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‘Antes de tudo, gostaria de agradecer a oportunidade de contar um pouquinho da minha história, e como você sabe, adoro ajudar pessoas em busca de uma melhor qualidade de vida, seja com AASI ou Implante coclear. Eu nasci ouvinte, comecei a falar super cedo, fui uma criança bem tagarela e ativa, logo comecei a escolinha e natação, adoro nadar até hoje. Não sei exatamente como tudo começou, mas por volta dos 4 anos e meio meus pais notaram que eu não ouvia bem quando passei a atender o telefone apenas no ouvido esquerdo, e assim começou a jornada a vários médicos em busca de um diagnóstico e a “solução” para o “problema”.

Resumindo, o diagnóstico não foi fechado ao certo, mas muito provavelmente a minha perda auditiva foi causada por infecção e/ou medicamentos ototóxicos. Imediatamente fui protetizada, com um potente AASi e fiz um tempinho de fono para adaptação do aparelho. Seguindo a recomendação médica, fui alfabetizada relativamente cedo, pois temiam que a perda evoluísse, mas graças a Deus ela manteve estável por um bom tempo. Tempo esse suficiente para que eu levasse uma vida normal, frequentar a escola regular, o curso de inglês, as aulas de violão, vôlei, natação, e também baladas, curtir os amigos e cursar uma faculdade. Tive muito apoio familiar sempre, e meus pais nunca me trataram diferente dos meus dois irmãos mais novos, que nasceram quase que na mesma época que a surdez fui constatada.  Fui estimulada, cobrada, recompensada e levava pito assim como eles…

Na escola não tive maiores problemas, acho que comecei a sentir mais a surdez na faculdade de odontologia, tinha muita dificuldade nas aulas, muitas delas eram mais dinâmicas, com slides, retroprojetores, laboratórios, na clinica os professores falavam com máscara, isso tudo dificultava muito a leitura labial. Apesar disso, conseguia falar ao telefone, com AASi quase que normalmente. Ao me formar, montei meu próprio consultório, casei, tive meu filho, e o tempo foi passando… Sempre retornava ao meu médico, Dr. Orozimbo Costa, em busca de novidades, e quando ele comentou sobre o IC pela primeira vez, eu não me interessei, primeiro porque a indicação era para meu OE, que eu “ouvia bem” com o AASI, e eu queria ouvir nos dois ouvidos. Sem falar que achava “grande” demais os processadores na época e não estava preparada para assumir abertamente a minha surdez. Continuei minha vida, mas sempre achava que faltava algo. Até que numa destas visitas o médico comentou que eu poderia optar por fazer o implante no ouvido direito, aí sim, fiquei entusiasmada com a possibilidade de ouvir, e ainda que ouvisse “apenas barulho” eu estaria feliz. Acho que isso foi em 2009, fiz os exames mas só fui realmente implantar em 2014, quando já havia mudado para os EUA.

Realmente saí da zona de conforto. Morando num novo país, tendo um novo “ouvido”, e aprender uma nova língua, desta vez ouvindo melhor, é um desafio e tanto! O apoio do meu marido e filho foi fundamental nesta fase, ainda hoje me apoiam, pois sabem o quanto ouvir e participar ativamente da vida é importante para mim.  (ove you forever)

Aqui nos EUA, os médicos dão ao paciente a liberdade de optar pela marca, fiz muitas pesquisas online e também conheci implantados. Acabei optando pela Advanced Bionics, e estou muito feliz com a minha escolha. Só tomei conhecimento dos grupos de Implantados brasileiros no Facebook bem próximo da minha cirurgia, e comecei a conversar com alguns. Muitos me questionaram o porque de ter escolhido a AB… Não poderia ter escolhido melhor!

A princípio, como eu seria bimodal (IC+AASi), a AB já oferecia este recurso, de ouvir telefone, áudios, TV em STEREO, através do ComPilot. Caso optasse por ser bilateral (2 ICs), além de ouvir telefone através do ComPilot, eu teria a opção do DuoPhone, que é um programa específico para telefone – seja fixo ou celular – que permite que ouça simultaneamente a voz do interlocutor. FANTÁSTICO, não é? E mudar de programa em ambos lados, tocando em um processador? Uma maravilha. Estes recursos, somado aos 4 microfones e 5 programas, me atraíram muito.

A assistência técnica pós-implantação e os preços das peças mais baratos, foram outros fatores que pesaram muito na minha decisão. Fiz meu implante em 25 de abril de 2014, ativei em 27 de maio. A evolução foi lenta, apesar da ativação ter sido um sucesso, o fato de ter ficado 35 anos sem ouvir no OD pesou um pouco, mas não me desanimou. Como nos EUA os planos não liberam terapia auditiva para adultos, ela foi feita essencialmente por aplicativos baixados no tablet, muitos em inglês mesmo, o que tornou o processo bem confuso no início… Imaginem como meu cérebro ficou! ?

Tenho o RogerPen, que me ajuda muito nas aulas de inglês e também na TV, embora eu já fique bem satisfeita com o que os microfones do Naida me proporcionam. Apesar de ter aguardado todo esse tempo para implantar, não me arrependo, cada vez que pego o telefone como um ouvinte faria, a “criança” dentro de mim pula de alegria!! Dois anos se passaram, e acabei perdendo um pouco da audição do OE, então agora não uso mais aparelho auditivo, apenas o implante coclear no ouvido direito. Ou seja, troquei de ouvido… Espero fazer o bilateral em breve!!

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

6 Comments

  • Zenaide de Faveri Vicente
    25/09/2016 at 17:04

    Obrigada pelo seu depoimento, Renata! Me ajudou muito. Tenho consulta marcada para dia 3 de outubro com o cirurgião especialista em IC. Estou bastante ansiosa e aguardando o rumo dos acontecimentos. Espero que dê tudo certo. Um abraço!

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    • Renata
      14/11/2016 at 00:45

      Zenaide, querida! Me desculpe, só visualizei dia mensagem hoje. Por favor, me contate no e mail reorsi2@gmail.com , vou adorar saber as suas novidades e te ajudar com seu IC. Beijocas ?

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  • Sônia M Ramires Almeida
    08/08/2016 at 20:23

    gostei muito do seu relato…vejo que cada caso é um caso, mas o importante é que sempre aparece uma tecnologia que nos ajuda…

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    • Renata
      18/08/2016 at 19:22

      Obrigada, Sô!! ????

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  • Renata
    08/08/2016 at 16:26

    Obrigada, Maria Cecília! No que eu puder ajudar… Só chamar!
    Fico muito feliz por você optar pelo IC ! Beijo no <3

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  • Maria Cecília Couri
    08/08/2016 at 10:26

    Que maravilha ouvir esse depoimento! Obrigada Renata Orsi e Paula Pfeifer. Vocês são luz em nosso caminho. Estou aguardando meu implante unilateral em outubro e, até o momento,estou preferindo a marca AB. Também vou poder escolher. Eu também nado e sou usuária de AASI Phonac. E também me consultei com o dr Orozimbo, para ouvir uma segunda opinião . Muito obrigada a vocês duas.

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