“Meu nome é Valério e sou marido da Esther. Eu e a Esther estamos juntos há 22 anos, quase 21 de casados. Quando nos conhecemos, ela não tinha deficiência auditiva. Mas trabalhava com surdos, cursava Educação Especial. Com o passar dos anos, ela passou a ter dificuldade para falar ao telefone, o som e a televisão sempre num volume cada vez mais alto. Sinal de alerta! Procurou profissionais especializados e veio o diagnóstico da perda auditiva progressiva e “vai ter que fazer uso de aparelhos”.
Começou num ouvido, depois, no outro. Daí em diante, fomos aprendendo a lidar com a deficiência. Como ela já sabia Libras, fiz um curso também e, alguma coisa, aprendi. Nossa família se comunica oralmente, na maior parte do tempo.
Quando tenho algo importante para falar, tenho que chamar a atenção dela com um toque no ombro, na mão, no rosto, senão, pode passar despercebido. Já orientamos nossos filhos quanto a isso. Quando ela está sem aparelhos, daí mesmo que não tem jeito! Não escuta praticamente nada! Evitamos lugares com muito tumulto e várias pessoas falando ao mesmo tempo, porque fica cansada. Se temos que ir, ela faz leitura labial e usamos sinais para a comunicação. A gente se entende bem e se diverte.
Como tudo aconteceu aos poucos, não há grandes problemas. Exceto a música no último volume…ela adora cantar e dançar! 🙂
Eu faço muitas brincadeiras com ela, falando baixinho, só pra ela me olhar desconfiada. Faço muitas piadas assim com nossos filhos. Pode parecer sem graça ou de mau gosto, mas a Esther sempre ri disso. Ela diz que os ouvintes falam demais, que não entender ou poder desligar o aparelho é uma vantagem.
Tem situações que a deixam intimidada, como ir ao banco, porque pela acústica, fica difícil escutar. Ou lugares que tenham vidro na frente do atendente. Procuro acompanhá-la nessas situações sempre que posso. Pela surdez, ela deixou de assistir televisão. São raríssimas vezes que assistimos TV juntos. Ela joga vôlei e é treinadora, o ginásio também é complicado, mas sempre se sai bem. Faz treinamento auditivo cantando, é bem interessante. Quando tem ajuste dos aparelhos auditivos, ela gosta que eu vá junto para regular conforme a minha voz.
A Esther vem tirando de letra a deficiência auditiva.
Valério Teixeira de Souza”
1 Comment
Sandra Regina Linhares
24/01/2018 at 20:44Amei a história da Valério e da Estér, é muito parecida com a minha. Perdi a audição devagar e depois dos 32 anos, já era casada e meu marido sempre me apoiou e me incentivou. Hoje sou viúva a dois anos e meu marido me faz muita falta.
Parabéns ao casal pelo companheirismo, amar é assim…
Bjos