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TESTE DA ORELHINHA: por que fazer, como fazer, onde fazer

O teste da orelhinha, também conhecido como triagem auditiva neonatal universal ou TANU, é um dos primeiros exames de saúde que um bebê realiza após o nascimento. Rápido, indolor e fundamental, ele permite identificar precocemente possíveis alterações auditivas que, se não tratadas, podem comprometer o desenvolvimento da fala, da linguagem e do aprendizado.

De acordo com a Lei nº 12.303/2010, o teste é obrigatório e gratuito em todas as maternidades do Brasil, reforçando sua importância como política pública de saúde infantil.

Post escrito pela Fonoaudióloga Mariana Santos

O que é o teste da orelhinha?

O teste consiste na avaliação objetiva da função coclear (ouvido interno), geralmente por meio das Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA).

  • Um pequeno fone é colocado no conduto auditivo do bebê.
  • O equipamento emite sons suaves e capta as respostas geradas pelas células ciliadas externas da cóclea
  • Se houver resposta, considera-se que a via auditiva periférica está funcionando adequadamente. – Mas atenção, há casos, como por exemplo, de neuropatia auditiva, que o teste da orelinha convencional tende a estar normal, mas isto é uma particularidade e assunto para um outro post.

É importante destacar que o exame não depende da reação do bebê – ele pode estar dormindo durante a realização.

Por que é tão importante fazer o teste da orelhinha em recém-nascidos?

1. A audição é a base do desenvolvimento da linguagem

O bebê começa a ouvir ainda durante a gestação, por volta da 20ª semana. Ao nascer, já reconhece a voz da mãe e reage a sons do ambiente.
Qualquer barreira auditiva nessa fase pode atrasar a aquisição da fala.

2. O diagnóstico precoce muda o futuro

Estudos mostram que crianças diagnosticadas com perda auditiva precocemente, e que recebem intervenção adequada (uso de aparelho auditivo, implante coclear, prótese osteoancorada e  terapia fonoaudiológica especializada) têm desempenho linguístico e escolar muito próximo ao de crianças normouvintes. Por outro lado, diagnósticos tardios, isto é, após os 2 anos estão associados a atrasos significativos na comunicação e na aprendizagem.

3. É uma triagem de saúde populacional

Assim como o teste do pezinho detecta doenças metabólicas, o teste da orelhinha identifica alterações auditivas ainda no período neonatal. Isso permite que toda criança, independentemente de histórico familiar ou fatores de risco, tenha a audição avaliada.

Quando deve ser feito o teste da orelinha? O que é a regra 1-2-3?

As recomendações internacionais, como as do Joint Committee on Infant Hearing (JCIH, 2019), orientam que:

A regra 1-2-3 estabelece metas claras para o processo de triagem auditiva neonatal:

  • 1 mês: Realizar a triagem auditiva neonatal universal (TANU) antes da alta hospitalar ou, no máximo, até o primeiro mês de vida.
  • 2 meses: Confirmar o diagnóstico audiológico até os 2 meses de idade.
  • 3 meses: Iniciar a intervenção precoce até os 3 meses de idade, caso seja confirmada a perda auditiva.

A atualização para a regra 1-2-3 reflete a necessidade de:

  • Agilidade no diagnóstico e intervenção, aproveitando a plasticidade cerebral da criança nos primeiros meses de vida.
  • Redução do tempo de espera entre a triagem, diagnóstico e início da intervenção, minimizando potenciais impactos no desenvolvimento da linguagem e comunicação.
  • Alinhamento com diretrizes internacionais, como as do Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva (COMUSA) e do Joint Committee on Infant Hearing (JCIH), que enfatizam a importância de uma intervenção precoce.

Onde fazer o Teste de Orelhinha em São Paulo

Com a Fonoaudióloga Mariana Santos  – especializada em cuidados auditivos, com ênfase em eletrofisiologia da audição e reabilitação auditiva (aparelhos auditivos e implante coclear, formada pela UFMG, com especialização em eletrofisiologia da audição e Fellowship e aprimoramento em Implante Coclear Pelo HRAC-USP/Centrinho de Bauru).

Sócios do Clube dos Surdos Que Ouvem têm desconto no exame.

