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Foto: Shutterstock

Este post é um desabafo de um familiar ouvinte de uma pessoa que perdeu a audição, após procurar no Google  sobre como lidar com o seu familiar.

‘Hoje, após um mal entendido horrível na comunicação aqui em casa, desesperadamente dei uma busca no Google: “como lidar com quem perdeu a audição“. Nunca achei nada que descrevesse ou que orientasse, ou ainda nenhum desabafo de quem convive com quem se tornou surdo.

Quando encontrei esse blog, eu li, li, li, chorei, me coloquei no lugar de vocês (como faço quase diariamente na minha casa), mas como era de se esperar, os relatos e comentários são de surdos, com todos os diferentes graus de surdez.

Fácil ou difícil?

Me identifiquei muito com as histórias e os problemas, mesmo sendo ouvinte. Conviver com quem não ouve não é fácil, mas com certeza não ouvir é muito mais difícil.

Eu posso imaginar o quanto é perturbador não escutar, mas nunca vou ter a real noção do que é viver ficando a cada dia mais mergulhado no silêncio. Sinto tristeza por não poder compartilhar uma música, pelo incômodo em lugares ruidosos, pelo cansaço e por toda a privação. Assisto a angústia de ver a parte prática da vida ficando cada dia mais desafiadora e tento com todas as minhas forças minimizar os problemas.

Aprendi a falar alto, a gesticular e articular mais, a auxiliar na comunicação com os outros e a ter paciência. Cansa! Mas a paciência e a compreensão se renovam a cada dia.

Pequenas epifanias

Porém, hoje tive uma epifania de que a minha paciência e compreensão não bastam se a pessoa que não ouve não tem paciência com ela mesma. Se ela não aprender a lidar com as frustrações trazidas pela deficiência, a comunicação, a convivência e o bem estar estarão definitivamente prejudicados.

Além do silêncio infernal e eventualmente um zumbido, o telefone será sempre um problema, o aparelho vai inevitavelmente te deixar na mão de vez em quando e você vai perder o fio da meada em muitas conversas. É altamente compreensível que tudo isso seja mais que suficiente para irritar, enlouquecer e derrubar uma pessoa para o fundo do poço.

Mas, ninguém está sozinho! É preciso olhar ao redor e perceber que há empenho de quem está ao seu lado e isso precisa ser reconhecido e agradecido. É um aprendizado para todos e ficar irritado, triste, isolado e sem esperança não é uma opção para a família ou para o grupo que você integra. 

Saiba que o ouvinte que está ao seu lado está fazendo um esforço imenso por você, está aprendendo também a se comunicar e a interagir de outras formas, portanto seja paciente e gentil com ele também.

Acredito que há leitores ouvintes por aqui, então acho que seria legal saber quais tipos de problemas na comunicação mais desgastam a relação com quem enfrenta a surdez. Quem sabe uma tática, dica, macete, alguma solução prática para os obstáculos do dia a dia para compartilhar e ajudar quem convive, ama e quer facilitar a vida de quem encara a pesada condição de viver no silêncio.’

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

12 Comments

  • Vanessa
    10/03/2017 at 20:09

    Olá tenho um filho ja com 11 anos ,nasceu com D.a e aos poucos estar perdendo mas . Não tem sido fácil,ainda as nessa fase de pre adolescência,mas acredito que a Fé,a compreensão e o amor superam tudo…sempre devemos nos pôr no lugar do outro,e tratar o outro como gostariamos de ser tratado…

    Reply
  • Márcia Lima
    11/11/2015 at 13:45

    Boa tarde!!!

    Pessoal..

    Sou estudante de pedagogia, surda unilateral, estou fazendo o meu TCC sobre o aprendizado do aluno surdo unilateral, mostrando as dificuldades que nos enfrentamos.
    Montei um questionário, pois esta foi a metodologia escolhida, gostaria de saber se vocês podeiam me ajudar respondendo, aos que aceitaram estou encaminhando via e mail.

    Que puder me ajudar me encaminhe o e-mail, para que eu possa mandar o questionário.

    E-mail: marcia.ld@ig.com.br

    Desde já agradeço a atenção.

    Reply
    • Márcia Lima
      11/11/2015 at 13:48

      Boa tarde!!!

      Pessoal..

