O zumbido é um barulho constante, similar ao som de um apito, chiado, grilo ou panela de pressão. Conhecido na comunidade científica como tinnitus, o zumbido é um barulho percebido nos ouvidos ou no meio da cabeça que aparece quando as vias auditivas responsáveis por captar a vibração dos sons gerados em determinado ambiente e enviá-los, como impulsos elétricos, ao cérebro, passam a mandar os mesmos impulsos, sem que uma fonte sonora seja gerada.
Esta atividade anormal do sistema auditivo aflige 48 milhões de brasileiros (segundo um levantamento da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido – APIDIZ – em parceria com o Instituto Ganz Sanchez) e pode ser originada por diversos fatores, como diabetes, pressão alta, hipertireoidismo, colesterol e alteração de musculatura da cabeça, pescoço e ATM (articulação temporomandibular), o que torna o diagnóstico mais difícil e, em alguns casos, o tratamento multidisciplinar necessário. Em cerca de 80% dos casos, o tinnitus está relacionado às perdas auditivas, incluindo aquelas que ocorrem devido à exposição prolongada a ruídos intensos. O barulho excessivo é um fator determinante para o surgimento do problema. Hoje, tanto adultos jovens quanto adolescentes ficam expostos a sons muito altos sem perceber o dano que estão sofrendo.
É importante estar ciente de que não existe um único tratamento para todo mundo. Cada caso precisa ser avaliado individualmente, através de exames específicos, como a audiometria (teste da audição), o exame otoneurológico (exame da labirintite), o BERA, a acufenometria (exame específico do zumbido), a ressonância nuclear magnética, a tomografia computadorizada, entre outros. O papel do otorrinolaringologista é fundamental para diagnosticar o zumbido e orientar sobre o melhor tratamento para cada caso específico.
Além dos medicamentos, os aparelhos auditivos hoje em dia possuem recursos tecnológicos interessantes para que as pessoas que sofrem com o zumbido possam atenuar o problema. A Terapia de Habituação do Zumbido ou TRT (Tinnitus Retraining Therapy) se destaca por ser uma opção não medicamentosa. A técnica é dividida em duas etapas e consiste no uso de sons alternativos para competir com o zumbido. Na primeira fase, o paciente recebe orientação e tira dúvidas. Na segunda, passa por um “enriquecimento sonoro” através de geradores de som, como o Tinnitus Breaker, presente nos aparelhos Audibel, além do Beltone Calmer, um aplicativo disponível para as plataformas Android e iOS que oferece ao usuário sons relaxantes e suaves para ajudá-lo a amenizar o incômodo sofrido. Ao utilizá-lo, o paciente direciona a sua atenção para outro som, relaxando e conseguindo voltar a dormir bem, pois são muito comuns os casos de pessoas que levantam à noite para ir ao banheiro e não pegam mais no sono por escutarem intensamente o zumbido.
Vale ressaltar que o Tinnitus Breaker não “mascara” o distúrbio, só atua como um “competidor”. O segredo é utilizá-lo sem causar desconforto e sem trocar apenas um barulho pelo outro. O gerador de som pode ser utilizado com a amplificação do aparelho auditivo ou não, conforme a necessidade do paciente. Com os exames, é possível descobrir se é preciso o TRT ou não. Nos casos em que há zumbido associado à perda de audição, só o aparelho auditivo e o trabalho de redirecionamento da atenção já oferecem uma melhora significativa.
Quem tem perda auditiva e sofre com um forte zumbido (superior à sua audição) precisa adotar o método TRT e o aparelho auditivo. Já as pessoas com audição normal dispensam o uso da amplificação sonora e são tratadas apenas com o TRT e o Tinnitus Breaker. O Beltone Calmer pode ser usado em todos os casos.
Os resultados do tratamento dependem muito de como o organismo de cada um vai reagir. Geralmente, ele dura de um ano e meio a dois, mas existem relatos de melhora já no primeiro mês. Para algumas pessoas, o tratamento vai garantir uma cura total e, para outras, vai permitir o controle do zumbido e uma melhora considerável da qualidade de vida. É sempre possível fazer algo em relação ao problema, mas jamais dizer ao paciente que não tem cura ou que ele tem que se acostumar com isso.
16 Comments
Antonio Aragon
27/09/2020 at 3:08 pmPergunta,
O ruído pode ser por deficiência de alguma substância, que possamos fazer a reposição através de remédios?
