Todo mundo que descobre uma perda auditiva ou desenvolve zumbido quer saber se a surdez tem cura. O post “Surdez Curável X Surdez Tratável: afinal a surdez tem cura ou TRATAMENTO? do otorrino Dr. Luciano Moreira, dá um panorama sobre o assunto com uma visão médica.
Não é segredo que quem tem perda auditiva e zumbido adoraria encontrar uma cura para ambos ao invés de usar aparelho auditivo, implante coclear e fazer outros tratamentos. Segundo a OMS, há 1,5 bilhão de pessoas no mundo com algum grau de perda auditiva e/ou tinnitus, o que é um incentivo e tanto para que pesquisadores busquem pela cura da surdez.
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A perda auditiva e o zumbido podem ser causados por vários fatores, incluindo fatores genéticos, exposição ao ruído, medicamentos ototóxicos e o envelhecimento da população. Cada um desses fatores pode prejudicar ou levar ao desenvolvimento impróprio das células ciliadas que ficam dentro da cóclea. O resultado final: surdez e zumbido!
SURDEZ TEM CURA? Talvez um dia!
Nesse carrossel de fotos, explico da maneira mais didática possível porque ainda estamos muito longe de falar em cura da surdez neurosensorial em 2022. Os obstáculos para encontrar e implementar essa cura são gigantescos!
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As células ciliadas do ouvido
As células ciliadas são os nossos amplificadores naturais. Elas se posicionam em três fileiras na membrana basilar, e seu trabalho é amplificar as ondas sonoras.
Há uma fileira (acima) de células ciliadas, também embutida na membrana basilar, que é responsável por captar a vibração física e convertê-la em impulso neural do nervo auditivo até o cérebro.
Sem o funcionamento adequado das células ciliadas não acontece a amplificação necessária ao longo da membrana basilar para acionar o impulso neural.
A maioria das perdas auditivas é causada pela falta ou mau funcionamento das células ciliadas. Detalhe: essas células não se regeneram, ou seja, quando elas morrem, adeus.
Uma das maiores causas do zumbido é a falta de informação auditiva dos ouvidos para o cérebro – alô, perda auditiva. Se fosse possível regenerar as células ciliadas mortas ou danificadas, seria potencialmente possível curar a perda auditiva neurosensorial e o zumbido causado por ela.
Cura da surdez e do zumbido
Há pesquisas em terapia genética, terapia molecular e terapia com células tronco. Os cientistas já identificaram mais de 100 genes que podem causar surdez genética. A terapia genética poderia ser usada para prevenir essas perdas auditivas antes que elas ocorram, ou como uma opção de tratamento depois que elas ocorrem.
Hoje, há algumas pesquisas em animais que sugerem que a terapia genética poderia ser usada no combate à surdez e ao zumbido em algum momento, em um futuro distante.
A terapia molecular também é promissora. A ideia é usar diferentes compostos moleculares que poderiam penetrar na janela oval da cóclea para estimular a regeneração das células ciliadas. Vide pesquisas sobre FX-322 e FX-345 em andamento. Entretanto, repito: estamos MUITO LONGE de falar em cura da surdez. Muito longe mesmo.
Entretanto, os tratamentos disponíveis em 2022 para quem tem surdez são capazes até mesmo de recuperar bionicamente o sentido da audição – no caso do implante coclear – ou de permitir que uma pessoa com qualquer grau de surdez escute música via bluetooth direto nos seus aparelhos auditivos.
Células tronco e a cura da surdez e do zumbido
Há 4 tipos de células tronco usadas em pesquisas: embrionárias, adultas, pluripotentes induzidas e as “spiral ganglion derived neural”. Elas poderiam ser administradas endogena (estimulando as células tronco que existem na cóclea) ou exogenamente. Devido à falta de células tronco na cóclea, é muito mais provável que os métodos exógenos – como o transplante de células tronco – seriam mais eficazes.
Se as células tronco pudessem ser usadas para regenerar as células ciliadas em laboratório para que elas fossem então transplantadas para a cóclea, seria possível restaurar a audição natural do ser humano.
Tudo parece muito promissor e excitante, certo? Porém, há grandes obstáculos no caminho até que as células tronco se tornem uma opção viável no tratamento da surdez e do zumbido.
Primeiro, embora as pesquisas tenham sido eficazes em transformar células-tronco em estruturas de células ciliadas dentro de um laboratório, é outra história colocar essas células tronco em uma cóclea sem causar mais danos do que ganhos auditivos. É como dar dez passos para trás para poder avançar um passo.
Segundo, mesmo que houvesse sucesso em transplantar células tronco para dentro da cóclea, o fluido endolinfático que há na cóclea é um ambiente hostil para a sobrevivência destas células.
Terceiro, escolher as áreas-alvo exatas que devem ser atingidas para regenerar as células ciliadas mortas/danificadas e também fazê-las crescer de novo no local certo (e não em qualquer lugar).
Quarto, é preciso fazê-las estabelecer uma conexão neural com o nervo auditivo. Sem essa conexão, as células ciliadas não têm nenhuma utilidade para fazer um ser humano ouvir.
Quinto, as células tronco precisam ser programadas para se transformar no tipo certo de células ciliadas (inner ou outer hair cell) e também para se reproduzirem na quantidade necessária – caso contrário, o paciente teria um tumor crescendo no ouvido.
Notícias sensacionalistas sobre surdez: cuidado
Há poucas semanas pipocou na internet uma notícia sensacionalista falando sobre a cura da surdez através de terapia genética. Logo depois veio outra com “medicamentos revolucionários”. Trata-se de uma jogada de relações públicas para atrair investidores para as pesquisas, que até agora mostraram resultados pífios em poucos pacientes.
Talvez um dia, num futuro MUITO distante, possamos falar em cura da surdez e do zumbido dessa forma.
Até que isso aconteça – e se é que um dia vai de fato acontecer, levando em conta que fiz 40 anos e ouço falar nisso desde os 15 – os tratamentos da surdez estão aí. Quem ficar à espera da cura milagrosa ou do avanço a jato das pesquisas que possuem obstáculos quase intransponíveis só tem a perder.
A surdez não tratada causa uma privação auditiva ao cérebro cujos prejuízos são terríveis. E eles são de todo tipo: sociais, emocionais, profissionais, familiares, linguísticos, etc.
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