No Dia Internacional da Mulher é importante olhar para trás e conhecer um pouco sobre as mulheres surdas que abriram caminhos importantes no passado para que pudéssemos estar aqui. Muitas mulheres surdas têm desempenhado papéis importantes em suas comunidades e deixado uma marca duradoura na história. O legado de acessibilidade e inclusão que elas deixaram possui um valor inestimável, e suas vidas precisam ser relembradas e celebradas.
Este post foi originalmente publicado em 2021 e replicado por muitos sites de lojas de aparelhos auditivos que, infelizmente, contraram agências de “marketing digital” cuja única habilidade é copiar o nosso conteúdo na cara dura. Melhorem!
Uma das primeiras mulheres surdas a se tornar amplamente conhecida foi Laura Bridgman. Nascida em 1829 em New Hampshire, nos Estados Unidos, Bridgman perdeu a visão e a audição quando tinha apenas dois anos de idade devido a uma doença desconhecida. Ela se tornou uma das primeiras pessoas surdocegas a serem educadas formalmente, aprendendo a ler, escrever e se comunicar através de gestos táteis. Bridgman se tornou uma celebridade em sua época, com pessoas famosas como Charles Dickens a visitando e escrevendo sobre ela.
Outra mulher surda importante foi Alice Cogswell. Nascida em 1805 em Connecticut, nos Estados Unidos, Cogswell foi a inspiração para a criação da primeira escola para surdos nos Estados Unidos. Seu pai, o médico Mason Cogswell, ficou desesperado para encontrar uma forma de ensinar sua filha e acabou fundando essa escola.
No final do século XIX e início do século XX, as mulheres surdas se uniram para estabelecer organizações e associações que lutassem pelos direitos dos surdos. Em muitos países, essas organizações ajudaram a estabelecer escolas para surdos e a melhorar as condições de vida das pessoas surdas. Entre as mulheres notáveis que lideraram esses esforços estão Marie Jean Philip, pioneira da educação bilíngue para surdos nos Estados Unidos, e Sofia Kovalevskaya, a primeira mulher surda a obter um diploma de doutorado em matemática.
As mulheres surdas continuam a liderar o caminho e inspirar as gerações futuras a lutar por um mundo mais inclusivo e equitativo. Março é mês da mulher, e preparamos uma lista especial com mulheres surdas que fizeram história!
10 mulheres surdas que fizeram história:
- Juliette Gordon-Low
- Teresa de Cartagena
- Charlotte Tona
- Ruth Benedict
- Annie Cannon
- Gertrude Ederle
- Regina Huges
- Julia Brace
- Hellen Keller
- Laura Bridgman
Juliette Gordon-Low
Gordon-Low foi a fundadora das Escoteiras dos Estados Unidos em 1912, com o objetivo de criar um ambiente inclusivo em que moças pudessem fazer treinamentos de sobrevivência, além de aprender a trabalhar em equipe e a estabelecer objetivos. As Escoteiras foram um dos primeiros grupos a romper as barreiras de raça e deficiência em sua época.
Teresa de Cartagena
De Cartagena foi uma freira espanhola que, em 1453, ficou surda aos 30 anos de idade. O resultado foi que ela escreveu um ensaio profundamente intelectual sobre a solidão que vinha com a surdez. Ela escreveu sobre como a surdez permitia que ela meditasse melhor e ficasse mais consciente do mundo à sua volta.
Após ser criticada por ser mulher, ela escreveu um segundo ensaio sobre a inteligência das mulheres, mostrando que seus críticos estavam errados. Até hoje, ela é lembrada como a primeira autora feminista da Espanha.
Charlotte Elizabeth Tonna
Tonna foi uma romancista e poeta britânica popular, que publicou suas obras com o nome de Charlotte Elizabeth na década de 1840, no apogeu da Revolução Industrial. Ela ficou surda aos 10 anos de idade, e escreveu com vigor a respeito dos direitos das mulheres e de questões sociais.
Até hoje, ela ainda é considerada um dos mais influentes escritores ingleses de seu tempo.
Ruth Benedict
Benedict foi a primeira líder mulher da antropologia nos Estados Unidos na década de 1930, e ocupou o cargo de presidente da American Anthropological Association. Ela alterou o curso dos estudos antropológicos ao instar os antropólogos a olhar tanto os folclores quanto as culturas como um único campo, e não como áreas distintas.
