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SURDEZ E MEDICINA: relato de estudante SURDA QUE OUVE

Surdez e Medicina combinam, sim! Quando li o texto que a Luiza postou no Clube dos Surdos Que Ouvem – e a reação dos membros do grupo – entrei em contato com ela e pedi que contasse sua história como Estudante de Medicina Surda Que Ouve no Crônicas da Surdez. Espero que vocês – mães e pais de surdos que ouvem incluídos – leiam e se inspirem. A surdez não deve ser impeditivo para a realização dos nossos sonhos profissionais!

Me chamo Luiza D’Ottaviano Cobos, tenho 23 anos e atualmente estou no 11º  período de medicina, na reta final de seis anos intensos, de muito aprendizado e desenvolvimento, tanto pessoal quanto profissional. Nasci e cresci em Campinas, São Paulo, cidade onde recebi, aos 17 anos, meu diagnóstico de perda auditiva. Hoje, além de estudante de medicina e outros títulos que talvez possam me definir, sou também surda! Uma surda que ouve!

Encontrei no ano passado (2022) o Instagram da Paula Pfeifer sobre surdez e passei a me informar cada vez mais sobre meus direitos e recursos de acessibilidade – como fazer, por exemplo, para renovar minha CNH! Entrei no Clube dos Surdos Que Ouvem e percebi o quanto uma rede de apoio faz diferença na nossa jornada, me senti compreendida e acolhida, foi então que resolvi compartilhar minhas fotos de formatura e fui convidada a escrever esse relato!

Desenvolvimento e infância

Durante minha infância, tive o privilégio de ter acesso a diversas fontes de aprendizado, sempre estudei em colégios reconhecidos por seus resultados, fiz aulas extra-curriculares que auxiliam no desenvolvimento infantil como aulas de dança para me soltar mais, teatro para falar mais alto, esportes e música para melhorar a coordenação motora. Tive acesso desde pequena a aulas de inglês e pude aprender também italiano durante minha adolescência. Dentro de casa sempre fui muito acolhida e compreendida, trazendo questões aos meus pais e a minha irmã que sempre me ampararam, com tudo que estivesse ao seu alcance.

Sempre tive boas notas, sentava na primeira ou segunda carteira, perto dos professores e dos meus amigos. Cresci em um condomínio em que a escola estava praticamente dentro dele, então minha sala se manteve basicamente a mesma durante todos os anos de formação, todos se conheciam desde pequenos. Durante o colegial veio a decisão que já era falada dentro de casa por mim, desde pequena: eu queria prestar vestibular para medicina!

Os sinais da perda auditiva

Em paralelo, eu demorava a acordar para ir à escola, um lugar que eu gostava de estar e não queria perder aula. A casa toda acordava com o meu alarme, menos eu. Meus pais me acordavam todos os dias para ir para aula, afinal, eu devia ter o sono muito profundo né? Realmente haviam vezes que meus colegas me chamavam na sala e eu não respondia, falavam que eu vivia no meu mundo, mas uma sala de aula sempre tem muito barulho, certo? Como não havia motivos alarmantes, eu nunca pensei que poderia haver algo diferente, me comunicava muito bem com minha família e amigos, não tinha problema com notas, falava inclusive outras línguas, não tinha nada diferente, ou tinha?

A descoberta da surdez

O colegial acabou, e agora? No fim do terceiro ano do ensino médio, com 17 anos, eu estava prestando vestibular para medicina, havia passado para a segunda fase de uma faculdade na minha cidade e a escola promoveu aulas durante as férias, em janeiro de 2017, para revisão de conteúdos. Eu, sempre ansiosa para aprender, estava em uma aula de física, em plenas férias de janeiro após formar no colegial. Pedi ao professor para ir ao banheiro durante uma aula sobre ondas sonoras, mas quando voltei, todos os meus colegas estava pedindo para o professor parar! Parar aquilo que já estava irritando, já haviam entendido a proposta.

Para a minha surpresa, eu não estava irritada com nada, diferente dos meus colegas que tapavam os ouvidos. O professor havia projetado em sala frequências e ondas sonoras para mostrar como aquilo que estávamos estudando se manifestava na prática. Mas não tinha como ser verdade, afinal, eu não ouvia nada! Quando falei para o professor, em seguida recebi: você precisa ver um médico!

