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Deficiência Auditiva / Entrevistas / Fonoaudiologia

Entrevista com Fonoaudióloga: Márcia Cavadas

A entrevistada de hoje é a fonoaudióloga que cuida dos meus implantes cocleares desde 2014, quando passei a vir para o Rio de Janeiro todo mês. A Dra. Márcia Cavadas hoje é muito mais do que minha fono: é uma grande amiga, que me conhece direitinho. A Márcia é a pessoa mais alto astral que conheço, e, como fonoaudióloga, nosso santo bateu demais, pois ela sempre deu corda para as minhas invencionices e liberdade para as minhas vontades – de aumentar volume, de testar programas novos, de tudo! Com vocês, a pessoa que põe os meus ouvidos biônicos para funcionar. 🙂

Quando e como você começou a trabalhar com aparelhos auditivos?

Comecei a trabalhar com IC em 2008 a convite do, meu já parceiro de trabalho na época, Dr. Luciano Moreira. Fizemos uma parceria com o Dr. Arthur Castilho e a Fonoaudióloga Sandra Santanna. Comecei os treinamentos, realizei vários cursos e, em 2009 fizemos nosso primeiro paciente.

O que a audiologia tem de mais apaixonante?

Sou fonoaudióloga e amo o que faço. Descrever o que a audiologia tem de mais apaixonante é difícil. Adoro atender os pacientes, sejam bebês, crianças, adolescentes, adultos ou idosos!! Gosto de cuidar e contribuir de alguma forma na vida das pessoas com o meu trabalho. Fazer o diagnóstico, identificar uma alteração para poder cuidar e tratar é maravilhoso. Sim… Esse é o objetivo principal após o diagnóstico… Cuidar, realizar uma intervenção, seja por meio de um dispositivo eletrônico (AASI ou IC) ou de uma terapia ou treinamento auditivo. Amo meus pacientes e o trabalho com IC é muito gratificante.

E de mais desafiador?

Os desafios são muitos e constantes. A tecnologia e o conhecimento não param de evoluir e um dos maiores desafios é acompanhar todo esse processo de forma atualizada. Resolver as queixas e entender as diferenças e peculiaridades de cada paciente. Cada um tem uma história diferente.

Qual seu conselho para novos usuários de IC/aasi?

Aos novos usuários de implante coclear e aparelho auditivo, meu conselho é ter paciência e persistência. As vezes no começo é difícil, é ruim…mas depois com o uso constante e os ajustes, vai ficando muito bom!

O que você gostaria de ter aprendido antes?

Gostaria de ter aprendido mais sobre indicação de aparelhos auditivos, sobre a vida do surdo, e queria saber LIBRAS para conversar com aqueles surdos que não querem ouvir ou não acreditam no Implante Coclear como uma alternativa interessante.

O melhor paciente é aquele que…

Quer melhorar sempre. Que questiona, que se interessa pelos assuntos ligados à surdez, que é integrado e antenado.

Num futuro próximo, os IC’s/AASI’s serão…

Mais tecnológicos ainda. Não consigo nem imaginar o que vem por aí… Mas o sonho de todos talvez seja um implante coclear totalmente implantável.

IC’s/AASI’s glamourizados são…

Incríveis!!! Acho o máximo que os processadores e os AASIs sejam enfeitados e usados como adornos. Muito bom!

A maior lição que já aprendi com um paciente foi…

Aprendo tanto com os pacientes; aprendo principalmente a dar valor para pequenas conquistas. Às vezes o que é nada para uns é muito para outros. Vejo pacientes felizes por ouvir, simples assim. É emocionante ver um paciente ouvindo pela primeira vez ou voltando a ouvir … ver o paciente se emocionar com um pequeno som é maravilhoso!

O que você gostaria de dizer àquelas pessoas que têm indicação de usar AASI ou IC mas não usam?

Eu diria que vale a pena experimentar, vale a pena arriscar, porque ouvir é muito bom! Hoje em dia a tecnologia ajuda a grande maioria dos casos de surdez, quase podemos falar que só não ouve quem não quer. As tecnologias são muitas, e na maioria esmagadora das vezes, vai haver uma solução para a sua surdez!

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

5 Comments

  • […] pessoal minha, posso te dar os nomes dos profissionais que me atendem – otorrino ou fonoaudiólogas – sem nenhum […]

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  • […] fonoaudióloga Aline Albuquerque Morais escreveu o texto abaixo, a respeito dos tipos de deficiência auditiva, a […]

    Reply
  • […] em surdez. Todos os dias recebo mensagens de pessoas me pedindo indicação de médicos e fonoaudiólogos, mas tenho por regra de ética indicar apenas profissionais de saúde dos quais sou […]

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  • Rita
    19/09/2017 at 17:13

    Graças a este tipo de tecnologia meu tio pode melhorar a sua audição.

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  • Carlos
    13/09/2017 at 09:35

    “Hoje em dia só não ouve quem não quer” Muito infeliz este comentário. Eu pensei que nunca viria um comentário assim de uma PROFISSIONAL.
    Achei tudo muito proveitosa mas, ouvir é muito particular e as barreiras vão muito além de SÓ QUERER OUVIR.Eu estou nessa *estrada* á 15 anos e visito regularmente 4 centros de referencia em audição.Estou escrevendo um livro pois, vi tanta coisa nestes anos que MUDEI muito meus conceitos.Eu também pensava assim vendo a TV divulgando o *milagre de voltar á ouvir mas, não é bem isso (ME PERDOE PELA SINCERIDADE). Existem muitos degraus e um abismo Querer e poder ouvir.
    Eu gostaria muito de debater meu ponto apesar de eu não ser um profissional da área mas, é muito raro alguém dar OUVIDOS ao que os implantados e usuários de AASI (realmente) tem pra dizer. A maioria tem medo de serem excluídos por terem uma opnião formada e que não *bate* com a opnião dos profissionais.
    Obrigado.
    Obs: Nós também temos muito á informar e á ensinar..e eu daria um pulo em direção ao CÉU, se publicassem opnioes (RESPEITOSAS MAS SINCERAS) como a minha. Obrigado de novo.

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