      Inclusive umas das bibliografias do meu TCC é Cronicas da Surdez

      Reply
  • Henrique
    04/11/2015 at 14:55

    Também fico extramente irritado com pessoas próximas que simplesmente esquecem do problema de audição que tenho. Tentei muitas vezes chamar atenção para participar de uma conversa, mas é inútil.
    Agora, se estiver excluído de uma conversa, simplesmente saio, e muitas vezes nem notam minha ausência. Pelo menos fico menos irritado, e não irrito a ninguém. Não sei onde isso vai dar…
    Perceber se o deficiente está alienado em determinadas situações, se prestar atenção somente, procurar de alguma forma melhorar, não repetindo sempre os mesmos erros tipo responder uma pergunta que o deficiente não entendeu, com certeza lhe trará alegria.

    Reply
  • renata
    29/10/2015 at 12:11

    Pois é…E dificil mesmo. Mas…nunca ouvi um comentário desse tipo sobre uma pessoa com outro tipo de deficiência. Nunca ouvi falar – e me corrijam se estiver errada – como uma pessoa que não vê pode ajudar aos que vêem a ter uma relação melhor com o cego. Nunca ouvi falar que um cadeirante deve lutar para minimizar sua deficiência, como fazem com os surdos.
    Desculpem, mas o que sinto é que os surdos sao praticamente “culpados” pela sua deficiência. Eu entendo o ponto de vista do ouvinte. E se não se adaptam aos aparelhos é culpa deles. Se nao gostam de usar o AASI dentro de casa…ninguem pode falar um pouco mais alto tb…isso e desgastante para o ouvinte..Mas nao e desgastante para o deficiente ficar 12/15 horas com alguma coisa no ouvido.
    Ah..outra coisa..o surdo deve se aceitar..mesmo com o mundo olhando-o com olhos de reprovação, olhos de desapontamento, olhos diferentes.
    Entendo o drama do ouvinte convivendo com o surdo. Mas a culpa não é de quem possui a deficiência. Isso para quem nao ouve bem, não e claro.

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  • Elenice
    29/10/2015 at 09:38

    Nossa Mary, disse tudo. Eu tb fico muito cansada de me policiar em relação ao ouvinte. Eu as vezes fico irritada com as pessoas mais próximas, me tornando uma pessoa brava e antipática. Tudo que eu queria é me tornar uma pessoa melhor. Em primeiro lugar me aceitar. Acho que até que esta diferença foi uma das causas do fim do meu casamento. A paciência esgotou. Mas a vida continua. Bjs.

    Reply
  • Cristiane
    29/10/2015 at 09:03

    Lindo desabafo!??
    Me fez ver a mim mesma 3 anos atrás buscando algo na internet para restaurar meu relacionamento que estava mudo e surdo, sufocado e para mim acabado.
    Fiz um seminário muito bom que me trouxe respostas no primeiro dia , nosso erro estava ocorrendo na comunicação ópica e relacional.
    Foi revelador ouvir aquilo pondo por terra toda mágoa ao ser retirado a culpa do parceiro, o erro era na comunicação e não da pessoa que amamos, trazendo assim o entendimento dos fatos e restaurando nosso amor.
    Erros na Comunicação desgastam qualquer relacionamento, seja deficiente, visual, auditivo ou sem deficiência.
    A dica e o macete que recebemos foi:
    Não crer na palavra que ouvirmos, se ouvirmos gera-se um sentimento com nome ex: ódio, medo, raiva etc…. mais na verdade esse sentimento que “vive” em você, você precisa de ajuda para ser livre dele.
    Tenho certeza que essa mesma dica serve para quem vive no silêncio , afinal também vivíamos sem perceber.

    Vou contar uma história pra vc entender melhor:
    era uma vez uma mulher que viu um urso imenso se aterrorizou e rapidamente entrou em uma toca escura e fria para se defender do urso. Mais ao entrar lá existia uma serpente que a pica, ela chora, sente muita dor, sofrimento e pensa até que vai morrer.

    A “serpente” todos nós temos uma, e sempre culparemos o urso que está lá fora se entrarmos na toca escura e se isolar.

    A Dica e o macete que vc busca é esse:
    não temer ao urso lá fora e nem se esconder, não creia naquilo que gera esse sentimento ruim e vc não será vítima da serpente.
    Nós sofremos por algo que a vida nos fez.
    A serpente no meu caso era a rejeição, medo de abandono, desvalor.
    Acredite , todos temos uma “serpente”, basta indentificar esse sentimento e verá que a cada vez que entra na toca, sempre é o mesmo sentimento que vem .Pense e analise antes de prosseguir lendo….. Qual sentimento que mais te faz sofrer? Que sempre se repete ?Podem ser mais de um.