Benedict também é a autora do livro Patterns of Culture [Padrões de Cultura], no qual escreve que as culturas são apenas um padrão coerente de pensamentos e ações. Por isso, o folclore deveria ser estudado dentro dos estudos culturais.
Annie Jump Cannon
Cannon foi surda a maior parte da vida, e muitos acreditam que seu isolamento levou à sua paixão pela astronomia. Ela frequentou o Wellesley College em 1922, onde estudou matemática, biologia, física, e astronomia. Ela também aplicou a fotografia à astronomia, tirando fotos de estrelas.
Como não havia nenhum sistema de classificação de estrelas na comunidade científica, Cannon desenvolveu o seu: o Harvard Classification Scheme. Até hoje os astrônomos usam seu sistema de classificação
Julia Brace, Laura Bridgman, e Helen Keller
Essas três mulheres são surdocegas e viveram uma depois da outra. As histórias das vidas delas podem ser lidas como um encadeamento de acontecimentos: a assinatura tátil de Julia Brace, a educação de Laura Briddgman por Anne Sullivan e sua amizade com ela, e depois o papel de embaixadora e a fama de Helen Keller.
Qual a fama comum delas três? Elas foram as primeiras surdocegas a estudar! A Julia Brace se atribui o começo da língua de sinais tátil. Laura Bridgman foi quem ensinou Anne Sullivan a língua tátil de sinais e os métodos de ensino que Sullivan depois usou com Helen Keller.
A mãe de Keller lera a respeito de Laura Bridgman e procurou a Escola Perkins, onde estava Anne Sullivan. Sullivan apareceu na casa dos Keller com uma boneca cujo vestido Bridgman tinha costurado e com o conhecimento da língua de sinais tátil, pronta para ensinar a jovem Helen Keller.
Keller cresceu, tornou-se uma mulher culta, e uma ativista de direitos humanos, visitando vários países para dar palestras sobre a importância do estudo para os deficientes e de sua inclusão. Ela é autora de vários livros. O mais popular deles é The Story of My Life [A História da Minha Vida].
Gertrude Ederle
Ela certamente mereceu seu apelido de “Rainha das Ondas” ao tornar-se a primeira mulher a nadar o Canal da Mancha! Ela estabeleceu o recorde mundial em 1911 com o tempo de 14 horas e 34 minutos para 33 quilômetros em mar agitado.
A maré no Canal da Mancha é forte e muda de direção a cada seis horas, fazendo do percurso uma das nadadas de longa distância mais difíceis do mundo. Ederle foi nomeada para o International Swimming Hall of Fame em 1965.
Regina Olson Hughes
Hughes foi uma ilustradora científica americana de arte botânica. Antes de trabalhar para o governo como ilustradora oficial, ela serviu na Primeira Guerra Mundial como tradutora. Era fluente em quatro línguas: francês, italiano, português, e espanhol. Em 1936 Hughes voltou a trabalhar para o governo americano, dessa vez como ilustradora científica do Departamento de Agricultura.
Para ser uma ilustradora científica, Hughes precisou adquirir intricados conhecimentos das diferentes partes de cada planta, e ser capaz de reproduzi-las artisticamente em detalhes junto com descrições escritas. No total, mais de 6 mil de seus desenhos constam nos manuais do Departamento de Agricultura.
Ela foi a primeira artista surda a fazer uma exposição solo no Museu Smithsonian em Washington, D.C., em 1982. Suas 40 orquídeas pintadas em aquarelas foram exibidas, e podem ser vistas ainda hoje no museu. Também como reconhecimento de suas realizações, uma nova espécie de bromeliácea descoberta em 1979 recebeu seu nome: Billbergia Regina. Também uma espécie de margarida: a Hughesia.”
Por Deaf Niche com Tradução de Pedro Sette-Câmara.
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2 Comments
Viviane Barreto
12/03/2020 at 19:20Adoro suas publicações!
Parabéns!!!
Marcia Regina Ribeiro Da Costa Teixeira
11/03/2020 at 22:16Boa noite…
Onde será realizado o evento.
Moro em Florianópolis SC.
Bjo.