Ao chegar em casa e contar rindo aos meus pais, que sempre foram muito presentes e atenciosos, recebi como reação um susto dentro de casa! Testamos as frequências com um vídeo na internet e prontamente eu estava a frente de um otorrinolaringologista.

O diagnóstico de surdez

Logo ao realizar minha primeira audiometria fui informada que havia sim uma perda auditiva, tive o diagnóstico de perda auditiva neurossensorial bilateral leve-moderada, com uma audiometria em formato de U invertido. Fomos atrás de diversas opiniões, médicos e fonoaudiólogas, realizei todos os exames e teste disponíveis na época, exames de imagem, de sangue, sonoros, tudo. Foi quando me explicaram que minha comunicação era baseada em leitura labial, que me adaptei a realiza-la sem mesmo saber. Junto da percepção da leitura labial, veio também a percepção do famoso zumbido, que eu achava ser normal! Todos os exames realizados retornaram com o diagnóstico de perda auditiva, porém cada audiometria que eu realizava retornava com algumas variações.

Fixamos uma equipe entre otorrinolaringologista e fonoaudióloga de confiança e iniciamos testes com as mesmas máquinas e profissionais, quando foi evidenciado de fato  perda auditiva neurossensorial bilateral leve-moderada, com uma audiometria em formato de U invertido, porém, tinha o caráter flutuante. Havia momentos que minha audição estava mais sensível que outros, e aos poucos fomos entendendo que aquilo que flutua, tende a cair. Veio então o diagnóstico de perda progressiva, sem causa conhecida.

A aceitação da surdez

Com 17 anos, fui informada que teria que usar aparelhos auditivos. Naquele momento eu não tinha conhecimento ou instrução sobre o uso, nem mesmo meus avós usavam aparelhos auditivos e eu usaria? Também houve, em paralelo, a aceitação dentro de casa, de como não haviam percebido algo “errado”?

Estava no cursinho, em um ciclo social totalmente novo, sem meus amigos que cresceram comigo, em uma sala nova, conhecendo um novo mundo de sons perdidos. Não queria usar no cursinho o aparelho que me foi entregue como teste para adaptação, tinha vergonha e me faltava compreensão da situação naquele momento. Aos poucos, com um trabalho de introdução excepcional da fonoaudióloga e muito amparo da minha mãe, comecei a usar os aparelhos dentro de casa, para estudar, ver um filme com a minha família, jantar com eles. O primeiro som que me chocou foi ao fazer xixi, eu não tinha noção do barulho que fazia e sempre que lembro disso me faz rir muito.

Percebi então que era muito melhor estar com os aparelhos auditivos do que sem eles! Eu gostava de perceber o ambiente, de não precisar olhar toda hora para quem estivesse falando, e então no segundo semestre de 2017 comecei a usar definitivamente os aparelhos. Até dormia com eles para então acordar sozinha! Mas meus pais seguiram sempre acordando comigo, tendo certeza que estava tudo certo. Entretanto, no fim daquele ano prestei as provas de vestibular sem aparelho auditivo, com medo e vergonha de ter que me explicar ou de passar por alguma situação desconfortável, mas com um zumbido interminável durante as provas.

A faculdade de Medicina

No fim de 2017, com 18 anos, fui aprovada em medicina, no sul de Minas Gerais! Em paralelo a aprovação, novos testes mostraram que agora eu já tinha perda auditiva moderada, o que era leve não existia mais e o zumbido estava cada vez mais alto. Mas e agora? Mudar de estado sozinha, sair de casa pela primeira vez na minha vida, mudar tudo, sozinha.

Decidimos que eu moraria com uma colega durante o primeiro ano de faculdade, para me adaptar a tudo. Muitas vezes minha mãe me mandava mensagem e até me ligava cedo para ter certeza que eu acordei para a faculdade, a colega que morava comigo passou a me ajudar muito durante o dia para minha melhor compreensão. Mas eu ainda tinha vergonha, vergonha de me expor, de acharem ruim, de acharem graça.