    Ao indentificar esse sentimento depois vc conseguirá identificar a raiz dele e aí vira uma cura e a defesa.A raiz dele seria descobrir onde tudo começou, onde ele surgiu pela primeira vez.Deus pode te responder isso no seu particular, basta perguntar pra Ele.
    Ao descobrir a raiz dele, nunca mais culparemos o urso e sim a serpente que quer nos picar.
    O prazer vira quando vc o fizer.
    Acredite, ela não vai desaparecer,ela estará sempre lá te esperando pra te picar, mais você agora saberá se defender dela. A chamamos de inimigo da nossa alma.

    Espero ter ajudado.Isso salvou meu casamento e não poderia deixar de compartilhar pra você!
    Não estou dizendo que vc está em crise, mais se tratando de comunicação , que foi meu sofrimento tinha que compartilhar! Como amiga e admiradora !!!
    Hoje eu e meu marido vivemos blindados e apaixonados.

    Receba com muito carinho!Pois com extremo amor escrevi cada linha como se estivesse escrevendo para minha filha em um par de anos.
    Vocês são muito especiais! Sou grata a Deus por ter te conhecido.

    Cristiane G.

    Reply
  • Mary
    29/10/2015 at 08:42

    Uma alternativa é escrever palavras chaves enquanto fala com o surdo. Mas o surdo precisa aceitar esse recurso, TB.

    Reply
  • Mary..
    28/10/2015 at 22:16

    Sim é difícil. mas não é impossível, mas depende mto eu acho que da personalidade da pessoa.e não só da surdez em si. acho que a forma mais fácil.de lidar no dia à dia.eh ter mta paciência.falar sempre d frente olhos nos olhos. com voz calma e devagar falar como se estivesse cantandoo..ou soletrando.isso se a pessoa com surdez já ouviu antes e foi perdendo aos poucos.. pois quando o cérebro. ta normal. ele vai codificando.vai reformulando vai concluind cada frase dita em um diálogo. e assim vc. vai entendendo o outro que esta falando com vc. Mas sim her necessario exsforço por parte.do surdo..e paciência pelo outro lado… porque este he o meu caso não deixo tudo por conta do ouvinte tento me enpenhar o máximo possivel pra que não seja um fardo estar ao meu lado seja amigos família..ou outro qualquer. mas esta super concentração. me deixa mto cançada. porque eu não me sinto feliz se achar que sou um fardo para o outro. Mas pessoas com surdez podem ter impaciencia.irritabilidade,triste.e ate depressiva..por isso acho importante o proprio surdo se observar, mas as pessoas geralmente não observam os seus erros ou defeitos. alguns só cobram do outro.sendo assim fica difícil.. Pois eu nasci ouvinte e fui perdendo a Audição.com o tmpo tdo começou aos 12 anos.,.,,seuspoucos

    Reply
  • Magda
    28/10/2015 at 18:02

    Paciência é a palavra qualquer pessoa pode passar por isso. A surdez não escolhe idade e pode vir por diversos motivos. Então temos que ter empatia.
    Bjs

    Reply
  • Fabiana
    28/10/2015 at 17:39

    Nossa que história!
    Quando você se casou seu conjugue já apresentava sinais de surdez?
    Mas o amor renova as energias,quando tem amor todo problema é superado!

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  • Silene Castro
    28/10/2015 at 16:45

    Meu nome é Silene, em 2009 fiquei gravida de um menino, um bebê super esperado, muito amado, ele nasceu em abril de 2010, e por conta de uma ictericia, ele perdeu a audição, se chama Arthur, e foi diagnosticado depois de vários exames com Neuropatia Auditiva. Fiquei sem chão, pensar em não ouvir meu filho me chamar de mãe, não fazer as perguntas dos porqûes. Nossa comuniação é dificil, mas tento entender a mensagem que ele quer passar.
    Hoje estamos aguardando a data da cirurgia para implante coclear em Bauru.
    E nunca perdi as esperanças de um mundo melhor para ele.
    Espero voltar logo por aqui para falar do sucesso do meu Arthur.
    Abraços

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