Contato:  (31) 97528-7388

Onde fazer o Teste de Orelhinha no Rio de Janeiro

A Clínica Sonora, no Copacabana Medical Center, realiza o Teste da Orelhinha no Rio de Janeiro.

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Contato:  (21) 99556-2727

 O que significa quando o bebê “falha” no teste da orelhinha?

Falhar não significa, necessariamente, que o bebê tem perda auditiva. Em muitos casos, a causa é transitória, como:

  • presença de vernix ou líquido amniótico no conduto auditivo;
  • ruídos no ambiente durante o exame;
  • bebê agitado ou chorando;
  • Posicionamento da sonda inadequado.

Porém, a falha deve sempre ser investigada. O bebê precisa refazer o exame em até 30 dias e, caso persista, realizar avaliações complementares, como:

  • BERA (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico);
  • Emissões Otoacústicas repetidas;
  • Imitanciometria.

Possíveis causas da falha no Teste da Orelhinha

O teste da orelhinha é fundamental para avaliar precocemente a audição do bebê. Mas, em alguns casos, pode acontecer de o exame apontar uma “falha”. Esse resultado costuma deixar os pais preocupados, mas é importante saber que falhar no teste não significa, necessariamente, que a criança tem perda auditiva de grau profundo.

Na verdade, há várias razões, muitas delas transitórias e facilmente resolvidas que podem interferir no resultado. Mas vale ressaltar, que não podemos negligenciar e sim realizar o reteste.

Causas mais comuns da falha no teste da orelhinha

1. Presença de vernix ou líquido amniótico no conduto auditivo

Logo após o nascimento, o ouvido externo do bebê pode conter vernix caseoso (aquela camada esbranquiçada que protege a pele do recém-nascido) ou até resíduos de líquido amniótico. Esses elementos atuam como uma barreira física, dificultando a captação das respostas cocleares.

2. Otite média com efusão

Alguns bebês apresentam acúmulo de líquido atrás da membrana timpânica, mesmo sem sinais de infecção. Essa condição é relativamente comum no período neonatal e pode interferir temporariamente na passagem do som.

3. Ruído ambiental durante o exame

O teste deve ser feito em ambiente silencioso, mas em maternidades nem sempre isso é possível. Ruídos externos podem atrapalhar a captação da resposta, gerando resultados falsamente alterados.

4. Bebê agitado ou chorando

Para a realização correta, o bebê deve estar tranquilo ou dormindo. O movimento corporal, o choro ou a sucção intensa podem dificultar o registro das respostas auditivas.

5. Alterações auditivas permanentes

Em uma menor parcela dos casos, a falha pode estar relacionada a Perdas auditivas congênitas

 O que fazer se o bebê falhar?

  • Repetir o teste da orelhinha em até 30 dias.
  • Se falhar novamente, realizar exames complementares, como BERA e imitanciometria.
  • Seguir a regra 1-2-3: triagem até 1 mês, diagnóstico até 2 meses e intervenção até 3 meses – no mundo ideal.

A falha no teste da orelhinha deve ser encarada como um sinal de atenção, não de desespero. Na maioria dos casos, está associada a fatores transitórios e facilmente corrigíveis. No entanto, o acompanhamento é essencial para garantir que, se houver perda auditiva, o diagnóstico seja precoce e a intervenção realizada no tempo certo, favorecendo o desenvolvimento pleno da criança.

Conclusão

O teste da orelhinha é simples, rápido e salva futuros. Graças a ele, podemos identificar precocemente crianças com risco de perda auditiva e garantir que recebam intervenção no tempo certo, prevenindo atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem.

Passar por esse exame é um direito de todo bebê e uma tranquilidade para a família. Afinal, cuidar da audição desde o início é cuidar do desenvolvimento pleno, da comunicação e da qualidade de vida.

 

Referências científicas:

  • Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. J Early Hear Detect Interv. 2019.
  • Brasil. Lei nº 12.303, de 2 de agosto de 2010. Dispõe sobre a obrigatoriedade de realização do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas.
  • Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Brasília, 2012.
  • Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement. J Early Hear Detect Interv. 2019.

 

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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