Tudo era novo, 18 anos, primeiro período de medicina em outro estado, primeira vez fora de casa e eu queria participar de todas as atividades assim como meus colegas, não queria ser diferente. Compramos um estetoscópio simples, afinal eu havia acabado de passar em medicina! Eu tinha que tirar meus aparelhos para auscultar mais ou menos durante as consultas, mas nem mesmo os melhores Littman* dos meus colegas estavam dando conta. (*Marca de estetoscópio reconhecida pela qualidade da ausculta e produto.)

Durante as aulas, passei a me sentar mais para o meio/fundo da sala, sem chamar muita atenção. Acompanhava as aulas por transcrições e resumos dos meus veteranos, me esforçando a prestar atenção nos professores e estudava os assuntos depois, de novo, em casa. Desenvolvi meu método de estudos a partir de materiais escritos, muitas vezes com ajuda de amizades que vinham se formando.

Em paralelo, haviam relações sociais novas para lidar, colegas, amigos, professores, festas e eventos, e como boa recém universitária, eu queria também participar! O choque porém, veio após os primeiros jogos da faculdade, logo no primeiro período. Participei de 4 dias de evento esportivo e festas com meus aparelhos, faço parte do time de basquete e durante os jogos a bateria da faculdade ecoava no ginásio inteiro, aquele barulho constante, além das festas e do som exaustivo, durante os 4 dias. Ao fim do evento, no conforto de casa, percebi que mesmo com os aparelhos, eu não estava mais conseguindo ouvir, e o zumbido mais alto do que nunca!

Voltei para minha cidade para realizar uma nova audiometria e evidenciamos que sim, a exposição ao som resultava na aceleração da progressão da surdez! Agora a perda já era moderada-severa. A partir dai buscamos em conjunto a fonoaudióloga soluções para não me privar de eventos da faculdade e de ciclos sociais – como eu não iria em um Intermed durante a faculdade? – mas sem lesar minha audição. Passei então a usar protetores de ouvido em situações que o barulho era excessivo, me comunicando “no silencio” através de leitura labial.

Com a progressão da surdez e as mudanças de ambiente, o esforço para me manter em rodas de conversa e ambientes sociais foi progressivamente crescendo. A necessidade da compreensão de amigos e colegas em falar mais claramente ou até mesmo olhando para mim para que eu possa acompanhar os assuntos se tornou cada vez mais evidente.

Também ganhei dos meus pais o famoso SmartWatch, meu relógio que hoje eu não tiro para nada, ele vibra para me acordar pela manhã, me informa quando estou recebendo ligações ou notificações e me guia durante o dia proporcionando minha independência. Percebi então o quanto a tecnologia seria minha melhor amiga quando se trata de surdez.

Dentre os dois primeiros anos da faculdade, durante atendimentos básicos meus colegas de sala me auxiliavam, faziam a parte de ausculta ou “traduziam” para mim alguma coisa que não escutei. Sempre fui acolhida por meus colegas e amigos de sala que sabiam da minha surdez, respondia suas duvidas e tratava com leveza o assunto, afinal eu já estava conformada que não ouvia, mas ainda sim tinha receio das reações e situações.

Me dediquei também a estudar e entender através da medicina o meu quadro clínico, desde a anatomia do ouvido, a fisiologia, neurologia e neurofisiologia que possibilita (ou impossibilita) a audição. Posteriormente no curso tive também o privilégio de acompanhar o programa de implante coclear que é promovido pelo hospital escola da minha faculdade, entrando em contato e me identificando tanto com o lado médico, que explica, acolhe, auxilia e cuida, quanto com o lado do paciente que tem angústias, questionamentos e sentimentos conflitantes sobre a surdez

Até acostumar…

Passei por duas situações que creio serem válidas compartilhar:

O salvamento: a primeira foi durante a minha adaptação de utilizar protetores auriculares em festas e eventos, eu retirava os aparelhos, os guardava na caixinha na bolsa e colocava os protetores. Durante uma festa, minha bolsa abriu e os aparelhos caíram da caixinha, quando me dei conta praticamente parei a festa inteira para procurarmos, voltei no dia seguinte no local para falar com o pessoal da limpeza, enviei mensagem em todos os grupos da faculdade, pois mesmo com receio da exposição, naquele momento os aparelhos eram o mais importante! Ao mandar as mensagens, recebi que uma veterana havia visto no chão, sabia o que era pois o pai utilizava aparelhos e fez todos os amigos dela ajudarem a procurar o outro par! Foi incrível a disposição dela em ajudar mesmo sem fazer ideia de quem havia perdido.

