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Sou Tatiane Rangel, a mãe da Laura, moro em Valença- BA. Tudo começou quando eu ainda estava grávida, no segundo trimestre da gestação descobri que havia adquirido infecção por citomegalovírus e o médico logo me alertou sobre a possibilidade da Laura nascer com deficiência mental, visual ou auditiva. Foi uma gestação tranquila, porém tensa – eu tinha medo do queestava por vir. Laura nasceu em 03-02-2015 e logo começou a passar por vários procedimentos e exames por conta do citomegalovírus. Com 20 dias de nascida ela fez o famoso teste da orelhinha que deu ausência de emissões otoacústicas nos dois ouvidos (saí da clínica em prantos); ela repetiu o exame que deu o mesmo resultado e depois fez o BERA – aí foi confirmada a surdez profunda bilateral da Laura. Eu, desesperada, fui pesquisar na internet se havia alguma solução para esse problema, pois já imaginava que o AASI não ia servir já que era surdez profunda. Descobri a existência do implante coclear (me emocionei muito quando vi vídeos de ativação do IC de várias crianças), nesse momento se acendeu uma esperança dentro de mim.

Alguns dias depois, recebi a notícia de que Laura teria que ser internada para tratar a infecção por citomegalovírus (era uma dor atrás da outra). Mas como diz o ditado, há males que vêm para o bem, Laura foi internada com 2 meses de idade, em Salvador (no hospital Couto Maia e depois foi transferida para o Hospital das Clínicas) e foi a partir daí que começou sua jornada rumo ao implante coclear.  Ela ficou em tratamento por um mês e meio e ainda internada começou a fazer acompanhamento médico para resolver a questão da surdez no CEPRED, em Salvador. Passou por vários testes e com 5 meses de idade começou a usar o AASI, porém não obteve nenhuma resposta satisfatória e 3 meses depois, já com a documentação toda pronta, Laura foi  indicada como candidata ao implante coclear no Hospital Irmã Dulce, em Salvador. Eu não podia me conter de tanta ansiedade, mas foi só no dia 5 de abril de 2016 que pude realizar meu sonho, ela fez a cirurgia de implante coclear unilateral com 1 ano e 2 meses de idade e um mês depois foi a ativação do IC (09-05-2016).

Foi um dia mágico, Laura reagiu bem aos sons, foi um dos dias mais felizes da minha vida. A partir daí, ela começou a fazer fonoterapia uma vez por semana, para aprender a entender o mundo dos sons. O implante coclear foi uma das melhores coisas que aconteceu na vida da minha filha: hoje, com 5 meses de ativação, Laura já fala algumas palavras e atende quando chamamos seu nome e isso é muito gratificante. Não é fácil, mas todo o esforço tem valido muito a pena, ver o desenvolvimento da minha filha e ouvir ela dizer “mama” não tem preço.’

laura-advanced-bionics-cronicas-surdez

Devido à infecção por citomegalovírus, Laura teve algumas complicações na saúde, além da surdez. Quando ela foi internada, com 2 meses de idade, o fígado e os rins dela eram bem maiores que o normal e ela tem um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (sempre foi mais molinha que o normal). Foram tempos muito difíceis. Depois da alta, fez muita fisioterapia, e só começou a sustentar o pescoço já com 6 meses de idade, começou a engatinhar depois que fez 1 ano e logo depois começou a sentar sem apoio, os tão esperados primeiros passinhos só vieram aos 1 ano e 7 meses de idade (esse foi um dos dias mais emocionantes, chorei de felicidade).

Quando Laura estava internada, lembro que um dia eu estava cantando para ela e veio um certo “Doutor” e me falou: “Mãe, você vai ter que ensinar Libras a ela para se comunicar com as pessoas“. Eu disse: “Não Doutor, ela vai fazer o implante coclear, e com ele tem grandes chances de ouvir e falar como qualquer outra criança“. Daí ele virou pra mim e disse: “Mas no caso dela não vai dar certo, por conta do problema de saúde“. Aquilo me entristeceu muito, um médico querendo destruir a única esperança que eu tinha da minha filha ouvir.  Não desisti, procurei profissionais da área e me informei mais sobre o assunto e tive a certeza de que era possível sim, fui em busca do IC sem pensar duas vezes e não me arrependo disso. O implante coclear mudou completamente as nossas vidas!

