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Meu nome é Valdirene Silva. Sou de Fortaleza – CE. Não sei bem desde quando tenho perda auditiva, pois lembro que vivia com dores de ouvido ainda criança, mas acho que “ouvia bem”. Aos 13 anos fui diagnosticada com otosclerose. Inicialmente se desenvolveu no ouvido esquerdo, no qual eu já tinha perda moderada. No direito a perda era leve. Cheguei a fazer estapedectomia no OE, mas não teve muito retorno.

Lembro que no fim de 2015 vi uma reportagem sobre a Paula. Foi ali que soube do implante coclear! Mal sabia eu que seria ela quem iria me dar um norte nas pesquisas e aceitação da perda súbita de audição. A perda no ouvido direito vinha se acentuando nos últimos 3 anos. Após uma estapedectomia sem retorno devido a uma má formação no estribo (que não foi identificada nos exames) partimos para o implante coclear. Foi uma mudança radical de vida. Em 22/06/16 fiz o implante coclear no ouvido direito. Ativei dia 19/07/2016. Optei pela Advanced Bionics. Acredito que foi a melhor escolha que fiz, amo o T-Mic, que é o microfone que fica na entrada do conduto auditivo e que só a AB tem (meu parceiro nas videoaulas diárias), mas confesso que fiquei me perguntando se aquele “tudo junto e misturado” realmente ia me fazer entender alguma coisa algum dia…

15 dias depois eu estava numa ligação telefônica breve com minha mãe! 🙂

Em setembro voltei a estudar sem apoio de Roger (na cara e na coragem, numa sala de aula com aproximadamente 150 pessoas), assisto TV, já arrisquei até filme dublado! No telefone a pessoa tem que falar devagar e repetir algumas coisas. Cada um de nós tem seu tempo. O fato de ter ficado pouco tempo privada dos sons, junto com um treino diário de umas 3 a 4h no YouTube, me renderam adaptação e entendimento rápidos.

Implante Coclear foi um divisor de águas, pois não me via como deficiente. Sabia que ouvia mal sem o aparelho. Só isso – e às vezes muito mal com ele também, rsrsrs.  Hoje, tenho orgulho do meu implante! Faço cara feia quando dizem que “esse negócio é grande“, quando me perguntam se “vou usar isso para sempre“, “porque não faço Libras“. Quando me olham como “coitadinha” pois deixei de ouvir, quando não acreditam que sou surda ou quando fazem cara de horror quando trato isso com tanta naturalidade..

Meu receio maior disso tudo? Era não poder trabalhar normalmente e não poder dançar, pois amo dança. Voltar ao studio e dançar em pé de igualdade (mesmo sem reconhecer todos os instrumentos, mas conseguindo diferenciar o som de todos eles) para mim foi inexplicável. Espero não bancar a ‘louca’ na apresentação prevista para junho e não chorar feito uma desesperada após a apresentação. Sei que vai ser emocionante!

Ser surdo não é o fim do mundo. Exige sim algumas adaptações – e qual ser humano não precisa?)Mas garanto que tudo é questão de ponto de vista. Posso bancar a “coitadinha”, ou posso colocar meu implante e sair “ouvindo e divando” por aí! Eu sinceramente, prefiro a segunda opção!

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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