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Zumbido no ouvido

Como me CUREI do ZUMBIDO no Ouvido: depoimento real

Como me “curei” do zumbido no ouvido? Spoiler: Não me curei, mas aprendi a calar a birra do meu cérebro. Você provavelmente caiu neste post digitando “cura para zumbido no ouvido” no Google, no desespero de quem já testou chás místicos e suplementos com nomes que parecem senha de Wi-Fi. Respira fundo! Eu sei o que é conviver com esse som fantasma que grita mais que político em época de eleição. Mas vou começar com uma verdade incômoda: zumbido no ouvido não tem cura quando ele é causado por uma surdez neurosensorial, e 90% dos casos de zumbido são sintoma de surdez neurosensorial. As células ciliadas do ouvido interno NÃO se regeneram, portanto, entenda que o som fantasma é uma compensação criada pelo seu cérebro por causa disso que vai te acompanhar pelo resto da vida. Entretanto, a surdez tem tratamento e o zumbido no ouvido tem gerenciamento.

Isso mesmo. Pode fechar a aba da loja de cápsulas “neuroregeneradoras” e ouvir o que a ciência, e uma usuária de implante coclear há mais de 10 anos, têm pra te contar. Spoiler: não tem glamour, tem disciplina. E funciona.

O que é o zumbido no ouvido e por que ele parece imortal?

Zumbido no ouvido (ou tinnitus) é a percepção de um som interno. Aparece como apito, chiado, motor de carro velho resfriando, cigarra, panela de pressão ou até o sussurro constante da sua ansiedade não tratada. Na maioria dos casos (estamos falando de até 90%, segundo a Mayo Clinic e a ATA), o zumbido é sintoma de perda auditiva neurossensorial.

Ou seja, enquanto você acha que está ouvindo o apito do fim do mundo, seu cérebro está só tentando desesperadamente preencher o silêncio da sua surdez não tratada com qualquer ruído disponível. O zumbido é um caos auditivo autoproduzido por quem tem perda auditiva.

?O que a maioria das pessoas não sabe é que tudo começa por um médico otorrino ESPECIALISTA EM SURDEZ, já que a maioria absoluta dos casos de zumbido no ouvido no mundo  (90%) está ligada a uma PERDA AUDITIVA. Os outros 10% dos casos serão direcionados para outros especialistas pelo otorrino, após uma anamnese detalhada do paciente. Aqui você lê em detalhes as outras causas possíveis para esses 10% dos casos de zumbido.

Consulte o Guia Científico do Zumbido no Ouvido, do Dr. Luciano Moreira, médico otorrino. Se você precisa de um grupo de apoio para pessoas com zumbido no ouvido, venha para o Clube dos Surdos Que Ouvem.

Fica o convite para assistir essa série de aulas sobre zumbido preparadas com muito carinho. O objetivo é te ajudar com estratégias para lidar com o seu zumbido, estratégias essas que eu e centenas de membros do Clube dos Surdos Que Ouvem usamos há anos e que tem nos ajudado muito nessa jornada.

Como “me curei” do zumbido no ouvido: 7 passos sem milagre, só realidade

1. Aceitei que o problema não era o zumbido

O zumbido era só a cereja do bolo da minha perda auditiva ignorada. Passei anos negando, guardando aparelhos auditivos na gaveta e dizendo que “não precisava” usá-los. A primeira mudança foi encarar a verdade: eu estava surda e precisava tratar isso.

2. Usei meus aparelhos auditivos todos os dias o dia inteiro

Não só “de vez em quando”. TODOS OS DIAS. O tempo todo. O estímulo sonoro externo é a melhor forma de desviar a atenção do cérebro dos sons internos. Quando você devolve som ao cérebro, ele para de focar no som fantasma. Resultado: a sua percepção do zumbido diminui enquanto devolve ao cérebro o que ele não tem mais, ou seja, acesso natural aos sons.

3. Fiz implante coclear

Quando a perda auditiva se tornou profunda e os aparelhos auditivos não bastavam, optei pelo implante coclear. Resultado? O zumbido do lado implantado ficou quase imperceptível, enquanto o do ouvido esquerdo aumentou muito, o que me levou a implantá-lo também três anos mais tarde. Mais som real = menos som fantasma.

4. Gerenciei meus gatilhos

Café, álcool, falta de sono, estresse, ansiedade. Tudo isso piora a percepção do zumbido. Não adianta tomar trocentas mil vitaminas se você vive como se seu corpo fosse um saco de pancadas.

5. Criei um ambiente sonoro saudável

Nada de dormir no silêncio total. Uso sons relaxantes, playlists em 432Hz, e mantenho o ambiente com estímulos auditivos suaves. O silêncio absoluto é o terror do zumbido.

6. Treinei meu cérebro a ignorar o som

Mindfulness, respiração, TCC (terapia cognitivo-comportamental). Tudo isso me ensinou que não preciso reagir a todo apito que aparece na minha cabeça. O cérebro aprende. O cérebro se adapta. Mas ele precisa de treino e redirecionamento constantes.

7. Saí da negação

Essa parte dói. Mas é libertadora. Só quando você para de buscar uma “cura mágica” é que começa a aplicar o que realmente funciona. Zumbido causado por surdez não desaparece — mas ele pode ser domado.

A verdade sobre zumbido no ouvido que ninguém quer ouvir (mas todo mundo precisa)

Se você está lendo isso esperando uma pílula mágica, sinto informar: você vai se decepcionar. O que funcionou pra mim foi responsabilidade, informação de qualidade, acompanhamento médico especializado e comprometimento diário. Não tem milagre.

E se você está pensando: “Mas isso dá trabalho!”, então sim, parabéns, acertou! Dá trabalho. Mas a recompensa é enorme: viver em paz com o seu próprio cérebro.

Quer saber mais? Segue @cronicasdasurdez, entra no Clube dos Surdos Que Ouvem e, pelo amor da cóclea, pare de acreditar em cápsula que promete “neuroproteção do ouvido interno”. Só falta venderem colírio pra surdez. Você não vai se curar do zumbido. Mas vai aprender a calar ele como quem silencia uma criança birrenta no shopping: com firmeza, sabedoria… e um bom par de aparelhos auditivos.

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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