Post escrito pela fonoaudióloga Mirella Horiuti
Quando penso nos maiores desafios de uma adaptação de aparelho auditivo, duas situações me chamam a atenção:
- Pacientes com um grau de perda auditiva leve a moderada com grande dificuldade de entendimento de fala (Índice de Reconhecimento de Fala pior que 64%)
- Pacientes com grau de perda profundo e com grande dificuldade de comunicação
E por qual motivo? Já explico…
Nos dois casos acima, que são muito frequentes no meu dia-a-dia, o mais trabalhoso, porém nada impossível, é adequar a expectativa. Acredito que o primeiro passo para o sucesso da adaptação é o paciente ter entendimento correto do que pode esperar do aparelho auditivo. Ou seja, das limitações deste aparelho auditivo. Entendo que muitas vezes o custo da prótese auditiva não é baixo, mas sempre deixo muito claro para meu paciente o que conseguiremos alcançar agora, em 3 meses e depois em 6 meses.
Falando da primeira situação, esse paciente provavelmente continuará com a queixa de dificuldade de entendimento num grupo com 3 ou mais pessoas, mesmo utilizando um aparelho auditivo com tecnologia premium. Isso significa que com aparelho será melhor do que sem mas, não teremos a almejada perfeição.
Na segunda situação, o mais comum é me perguntarem se entenderão tudo que se fala e como será o telefone.
De maneira geral, considero “sucesso” se estes pacientes conseguem:
- Entender quando alguém fala de frente. Usando a pista visual. Não é pecado fazer leitura labial. É um apoio importante que vai ajudar quando o estimulo acústico recebido não está favorável.
- Perceber que alguém está falando atrás de você.
- Falar ao telefone com alguém cuja voz é conhecida e que fale de maneira pausada
É claro que cada caso é um caso e que a performance de cada paciente depende de inúmeros fatores ( como configuração do audiograma, tempo de perda auditiva, idade, etc) então minha dica é a seguinte:
Faça uma lista das 6 situações que você julga mais importantes no seu cotidiano
Apresente-as ao seu fonoaudiólogo e peça para ele lhe explicar (baseado no seus exames auditivos e na tecnologia e modelo de aparelho auditivo escolhido) como provavelmente será a sua performance nessas situações. Aí sim temos o preto no branco. Com essas respostas em mãos você poderá sair em teste domiciliar com tranquilidade e poderá avaliar na prática se esse aparelho está trazendo o custo-benefício que desejado.
E lembre-se, não há receita mágica. Mas uma conversa franca com seu fonoaudiólogo é um bom começo! 🙂
2 Comments
Valorize o seu fonoaudiólogo- Crônicas da Surdez
30/07/2018 at 14:48[…] assim? Vamos lá! A maioria absoluta dos pacientes adquire seus aparelhos auditivos em lojas que vendem apenas uma marca. Elas oferecem promoções interessantes e o preço final […]
Fanny Esteves Ruffo
03/06/2018 at 22:46Estou tentando adaptar ,tenho Implante Coclear