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Otosclerose

Depoimento de OTOSCLEROSE: Paulo Gustavo Siqueira

Meu nome é Paulo Gustavo Pinheiro Antunes de Siqueira, tenho atualmente 48 anos e moro no Rio de Janeiro. Eu tenho Otosclerose em ambos os ouvidos. Como é sabido, ela é progressiva.

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Depoimento de OTOSCLEROSE

Na minha infância eu já tinha alguns sinais. Conseguia me dar bem nas provas escritas do curso de inglês, mas quando ia pra prova oral onde se colocava aquelas fitas cassetes, som horrível, eu me dava mal nas provas. Mas no geral eu vivi bem, pois ouvia razoavelmente bem. Segundo mãe, tive Autismo, mas ela lutou muito e hoje tenho vida normal. Não sei se a surdez e o autismo estão ligado, mas ei que é genético e hereditário, pois os médicos todos falam isso.

Mas a consciência de que tenho surdez se deu em 2000 de uma forma até engraçada. Mãe estava sempre dizendo que eu não ouvia direito e tal, e como todo surdo antes de se reconhecer como tal eu negava. Estávamos eu, minha mãe, e uma amiga filha de amiga de mãe em Santiago de Compostela, Espanha, e mãe falou para ela que eu não estava ouvindo nada e quis mostrar pra ela isso. Como fez? Falou para essa amiga vamos ficar atrás dele e dizer que vamos atravessar a rua, e atravessar. Eu não ouvi, continuei andando na mesma calçada da rua. Pronto, essa amiga se convenceu rápido da minha surdez. Então depois veio falar comigo e me convenceu de ao menos ir no otorrino que já atende a família mil vezes, e já tinha me visto muitas vezes mas não por causa da surdez.

Fui ao Otorrino e quando foi feito o primeiro exame audiométrico e voltei nele não deu outra, diagnóstico de Otosclerose. Então o médico me recomendou fazer a estapedectomia, e lá fui eu em janeiro de 2001 operar o ouvido esquerdo, o pior na época (tinha perda de 65 Db de média). Minha operação foi um sucesso, o pós foi horrível, quase que meu médico resolveu me reoperar pra tirar a prótese pois eu não melhorava no tempo normal, muita vertigem e afins. Mas graças a Deus deu certo, e estou até hoje com ela. O ouvido direito foi tentado fazer em 2005, mas não deu certo. Sigo atualmente usando AASI nos dois ouvidos.

O Crônicas da Surdez entrou há muito tempo na minha vida, nossa, nem lembro o ano, mas minha lembrança que tenho é que teve um encontro no auditório do prédio onde o Dr. Luciano Moreira tem consultório e foi lá que conheci pessoalmente a Paula, e também acabei conhecendo minha antiga fono

Acerca dos desafios atuais, eu tenho de falar mais baixo, pois eu não tenho noção nem com AASI. Tenho dificuldade em locais barulhentos, mas consigo me virar com meus AASI.

Sou servidor público do TJRJ. Enquanto estiver ouvindo e com saúde corporal e mental, quero sempre que o bolso e o tempo me permitam viajar, pois não vejo algo melhor que isso. No dia a dia, gosto de ajudar as pessoas – como no grupo já perceberam – gosto de futebol, torço pelo meu Fluminense, mas nada doentio, gosto de uma boa praia, da natureza, etc.

Já fui de noitada, hoje em dia eu prefiro muito mais o dia, mas quando saio de noite gosto do barzinho, de um show de música, algo assim. Essas coisas de boate, de ficar até o dia raiar, já não me atraem mais como antigamente. Deve ser sinal de envelhecimento, né? Rsrs.

Um abraço

Paulo Gustavo”

 

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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