Vou confessar: a época entre 24/12 e 02/01 é a que menos gosto no ano. Natal, Ano Novo e aquela obrigação de estar feliz e contente, somada às intensas visitas de mil parentes, me desagrada. Enfim, cada um, cada um!
Todo ano acontece algum causo engraçado envolvendo, é claro, surdez. Em 2011 não foi diferente. Uma prima estava no meu quarto, e a irmã dela, que eu não vejo há uns 10 anos, ligou para o seu celular. Nisso, ela me olha e diz: “A fulana quer falar contigo, pega aqui o telefone!“. E eu com aquela cara de pastel murcho “não vai rolar…“. Parentes que você vê uma vez a cada década não têm obrigação nenhuma de ser experts em surdez, né? Mas a situação chega a ser inusitada, pois não lembro quando foi a última vez que isso me aconteceu!
Depois, saímos pra jantar fora. Fui dirigindo, minha mãe do lado, e ela no banco de trás. Aí a prima engatou uma conversa, falando pelos cotovelos. E eu não sabia se dirigia, tentava ler os lábios dela pelo espelhinho, parava o carro ou metia o pé no acelerador pra chegar logo no restaurante e entender o papo. A sorte é que minha mãe, além de dublê de voz (hahaha, a Sô Ramires que inventou essa e adotei pra vida, surdos precisam de dublê de voz pra burlar todo e qualquer 0800 né?) me salva também como intérprete na hora do sufoco. O jeito foi dizer pra prima “fala devagar, não to acompanhando“, e olhar pra mãe com aquela cara de “repete aí please” sempre que o trânsito permitia.
Na noite de Natal, perguntei pro meu tio se ele queria champanhe. A resposta foi “later” (mais tarde, em inglês), e a Didi Mocó aqui entendeu “glitter” (ele me chama de glitter há anos, abafa o caso). E ainda saí falando “bah ele é a única pessoa no mundo que me chama por esse apelido“, e a parentada me olhando com cara de ponto de interrogação. Só me dei por conta quando meu irmão me perguntou “o que significa later em português?“. Aí caiu a ficha: momentinhos Velha da Praça da Alegria acontecem em qualquer língua, e são sempre engraçados, por mais trágicos que pareçam!! 🙂
Minha tática para essa época de festas é rir e concordar com tudo quando o recinto conta com mais de cinco pessoas falando ao mesmo tempo. Não tem outro jeito!! Ah, e beber muito champanhe pra desestressar, claro.
E vocês? Algum causo natalino engraçado??
5 Comments
liliane
10/01/2012 at 21:24Oi Paula fala pra mim como foi tira carteira porque decidi que este ano eu vou tira a minha mas não sei por onde eu começo ,me dá uma luz.
Anna
07/01/2012 at 15:54Paula, vc disse q dirige, como foi a auto-escola? Pergunto pq ano q vem tere iq tirar carteira e to tensa pensando nas aulas práticas!! Imagina o instrutor falando e eu necas de entender as instruções? Ele explicava antes de vc fazer, ou vc conseguia entender direitinho mesmo tendo q olhar pra frente? (comigo isso não rolará não).
Me dá uma luz?
beijo!
Greize
05/01/2012 at 21:01hahaha Adorei a foto da velha surda, quem diria que eu iria passar pelas coisas que ela falava.O mundo da voltas.Minha família é bem unida,não só Natal e Dia das Mães(esse dia não tem mais, pois perdi minha mãe e minha avó no mesmo ano) ficou sem clima agora…,mas festas de aniversário, algumas viajens, enfim,junta tdos,então não rola hipocrisia pq nos vemos o ano tdo.É bem natural nos reunirmos no final de ano.
O ruim é que tanto a família por parte de pai e , mãe adoram um som,e altooooooooooooo!!!Nunca gostei mto do som mto alto, agora então parece um DJ dentro do meu ouvido, com som de trovão.Tenso.
Minha “dublê de voz” é minha irmã.No telefone.
Causo:
Ah,na roda de conversa minha tia contou que minha prima que chama Nayara , gritou mto no aeroporto( a mãe dela morava nos EUA e voltou de vez para o Brasil).
Sabe o que eu entendi???”Nossa a Nayara teve aborto!!”Pensem num silêncio mortal………………………tdos sem graça eu tb, mais velha surda impossível.Hj eu acho graça no dia quis sumir.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
bjus
s0ramires
05/01/2012 at 19:27O “dublê de voz” é ótima definição né?
Nada melhor do que rir dessas confusões tipo “velha surdinha da praça da alegria”. Minha família se reduziu por morte de pais e tios, primas e primos se dispersaram. Então não tenho festa de natal, e também não sou religiosa e não comemoro. Mas reunião com mais de 5 para mim é multidão e eu evito.
Principalmente com todos falando ao mesmo tempo. Para surdos é dose de elefante!
Deni
04/01/2012 at 11:50Estou contigo, não gosto dessa época, mas pra mim a tortura já começa no ínicio de dezembro… quando aflora a hipocrisia das pessoas e vem “jingle bells” pro teu lado… affff… passam o ano inteiro te ignorando, vindo com mesquinharias e de repente pimba! O espírito natalino as deixam “boazinhas”.
Até gosto da reunião em família, não importa a época, e claro, não acompanho um tequinho da conversa, e não consigo sorrir abobada fingindo que estou entendendo, então como adoro fazer a sobremesa, a salada e decorar a mesa para servir, eu fujo para esses lances que geralmente uma ou no máximo duas pessoas te acompanham e dá para conversar sem estresse.
Agora mico, paguei no dia do níver do meu irmão que é entre Natal e Ano Novo, foi justamente nesse dia que chegam a parentada e vão direto pra casa dele, eu trabalhando, cheguei beeem depois para a festa; estavam os homens em volta da churrasqueira, fui cumprimentando todos com beijinhos, abraços e tinha um rapaz diferente e ao invés de prestar atenção quem era o fulano “deduzi” que fosse primo dos meus primos que por acaso veio junto… lá pelas tantas o rapaz vai embora e dá tchau para todos a loca aqui: “como assim vai embora?”, todos caem na gargalhara pois era um amigo do meu brother… eu mereço…
Bjos e um ótimo ano!