Se você é uma pessoa com deficiência e está com viagem marcada para Paris, tenho ótimas dicas para compartilhar. Acabo de voltar de férias da Cidade Luz e fiquei de olho em tudo o que poderia facilitar a vida dos surdos que ouvem por lá.
HOTEL ACESSÍVEL EM PARIS
Não conheço nenhum hotel parisiense que tenha acessibilidade para pessoas surdas (se você conhece deixe a dica nos comentários). A melhor pedida é procurar um AirBnb e antecipar possíveis perrengues com o locador. Por exemplo: o apartamento que alugamos só tinha uma chave para entrar. Isso significa que eu precisava estar sempre com meus implantes nos ouvidos para ouvir se alguém tocasse no interfone ou na porta – o que pode ser um saco se você quer tomar banho, fazer uma ligação de vídeo, ouvir música ou simplesmente tirar os ICs.
Especialmente se for viajar sozinho, descubra como chamar o SAMU em caso de necessidade e ative um bom plano de 4G no celular. Peguei o GigSky e não recomendo nem ao meu pior inimigo, porque meu 4G só funcionava no metrô. Bizarro. Um dia meu filho fez um corte profundo no queixo no apartamento com meu marido e eu estava na rua. Só consegui ajudar porque minha enteada estava junto e o 4G dela estava funcionando na hora.
LEVE O SEU RG DE PCD
Levei o cartão grandão que o Detran-RJ me forneceu quando fiz minha carteira de identidade – RG – de pessoa com deficiência no Rio de Janeiro há alguns anos. Foi a melhor decisão, porque meu RG só diz “pessoa com deficiência” bem pequenininho, sem nenhum símbolo internacional de surdez.
Eles pedem comprovação em todas as situações que você se apresenta como PCD para conseguir gratuidades ou descontos. Apenas apontar para os seus aparelhos auditivos não vai resolver, ok?
Outra dica é levar um laudo médico acompanhado da tradução juramentada na viagem. Franceses não entendem português e lá não existe jeitinho brasileiro.
FILA PRIORITÁRIA NA IMIGRAÇÃO
Na chegada em Paris, havia uma placa indicando fila prioritária para pessoas com deficiência na imigração – inclusive tinha até o símbolo internacional de surdez na placa. Achei muito bom, especialmente para quem viaja sozinho e está com medo de não entender as perguntas dos funcionários da imigração.
FILA PRIORITÁRIA PARA PCD EM PARIS
Aqui no Brasil há fila prioritária para tudo, mas na Europa não é assim que funciona. Em Paris não encontrei nenhum lugar que tivesse fila especial para pessoas com deficiência além de alguns museus que ficam super lotados.
METRO
Estrangeiros que são pessoas com deficiência PCD não têm nenhum tipo de desconto no transporte público de Paris. Para ter direito, você deve ter uma identificação francesa específica. Além disso, pessoas com deficiência não têm direito a sentar prioritariamente nos ônibus e no metrô. Isso funciona por ordem de prioridade em Paris e são 9 categorias de pessoas, PCDs não incluídas.
ARO MAGNÉTICO POR TODO LUGAR
Foi a primeira vez que vi aro magnético espalhado por inúmeros lugares em Paris. Encontrei em elevadores públicos e privados, interfones, metrô, museus e igrejas. Aro magnético é uma tecnologia de acessibilidade para pessoas que usam próteses auditivas muito antiga. Ela ajuda a entender a fala humana em ambientes com muito ruído de fundo. Seu aparelho auditivo ou implante coclear precisa ser compatível com aro magnético para que você possa usá-lo.
GRATUIDADES NOS MUSEUS de Paris para PCD: como funciona?
Cada museu ou monumento tem a sua própria política de desconto. Alguns dão gratuidade para a PCD e o seu acompanhante. Outros fazem uma redução na tarifa apenas para a pessoa com deficiência. Além disso, cada um decide como funcionará e se haverá fila prioritária.
No Museu do Louvre, PCD + acompanhante entram gratuitamente. Já testei e aprovei em 2012.
A dica é para você entrar no Instagram ou site das atrações que lhe interessam e pesquisar qual a política de gratuidade ou desconto concedida a pessoas com deficiência. Lembre-se que a maioria pede que você adquira o seu ingresso online em função das filas intermináveis.
HOTEL DE LA MARINE
Fui ao Hotel de la Marine, recém aberto e lindíssimo. Por lá, duas ótimas surpresas. PCD + acompanhante entram gratuitamente, e eles fornecem sem custo um ótimo fone de ouvido que faz as vezes de audioguia. Perguntei se haveria audioguia com aro magnético – na Maison Victor Hugo tem e já usei e aprovei em outra viagem – e me informaram que esse era assim, mas não consegui ativar o aro. O jeito foi colocar os fones por cima dos implantes. Deu tudo certo!
TORRE EIFFEL
Comprei ingresso com desconto como PCD para subir na Torre Eiffel. Paguei 6,60 euros online. Chegando lá, constatei que eles mal olham qual ingresso você comprou de tanta gente que se amontoa na torre. São dois detectores de metal pelos quais você irá passar até chegar na fila – se você é do tipo que acha que tem que tirar o implante coclear para passar pelo detector de metais, prepare-se para passar um perrengue épico. Em tempo: usuários de aparelho auditivo e implante coclear NÃO TÊM que tirá-los para passar em nenhum detector de metal em lugar nenhum, é só lenda urbana.
GALERIE DE L’EVOLUTION no Jardin des Plantes
Fui passear no Jardin des Plants e decidimos entrar na Grand Galerie de L’Evolution por ser um passeio fantástico para fazer com crianças. PCD + acompanhante não pagam nada para entrar. Engraçada foi a cara do funcionário me olhando para entender qual era a minha deficiência. Mostrei o cartão king size do Detran e apontei para os implantes. Pronto. É chato constatar que a desconfiança com as deficiências invisíveis está presente em qualquer lugar do mundo.
MAIS DÚVIDAS sobre turismo acessível em Paris?
A Maison Départementale des personnes Handicapées de Paris (MDPH) e o site site Handicap.Fr são os melhores lugares para tirar todas as suas dúvidas sobre quaisquer deficiências e suas respectivas opções de acessibilidade em Paris.
AEROPORTO DE GENEBRA
Não há fila nem atendimento prioritário para pessoas com deficiência no aeroporto de Genebra, na Suíça. Nesse aeroporto também não encontrei nenhuma placa impedindo a passagem de usuários de IC no detector de metais e percebi que o único lugar do planeta onde já vi isso foi….no Brasil, claro!
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