Você sente um zumbido constante no ouvido e está exausto de ler promessas milagrosas – e bem caras – na internet? Respira fundo. Vamos conversar de verdade, sem clichês de internet. Eu sei bem do que falo: tenho zumbido desde criança, convivo com o som fantasma há mais de quatro décadas, e aprendi — do jeito difícil — que não há pílula mágica. Mas isso não quer dizer que você não pode aprender a viver melhor mesmo com o zumbido. Vem comigo.
Lembre-se: informação é seu melhor escudo contra golpes e falsas promessas da internet, que está infestada de golpistas digitais cujo foco são as pessoas desesperadas e desinformadas que sofrem com zumbido.
Consulte o Guia Científico do Zumbido no Ouvido, do Dr. Luciano Moreira, médico otorrino. Se você precisa de um grupo de apoio para pessoas com zumbido no ouvido, venha para o Clube dos Surdos Que Ouvem.
Fica o convite para assistir essa série de aulas sobre zumbido preparadas com muito carinho. O objetivo é te ajudar com estratégias para lidar com o seu zumbido, estratégias essas que eu e centenas de membros do Clube dos Surdos Que Ouvem usamos há anos e que tem nos ajudado muito nessa jornada.
?Como aliviar zumbido no ouvido
“O zumbido no ouvido, também conhecido como tinnitus, é um sintoma, não uma doença em si”. Pode ser um som contínuo — chiado, apito, estalo — que o cérebro insiste em enfatizar. Existem dois tipos principais:
- Zumbido primário (subjetivo): sentido apenas por você, geralmente ligado à perda auditiva (super comum)
- Zumbido secundário (objetivo): raro, pode até ser detectado por orelhas alheias, geralmente por causa mecânica ou vascular
Causas mais comuns do zumbido — perda auditiva e outras
A causa mais recorrente é a perda auditiva neurosensorial. A perda auditiva neurosensorial ocorre devido a danos nas células ciliadas da cóclea ou no nervo auditivo. Essas células não se regeneram, portanto, esqueça a palavra ‘cura’. Isso pode levar o cérebro a interpretar esses danos como sons, resultando em zumbido. É como se o cérebro tentasse compensar a falta de estímulos sonoros normais, gerando a sensação de ruído.
Mas atenção: também podem causar zumbido fatores como hipertensão, problemas na mandíbula (ATM), estresse, uso de certos medicamentos e até disfunções cervicais. Por isso, diagnóstico é passo básico — nada de soluções caseiras no escuro ou dos auto-intitulados ‘gurus’ do zumbido.
O que NÃO funciona
Antes de falar sobre o que ajuda, vamos derrubar mitos que Pipoca Popcorn vende na internet:
- Suplementos milagrosos como Acufeno, Silentril, Audiozil, Zumbicall, Audium, Audionex, Silentril e outros são o mais puro suco de golpe digital direcionado a pessoas desesperadas por ‘curar’ o zumbido. Esses caras se aproveitam do seu desespero para vender suplementos inúteis a peso de ouro. Volta e meia a ANVISA e a Vigilância Sanitária fecham, após denúncias, as fabriquetas de fundo de quintal onde são manipulados. É muita coragem engolir algo que não passa por NENHUMA fiscalização, não serve pra nada e você não tem ideia do que tem dentro.
- Ginkgo Biloba, Lipoflavonoid e outras fitoterapias estão no rol de “inutilidades sem eficácia comprovada”
- Uso de laser ou protocolos mirabolantes que não têm comprovação científica robusta e não são reconhecidos de forma alguma como ‘tratamento’ por sociedades médicas respeitadas. O equipamento de ‘laser para zumbido’ mais usado por quem pratica essas terapias é esse aqui. Você mesmo pode entrar em contato com eles e perguntar se há qualquer indicação, no manual do equipamento, de que ele serve para zumbido – eu mesma já fiz isso e não, não há. No próprio site mostra as ‘indicações’. Aliás, fica a dica: uma vez que as células ciliadas não se regeneram (e a promessa do laser é regeneração, desinflamação e combate ao stress oxidativo das células) não há NENHUMA base fisiológica plausível para que um laser qualquer alivie o zumbido no ouvido causado por perda auditiva.
Então, se alguém anuncia alívio instantâneo, desconfie. Se é muito bom pra ser verdade, é cilada. Se os vendedores, terapeutas e profissionais de saúde falam de um jeito que parece chinês, escolhendo com muito cuidado as palavras usadas e usando as palavrinhas da moda “multifatorial”, “desinflamar”, “desintoxicar” e “regenerar”, bem, o alerta já foi dado!
O que realmente ajuda — abordagem realista e eficaz
1. Procure um otorrino especializado em surdez
É o profissional certo para diagnosticar a causa — e garantir que não exista algo sério por trás, como problemas vasculares ou tumores. Se você fizer parte dos raros 10% de casos de zumbido que não são causados por surdez, o otorrino, após anamnese detalhada, irá lhe indicar outro especialista para que você continue sua investigação.
2. Avaliação auditiva completa e uso de aparelhos auditivos
Se você tem perda auditiva, ouvir melhor ajuda muito a aliviar a percepção que você tem do zumbido. O cérebro inundado por sons tira o foco dele enquanto você usa seus aparelhos de audição. Implante coclear também pode ajudar nos casos mais severos de surdez.
3. Terapia de som e re-treinamento
Uso de ruído branco, sons ambientais ou aplicadores de som profissional (TRT) pode dessensibilizar o cérebro. Muitas pessoas relatam que isso as ajuda a tirar o foco do zumbido.
4. Técnicas de relaxamento
Meditação, yoga, respiração profunda — atividades que reduzem tensão ajudam muito. Psicólogos e terapeutas cognitivo-comportamentais também podem colaborar.
5. Cuidados com a saúde geral
Controlar pressão arterial, diabetes, cuidar do sono e evitar exposição a ruídos altos (incluindo fones no volume máximo), além de avaliar medicações ototóxicas (como alguns antibióticos, AAS e quimioterápicos), etc.
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