Laura tem 1 ano e 8 meses e nessa idade, vocês sabem, não pára quieta um minuto. Quando está na rua é mais tranquila e não tira o IC, mas em casa ela tira muitas vezes (acho que é querendo chamar atenção) e por conta disso, às vezes acaba quebrando o cabo. Já tentei vários métodos para evitar que isso aconteça, já usei faixa, fita adesiva de peruca, o clip com o cabo maior e o aro de silicone pra segurar na orelha – o que ela aceitou com mais facilidade foi o aro. Para estimulá-la, brinco de boneca cantando aquelas cantigas famosas de criança, brinco de comidinha reproduzindo o som da boneca comendo, brinco de esconder com as mãos e falo “bu”, tudo em seu cotidiano tem os sons ressaltados e ela interage bem.

Laura fez o IC pelo SUS e implantou Advanced Bionics, com a qual estou muito satisfeita. Sempre foram atenciosos em relação às minhas dúvidas e seu serviço e produtos são de ótima qualidade. Laura ainda não tem o AquaCase, esse ainda é mais um de nossos objetivos a serem alcançados. Com pouco mais de 5 meses de ativação do IC, já percebo muita diferença em seu comportamento, Laura já fala algumas palavras, como “mama, bobó, aô, não”; também reproduz o som do avião quando está brincando com o aviãozinho de brinquedo, quando nós a chamamos ela olha – isso tudo é muito gratificante e me faz ter a certeza de que eu não poderia ter feito escolha melhor.

Em uma de suas consultas com a Infectologista, a médica disse que o desenvolvimento da Laura é bem maior do que o esperado, disse que a maioria das crianças com o mesmo caso dela, nessa idade, não consegue nem sentar sem apoio. Tenho certeza de que o IC contribuiu muito para que isso acontecesse. Ela é uma guerreirinha vitoriosa, na verdade esse é o significado de seu nome: Laura significa loureira, vitoriosa e triunfadora, ou seja, que vence qualquer batalha. O implante coclear tem proporcionado muito mais do que apenas audição para a minha filha, através dele abriram-se infinitas possibilades na sua vida. Super recomendo a Advanced Bionics, para os pais que estão avaliando a possibilidade de um IC para os seus filhos’

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

4 Comments

  • Maria genilma marinho
    03/12/2016 at 21:45

    Nossa que historia parecida com a d minha lara que hoje esta com 5anos.so nao foi confirmado o citomelovirus mas a historia e muito parecida.

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  • Eliane
    06/11/2016 at 18:11

    Linda história desta lourinha mas a mamãe dela eu a considero uma guerreira, uma super mulher por passar por tantas provações e mesmo assim lutando pela sua filhinha. As vezes fico aqui pensando com meus botões, como eu seria se não fosse a implantada e sim um filho meu, será que eu teria tanta força para segurar esta barra? Parabéns mamãe da Laura, você é um exemplo

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  • Glaucy Barbieri
    05/11/2016 at 20:42

    Adorei a historia muito bom compartilhar!! Meu nome e Glaucy tenho 40 anos sou bacharel em Direito e atualmente no penultimo semestre do curso de Pedagogia onde tenho um sonho de passar a minha vivencia e habilidades com a minha deficiencia auditiva que e bilateral severa profunda com o uso diario de aparelho auditivo auditivo

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  • Vanessa Polli
    02/11/2016 at 21:54

    História emocionante! Também deposito minha esperança no IC! Minha filha é candidata. Nasceu com surdez profunda bilateral, no entanto sem nenhuma causa aparente.

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