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Aparelhos Auditivos

Os 6 PIORES recursos dos Aparelhos Auditivos

Embora existam muitas tecnologias inovadoras no mercado de aparelhos auditivos, o que importa é que elas sejam verdadeiramente úteis para os usuários. Há muita firula e muito storytelling que não condiz com a realidade, e quem usa aparelho audição sabe muito bem disso. Algumas funções, propagandeadas como revolucionárias, simplesmente não cumprem o que prometem ou, pior ainda, mais incomodam do que ajudam.

Assisti um vídeo do Dr. Cliff, audiologista americano que explica muitas coisas de forma bem didática no Youtube, no qual ele listou “6 coisas que detestamos nos Aparelhos Auditivos e suas funcionalidades”.

Os 6 piores recursos dos Aparelhos Auditivos

Vou comentar cada uma das funções que o Dr. Cliff mais detesta segundo o vídeo dele e dar a minha opinião pessoal sobre cada uma delas.

1. Rebaixamento de Frequência

“O rebaixamento de frequência é uma tecnologia que tenta ajudar pessoas que não conseguem ouvir sons de alta frequência, deslocando esses sons para uma faixa de frequência mais baixa. Embora isso pareça uma ótima ideia, a prática mostra outra realidade. Muitos pacientes relatam que o som fica estranho, quase robótico, e que a experiência auditiva não é natural. Para a maioria das pessoas, essa tecnologia mais confunde do que ajuda.”

Minha opinião: quando eu era usuária de aparelhos auditivos, ouvia maravilhas sobre isso. Entretanto, quando experimentava a tal funcionalidade, não conseguia perceber NENHUMA mudança. É o tipo de coisa que funciona em perdas muito específicas e de grau leve e moderado.

2. Mascaramento de zumbido

“Mascaramento de zumbido é uma função que supostamente ajuda a mascarar o zumbido nos ouvidos. Porém, muitos pacientes que chegam ao nosso consultório acreditam que essa é a única forma de tratar o zumbido. Na verdade, ajustar corretamente os aparelhos auditivos às prescrições auditivas do paciente pode ser muito mais eficaz. O uso inadequado de máscaras de zumbido pode, na verdade, tornar a adaptação ao zumbido ainda mais difícil.”

Minha opinião: a indústria da audição fala sobre isso de um jeito que leva as pessoas a acreditarem que serão “curadas” ou seu zumbido vai “diminuir” ou “melhorar”. Vamos falar em BOM PORTUGUÊS: quando você usa aparelho de audição, o seu cérebro volta a receber acesso aos sons que naturalmente não consegue mais. Isso significa que a atenção do seu cérebro será deslocada para esses sons que estão entrando, e não para o som fantasma do zumbido. A pegadinha é que querem nos levar a acreditar que é a “tecnologia inovadora” que está “melhorando o nosso zumbido” enquanto todos sabemos muito bem que enquanto estamos usando os nossos aparelhos auditivos, estamos prestando atenção a outros sons. A prova cabal é que qualquer usuário de AASI, no fim do dia, quando tira seus aparelhos, continua ouvindo o zumbido do mesmo jeito, ou até pior.

3. Monitoramento de atividade física

“Alguns aparelhos auditivos agora vêm com recursos de monitoramento de atividade física, como contagem de passos e monitoramento de frequência cardíaca. Embora a ideia seja boa — afinal, queremos que os aparelhos sejam mais do que apenas auxiliares auditivos —, a execução deixa muito a desejar. Muitos desses dispositivos apresentam dados imprecisos, e a necessidade de estar sempre conectado a um smartphone tira a conveniência do recurso.”

Minha opinião: nunca usei isso quando usava aparelho auditivo, e ainda bem que o meu implante coclear não tem. Firula absolutamente desnecessária.

4. Conectividade Bluetooth instável

“A conectividade Bluetooth em aparelhos auditivos é outra área que precisa de grandes melhorias. Embora o Bluetooth ofereça muitas vantagens, como streaming de música e chamadas telefônicas, a estabilidade dessa conexão varia muito entre os diferentes fabricantes. Muitas vezes, o usuário enfrenta dificuldades para manter a conexão ou a qualidade do áudio é insatisfatória.”

Minha opinião: Quando usava AASI, eu não praticava esportes e nem fazia coisas que me exigissem um bluetooth estável. Ouvia música enquanto dirigia ou trabalhava, e era só isso. Posso opinar sobre a realidade do implante coclear, e, de fato, o bluetooth é muito instável. Eu só consigo caminhar na praia ouvindo música se colocar meu celular dentro do top de corrida. Se puser num braço, corta o sinal do outro ouvido, se colocar no bolso do shorts, corta dos dois. Temos muito caminho pela frente para aperfeiçoar o uso do blueooth nas situações da vida real.

5. Moldes personalizados que não se ajustam bem no ouvido

“Os moldes personalizados para aparelhos auditivos deveriam, em teoria, proporcionar um melhor ajuste e, portanto, uma melhor experiência auditiva. No entanto, alguns modelos não conseguem alcançar a profundidade adequada no canal auditivo, o que pode resultar em menor ganho de som e uma experiência geral insatisfatória. Além disso, muitos moldes de silicone tendem a descolorir e parecer sujos com o tempo.”

Minha opinião: não posso opinar porque nunca usei moldes assim.

6. Tecnologias confusas de sistema FM e Roger

“Por último, mas não menos importante, está a tecnologia Roger ou FM, que é utilizada para melhorar a compreensão em ambientes ruidosos. O problema é que o processo de emparelhamento e integração dessa tecnologia com os aparelhos auditivos pode ser extremamente confuso tanto para profissionais quanto para os usuários. A necessidade de diversos dispositivos e a complexidade do processo de ativação fazem com que muitos desistam antes mesmo de experimentar os benefícios.”

Minha opinião: Testei e usei o Roger durante umas semanas há alguns anos, e realmente é um sistema bem confuso e difícil para qualquer um. Não é intuitivo nem simples fazê-lo funcionar. Sistema FM, nunca experimentei. A melhor escolha é sempre não precisar de acessórios de conectividade, por vários motivos. Com o implante coclear, isso é possível – meus ICs conectam diretamente com o telefone, tablet, computador.

Se você tem alguma funcionalidade de aparelho auditivo que te incomoda ou que você acha desnecessária, conte conosco nos comentários! 🙂

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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