A pilha: a segunda situação ocorreu no final do meu segundo ano, estava buscando informações sobre o currículo na faculdade de medicina e percebi que um certificado de proficiência em inglês pontuava muito em provas de residência. Decidi então que me prepararia para prestar o Cambridge, já que estudei inglês durante toda a minha vida escolar. No dia da prova passamos por quatro avaliações, sendo elas de escrita, leitura e interpretação, compreensão oral (áudio) e conversação. Ao me inscrever já informei a escola sobre a necessidade de realizar a prova de compreensão oral em uma sala especial ou com fone de ouvido, ao invés de uma sala comum onde o som era projetado a todos. Não podíamos ter contato com nada ou ninguém durante o dia da prova, mas então, no inicio da prova de áudio, a pilha do meu aparelho acabou! Minha mãe havia ficado na escola de inglês, me esperando durante o dia e assim foi possível que ela entregasse à professora pilhas para eu finalizar e concluir o teste, mas naquele momento eu estava sujeita a não compreensão de quem estava aplicando a prova! Hoje sou certificada em proficiência de inglês Cambridge C1.

Os desafios da surdez

Durante meu terceiro ano de faculdade, 2020, a pandemia Covid-19 paralisou o mundo, uma nova patologia, sem evidências suficientes para analisar os impactos a longo prazo, associada ao caos imediato que se instalou, afetando todas as áreas que antes conhecíamos no cotidiano. Minha faculdade passou a ser EAD, voltei para Campinas e me esforçava a acompanhar as aulas que muitas vezes cursavam com áudios falhos e barulhos de fundo, assistia as aulas no silêncio do meu quarto, as vezes com fone extra-auricular para a melhor compreensão, porém passando mais uma vez a me basear em transcrições, resumos e materiais escritos. Não sabíamos também como o vírus podia interferir na minha audição, se poderia progredir a perda, o medo dobrou para não nos contaminarmos.

Mas o real problema veio quando retornamos ao presencial, quando os professores passaram a dar aulas de máscara. Agora, no quarto ano de medicina, em 2021, o contato com o paciente, em consultas e prática era diário, não havia mais a possibilidade do professor não entender a situação, se não eu apenas não participaria. Passei então a me expor mais aos médicos e professores que nos acompanhavam na prática, porém passei a depender mais ainda de meus colegas visto que os professores não podiam tirar a máscara para me explicar e eu teria que fazer atendimentos sozinha assim como meus colegas para praticar.

Neste momento, eu sequer cogitava tirar meus aparelhos para por um estetoscópio e tentar realizar a ausculta, pois sabia que não teria resultados, e me baseava na descrição da ausculta que meus colegas e professores dispostos me passavam para o diagnóstico. Enfrentei situações desafiadoras durante o curso, em que fui questionada sobre minha capacidade, também acabei por me permitir que sentimentos como tristeza e dúvida me atingissem, duvidando de mim mesma.

Passei por um teste prático em que deveria realizar o exame físico completo e o descrever para ser aprovada na matéria, sabendo que não seria possível, informei minha mãe da situação e em resultado a coordenação da faculdade se envolveu, fui também guiada ao centro de fonoaudiologia do hospital da faculdade onde foi evidenciado que de fato: eu era surda! Não havia como exigirem algo nesse porte, e eu passei na prova a partir da descrição da ausculta de outra professora responsável por me aplicar a prova, a qual compreendeu a situação.

