Menu
Crônicas da Surdez

Notícias da Europa

fotobiarritz1

Tenho mil posts pra escrever sobre essa viagem – anoto todos os insights no iPod e depois vou transformar, com calma, em textos. Mas não podia deixar de mostrar pra vocês algo ‘inusitado’ porém nem tão inusitado. Essa foi uma cena que me acompanhou durante todos os verões que passei na praia: estávamos em algum bar/restaurante/sorveteria e passava um surdo, deixava um papelzinho com o alfabeto em sinais e um adesivo, e mais outro papel que dizia “sou surdo mudo, me ajude com R$1“.

Pois esses dias eu estava em Biarritz, no norte da França, quando aconteceu exatamente a mesma coisa. Passou um surdo, e deixou o papelzinho acima junto com um chaveiro em cima da minha mesa. A tradução é a seguinte:

“Sou surdo mudo, não desejo esmola, mas uma pequena ajuda da sua parte para poder viver dignamente na sociedade. Ofereço este objeto ao preço de 4 euros. Se puder doar um valor a mais, fica a critério do seu coração. Obrigado!”

Hoje em dia isso não me toca mais. Aliás, me causa até uma certa repulsa. O que vocês acham disso?? Não gosto do ‘surdo mudo’, não gosto do ‘me ajude a viver dignamente na sociedade’, não gosto do pedido de esmola disfarçado – inclusive o moço que fez isso nem de longe parecia alguém que precisava desse tipo de caridade. E ainda ficava furioso quando as pessoas não compravam o chaveirinho… Curioso perceber que alguns surdos que vivem na ‘comunidade surda’ têm o mesmo modus operandi em qualquer parte do mundo.

Grupo SURDOS QUE OUVEM

Você se sente sozinho? Solitário? Não tem com quem conversar sobre a sua surdez? Gostaria de tirar mil dúvidas sobre os seus aparelhos auditivos? Gostaria de conversar com pessoas que já usam implante coclear há bastante tempo? Precisa de indicação de otorrino especializado em surdez e fonoaudiólogo de confiança?

Somos 22.000 pessoas com algum grau de deficiência auditiva no Grupo SURDOS QUE OUVEM. Para ganhar acesso a ele, basta se tornar Apoiador Mensal do Crônicas da Surdez a partir de R$5.







NOSSAS REDES SOCIAIS

LIVROS CRÔNICAS DA SURDEZ

Neste link você encontra os seguintes livros:

  1. Crônicas da Surdez: Aparelhos Auditivos
  2. Crônicas da Surdez: Implante Coclear
  3. Saia do Armário da Surdez

RECEBA NOSSAS NOVIDADES NO SEU EMAIL

Clique aqui para receber.

About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

14 Comments

  • Lara
    04/06/2012 at 22:05

    Aqui na Bahia tb tem isso…

    Reply
  • Priscila
    04/06/2012 at 18:35

    Isso também não me comove!!! Por duas vezes estava almoçando com minha filha (usuária de IC e AASI)num shopping de SP e um casal passava de mesa em mesa com um bilhete escrito: Somos surdos-mudos e precisamos de ajuda para comprar aparelhos auditivos que custa em torno de R$ 2.000,00. Várias pessoas ficavam comovidas e com cara de dó e acabavam dando dinheiro ao casal. Sinceramente não dou um centavo, sabemos muito bem que hoje em dia várias instituições doam aparelhos auditivos mesmo para adultos… outra, não me agrada a ideia de que deficiente tem que ser visto como coitadinho e esse tipo de atitude faz com que a sociedade tenha cada vez mais essa visão. Quanto ao casal os seguranças do shopping pediram para que eles se retirassem do local…

    Reply
  • Deni
    04/06/2012 at 17:55

    Lembrei de uma passagem: alguns anos atrás perto da empresa na qual trabalhei havia um sinaleiro onde uma senhorinha em uma cadeira de rodas vendia doces e balas aos motoristas. No final do dia “euxastivo” do trabalho de vendas, e claro, de empurrar a cadeira pra lá e pra cá, adivinhem? Ela chamava um táxi para ir embora!!! Até hoje eu nunca soube como ela chegava ao sinaleiro para “trabalhar”…

    Por essa e outros fatos que presenciei, manifesto meu repúdio aos “coitadinhos”.

    Reply
  • Lak Lobato
    04/06/2012 at 10:45

    Outro dia, eu estava no taxi e um cego, acompanhado de um ‘vidente’ (alguém que enxerga, não quem lê o futuro haha) veio com aquela camiseta ‘Ajude o cego, dê esmola’, algo assim.
    O taxista falou que não tinha. E perguntou pra mim o que eu achava…
    Respondi, tirando o IC da olha: Eu sou deficiente também e estou aqui pagando seu taxi, não? O que você acha que eu acho disso? Acho que foi-se o tempo que não havia NENHUMA oportunidade para pessoas com deficiência. Não que seja perfeito, mas o sistema de cotas nos ajuda. O governo nos ajuda. Milhares de associações nos ajudam. Não vejo a menor necessidade de usar a deficiência para pedir esmola. Isso só aumenta o estigma que a sociedade tem para conosco.
    O motorista ficou tão estupefado com a minha resposta que disse ‘finalmente, alguém confirmou tudo o que eu pensava’.
    Acho um nojo essa atitude, porque, inclusive, a gente SABE que existe gente sem deficiência nenhuma se passando por deficiente pra conseguir caridade. Aff
    Beijos

    Reply
    • Maria
      04/06/2012 at 15:28

      Deveria ter um botão de curtir aqui, curti este comentário!

