas. Sua realização e a combinação dos resultados traz a segurança de um diagnóstico mais preciso. Mas a combinação dos resultados é que nos dá mais precisão.
Dúvidas sobre BERA em bebês e crianças
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15 Comments
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07/04/2019 at 7:01 pm[…] se uma família descobre que tem um bebê com surdez profunda. O médico lhe recomenda o uso da tecnologia atual que é o implante coclear. E essa família se […]
Graziella D'Agostin de Souza
11/03/2019 at 3:27 amMinha filha nasceu com líquido nos dois ouvidos. Todos os testes de orelhinha que ela fez sempre deram alterados. Ela já fez o exame BERA duas vezes, a primeira quando tinha 3 meses e o resultado foi bom que ela apenas tinha líquido. O segundo foi muito ruim…. mostrou perda auditiva, daí descobrimos que ela estava com ouvido infeccionado e por isso tomou antibiótico. Com 1 ano e 2 meses ela colocou dreno por causa do líquido (isso depois de tomar muitos antibióticos). Semana passada ela repetiu os exames de imitanciometria e audiometria que diagnosticou perda auditiva e que ela ainda tem líquido nos dois ouvidos (os drenos já cairam e ela não estava gripada qdo fez os ouvidos). Então me pergunto de onde vem o líquido? O médico otorrino que a acompanha disse para ela repetir os exames daqui a 30 dias… e talvez fazer um novo BERA. Agora que ela está com 1 ano e 8 meses consigo perceber claramente que ela não ouve sons baixos e eu sinto que não estou ajudando. Não sei mais a quem recorrer, por isso gostaria de uma indicação de otorrino pediatra pra eu levar os exames dela e esclarecer minhas dúvidas. Tbm nao sei se ela nao deveria começar a frequentar aulas com uma fonoaudióloga, pq a minha bebe eh quietinha… não fala, não percebe qdo alguém chega em casa, essas coisas. Se puderes me indicar, agradeço a atenção.
Pryscilla Cricio
20/08/2020 at 2:30 pmOlá Graziella,
Tudo bem?
Venha para o nosso grupo fechado no Facebook com mais de 15.300 pessoas com deficiência auditiva que usam aparelhos ou implantes. Para se tornar membro, é OBRIGATÓRIO responder às 3 perguntas de entrada.
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Estamos te esperando!
Abraços,
Equipe Surdos Que Ouvem
Eliane
15/06/2018 at 3:50 pmMinha filha passou no teste da orelhinha de recém nascida aos 14 dias,nenhum problema de audição considerável na família..Acompanhada sempre por dois pediatras..
Com 1 ano e 5 meses tivemos o diagnóstico de surdez profunda bilateral..
É a primeira filha, foi a professora do berçário que nos procurou pra falar da suspeita que ela não ouvia bem, e confirmar também nossas suspeitas!
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18/04/2018 at 7:30 pm[…] A cada dia de melhora na UTI nos íamos ao céu. Até que um dia a fonoaudióloga veio fazer o Teste da Orelhinha e eu via que ela tentava repetir o exame muitas vezes, só que sem sucesso. Tentamos 4 vezes em […]
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07/12/2017 at 6:15 pm[…] os 6 meses de idade fomos acompanhados por um otorrino do Mato Grosso do Sul. Após um BERA, uma tomografia e uma ressonância, foi diagnosticado que o ouvido médio e o ouvido interno […]
Anna Stepansky
27/10/2017 at 12:49 pmSem palavras… estou numa peregrinação para conseguir um diagnóstico para minha filha… os exames auditivos já apontaram para um problema e para mim que sou mãe é tão óbvio a perda auditiva e, pior, noto que progressiva.
É um festival de especialistas….
O tempo está passando e não consigo ajudar minha pequena. Pelo visto essa dificuldade no diagnóstico é mais comum do que eu pensava.
Que maravilha encontrar seu blog!!! Gratidão!