A partir disso, a busca por um estetoscópio adaptado que poderia me auxiliar se intensificou, meus pais passaram a pesquisar sobre modelos, preços e meios viáveis de complementar meus estudos. Em paralelo, foi o momento que me vi a frente da porta do armário da surdez, passei a falar e explicar cada vez mais na faculdade sobre minha surdez, ao conhecer um professor, residente, enfermeiro, qualquer pessoas que conviveria comigo, eu prontamente informava, goste ou não, já estava ciente, assim como agora a coordenação também estava ciente e atenta a quaisquer possíveis intercorrências. Ouvi de colegas que me conheciam desde o começo da faculdade e de profissionais frases como “nossa mas nem parece”, “mas você me escuta e fala normal” e até mesmo ouvi que minha audição era seletiva e que eu ouvia quando queria.

Compramos nos EUA meu estetoscópio no final de 2021, após muita pesquisa e testes. Utilizo hoje o ThinkLabs One, em associação ao fone extra-auricular da Bose QuietComfort 45, em que o fone recobre todo o meu aparelho auditivo, vedando barulhos externos e me possibilitando realizar as auscultas através da transmissão do som por fio, preservando ao máximo a qualidade do som.

Passei então a me posicionar o mais perto possível dos professores para acompanhar as discussões em ambientes práticos e na frente em salas de aula, recorrendo se necessário aos meus colegas para captar informações que haviam sido perdidas. Sendo possível a realização plena de atividades práticas como plantões, enfermarias, ambulatórios, pronto-socorros e procedimentos cirúrgicos.

Atualmente

Hoje em dia, com o diagnóstico de surdez neurossensorial bilateral severa progressiva desde 2022, sou a menina do fone de ouvido nos corredores do hospital, onde realizo toda a prática médica e atendimentos assim como meus colegas, somada a muita paciência e leveza da minha parte, me apresentando a cada novo plantão, explicando o porque estou com fone e informando que posso precisar de ajuda para conferir uma ausculta que possa me trazer alguma dúvida, ou mesmo precisar que repita o que foi dito. Percebi também as diferenças de ambientes que existem dentro da prática médica, não somente de afinidade com as áreas, mas em questão de barulho.

A necessidade de concentração, foco e atenção que um centro cirúrgico exige, onde todos estão falando com máscaras, onde existem máquinas fazendo barulhos, macas passando; ou mesmo uma sala de emergência onde há diversos eventos ocorrendo em paralelo, seguido de ordens de preceptores e perguntas a serem respondidas. São situações desafiadoras que enfrento no cotidiano, que trazem muitas vezes angústia e ansiedade quando acordo e penso sobre o que pode ocorrer no dia, onde tento prever as situações que podem surgir e como posso provar, até mesmo para mim, que posso sim formar na medicina! Que estou formando na medicina!

Conclusão

O convívio com a surdez traz diferentes vertentes e cada pessoa tem uma experiência própria. No meu caso, minha auto-aceitação ocorreu aos poucos, passo a passo para eu me habituar com tudo aquilo que estava sentindo e com as situações diárias que deveriam ser adaptadas.  Mesmo com os desafios que enfrentei e ainda enfrento durante a graduação, recebendo olhares nos corredores do hospital por estar de fone, ouvindo frases como “eu também sou um pouco surdo” e “mas você está falando comigo, como é surda?”, sou muito grata por ter saído do armário da surdez, aprendendo também na prática tudo aquilo que vejo na teoria. Conheci pessoas extremamente compreensivas e dispostas a me ajudar caso necessário, assim como aprendi a lidar com a minha reação frente a situações que me desafiaram, crescendo e me desenvolvendo a cada dia, com o objetivo hoje de me formar sem ver a surdez como um impeditivo, mas sim como uma oportunidade de aprender e até mesmo ensinar de um novo jeito a quem possa precisar!

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  como comprar aparelho auditivo

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

1 Comment

  • […] Hearing loss and Med School do go hand in hand! When I read the text that Luiza posted on the Club of Deaf Who Hear – and the reaction of the group members – I contacted her and asked her to share her story as a Deaf Medical Student Who Hears on the Chronicles of Hearing Loss. I hope that you – mothers and fathers of deaf individuals who can hear – read and be inspired. Hearing loss should not hinder the realization of our professional dreams! The following testimony was released in Crônicas da Surdez. […]

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