      Reply
      • Lak Lobato
        04/06/2012 at 17:58

        hahaha as vezes penso isso também, viu?

        Reply
  • Gê Santos
    04/06/2012 at 09:45

    Isso também não me comove, não dou um centavo. Aqui em são Paulo não dão apoio a esmola, no metro é proibido todo e qualquer tipo de pedinte, vendedor ambulante,etc. Certo dia minha amiga fez uma cirurgia, e passou uma mulher pedindo dinheiro ou leite para dar ao seu filho, minha amiga como estava ainda com os pontos, não tinha condições de fazer esforço, ela chamou a mulher e pediu que a mesma fizesse algumas tarefas para ela naquele dia, e no término lhe daria alimentos e algum valor, a mesma respondeu: estou aqui na sua porta pedindo ajuda de alimento ou dinheiro , não estou pedindo emprego, fiquei chocada quando soube, tem gente que faz o maior esforço para não trabalhar e viver as custas dos outros, seja “surdo mudo” como fazem questão de se apresentar, ou qualquer outro tipo de pessoa. Estou em uma luta brava, para voltar a trabalhar em um local adequado para minha deficiência, enquanto isso estou afastada, aguardando readaptação.

    Reply
  • Sávio Wanderley
    04/06/2012 at 09:33

    quase esquecendo e hoje recebo aposentadoria que com os empregos (entre um e outro) acumulados eu conseguir.

    Reply
  • Sávio Wanderley
    04/06/2012 at 09:31

    não só os surdos vendem, tambéns os ouvintes que são a maioria e tambéns falsos que se faz passar por surdos. respeito a opinião contra esses vendedores surdos. eu era vendedor de chaveiros com alfabetos manuais e ia sempre de casa a casa para vender chaveiros e fazia isso enquanto procurava emprego que na minha época (nos fins de 70 e no começo de 80) era dificil e era trabalho braçal e entre emprego a outro fazia bicos que é vender chaveiros,são poucos como eu que prefere emprego a vender chaveiros. ai eu pergunto prefere que eu roube enquanto não tenho emprego? muitos politicos brasileiros em sua maioria são corruptos ganhando dinheiro a custa do povo enquanto alguns surdos tá vendendo chaveiros pra sua subsistência,atualmente os vendedores surdos estão diminuindo com o programa de governo para melhoria de vida das pessoas com deficiência em relação ao emprego, o que eu detesto e não gosto é o beneficio dado as pessoas com deficiencia que seja incapacidade para trabalhar quando na verdade tem capacidade para vender e fazer bico pra ganha mais.abraços

    Reply
  • Ines Martins
    04/06/2012 at 07:02

    Isso me fez lembrar O Corcunda de Notre Dame, pois ao final do dia todos os deficientes iam dormir no Pátio dos Milagres, assim chamado pois ao chegarem lá, as “deficiências” sumiam como que por encanto. Ou seja, só agiam assim para ganhar dinheiro… Agora falando sério, deficiente ou não esse tipo de coisa não me sensibiliza. Raramente dou esmola na rua e quando o faço é porque o pedinte fez algo inusitado ou engraçado.

    Reply
  • Deni
    03/06/2012 at 22:32

    Affeee! “viver dignamente na sociedade”???

    Reply
  • Greize
    03/06/2012 at 22:07

    Achei que só tinha isso aqui, no Brasil??!!!
    Tb curiosa para saber as aventuras com o novo aparelho Pure Carat,retorno melhor do som??
    Estou com a revista da TAM, amei.
    Abraços

    Reply
  • SôRamires
    03/06/2012 at 22:05

    Esses surdos ou falsos surdos distribuindo papelzinho com alfabeto manual é um clássico internacional. Dá raiva, vergonha…pena não tenho há muito tempo.Em Buenos Aires infestam trens, metrô e ônubus e às vezes também invadem restaurantes…
    Outro dia me encheu tanto receber esse papelzinho sujo que eu falei bem alto pra todo mundo ouvir: eu também sou surda, eu trabalho!
    Se o surdo era falso surdo deve também ter ouvido.

    Reply
  • Maria
    03/06/2012 at 19:57

    Estou ansiosa para ler os seus relatos da viagem à Europa! Confesso que também estou ansiosa para viajar para a Itália e tentar conversar com os italianos! Vai ser super legal! Parleró molto italiano!

    Sobre este fato que você relatou, infelizmente tem no mundo inteiro. Há pessoas relaxadas e que não querem lutar para mudar a própria situação dentro do mundo. Fora que também há pessoas que querem se aproveitar da bondade alheia e se fazer de coitadinho para ganhar dinheiro. Este tipo de coisa não nos comove porque nós conhecemos o outro lado da moeda da surdez.

    Reply

Leave a Reply