Orlando j c Miranda
10/09/2018 at 2:59 pmPaula, o artigo que vc postou fala que melhora ou cura! Você não conhece ninguém que curou ou melhorou. Vc acha que terapia funciona ou não
Pryscilla Cricio
26/08/2020 at 4:03 pmOlá Orlando,
Tudo bem?
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SILMARA WAGATUMA
29/03/2018 at 11:40 amOi Paula tenho zumbido a 4 anos e agora para ajudar outros barulhos, e para piorar meu ouvido fecha tranca, tipo quando desce a serra sabe ?Quando acontece isso fico quase louca , mas graças a Deus isso não é sempre .Tenho muito medo de um dia acontecer e não voltar o que fazer ?já fui em muitos otorrinolaringologista e nenhum soube me responder nada de bom somente que vou ter que aprender a conviver com isso e pode piorar , se puder me dar uma resposta de ânimo agradeço
Joana
12/09/2017 at 7:36 amOlá
Eu tenho tinnitus e uma perda de audição moderada queria saber se o aparelho auditivo me ajuda em relação ao tinnitus.
Flávio
14/07/2017 at 8:54 pmSempre ouvi musica alta. Fones, som em casa, ensaios na banda, shows, etc. Tenho tinnitus leve. Na verdade, eu aceito na boa, pois a culpa foi minha e, como curto muito musica, não fico triste por isso, eu curti mesmo. Hoje pego leve e o ignoro. Vivo bem.
Parabéns pela matéria.
CEZAR AUGUSTO DE MIRANDA
26/04/2017 at 3:34 pmSOU MEDICO E TENHO ZUMBIDO TERRIVEL
Eder Ramburgo
26/12/2016 at 8:47 amBom dia Paula!
Quando jovem trabalhava numa metalúrgica, nesta época não havia prevenção e muito menos fiscalização quanto ao uso de EPIs.
Sofri com este zumbido e o pior, como você mesmo escreveu, estava tendo uma perca muito grande em minha audição e não sabia.
Tive um prejuízo muito grande e inestimável, não conseguia concentração e muito menos acompanhar as aulas, atenção desdobrada para conseguir terminar o ensino médio.
Hoje tenho uma perca auditiva muito grande, faço uso dos aparelhos.
Anne
17/12/2016 at 10:26 pmNossa! O design dos aparelhos a audibiel são muito sem graça, são pretos e sem variáveis coloridas.
Justo você Paula que era tão amante da personalização dos aparelhos.
Paula Pfeifer Moreira
19/12/2016 at 8:14 amAnne,
Todas as marcas vendem AASI’s beges e pretos, a personalização fica por nossa conta com earplugs, moldes coloridos, adesivos, pedrinhas, etc…
Beijos!
sidney oliveira
14/02/2018 at 3:57 pmOlá Paula,eu não tenho perdas auditivas, tenho zumbido a 2 meses,vc conhece alguém que melhorou ou até ficou curada com esses aparelho TRT?
Paula Pfeifer Moreira
17/02/2018 at 4:23 pmNão!
Angelo Augusto
11/05/2018 at 11:58 amOi Dra Paula. Então, no caso você nunca conheceu alguém que fez a terapia e teve alguma melhora? Então talvez a TRT não funcione tão bem assim? Fiquei com essas dúvidas. Estou sofrendo com o zumbido há dois meses, e estou pensando em tentar a TRT.
Breno Costa
17/12/2016 at 9:04 amBom dia. Tenho esse sunido. Pra dormi ou quando estou quieto escuto musica. Bela e esclarecedora reportagem. Valeu!
Yolanda Leite
16/12/2016 at 5:25 pmQuerida Paula, boa tarde!
Uso aparelho há muitos anos, tenho muita dificuldade para entender do
Falam comigo; procurei saber sobre o implante coclear e fui informada que esse procedimento é só para quem têm perda total da audição.
Gostaria que saber se procede , pois vç diz que tem def. Progressiva e possui o implante, se possível gostaria saber qual o custo.
Atenciosamente
Yolanda
Paula Pfeifer Moreira
19/12/2016 at 8:13 amYolanda, o IC é para perdas severo-profundas que não têm benefício com aparelhos auditivos.
Se tiveres mais duvidas me escreva.
beijos