Acho que um dos maiores desafios que a deficiência auditiva nos coloca diz respeito à nossa vida profissional. Quem acompanha esse blog já leu relatos de estudantes de medicina, de jornalistas e de outros profissionais que lidam com a surdez no dia-a-dia de suas profissões. Hoje, vamos ler o relato de um ilustre advogado gaúcho.
CRÔNICAS DA SURDEZ ALÉM DAS NUVENS
*Flor Edison da Silva Filho
“Folheando a revista de bordo da TAM deparei com a reportagem sobre o ‘Crônicas da Surdez’, site editado pela Paula Pfeifer. Li com muito interesse, afinal sou como se diz por aí ‘surdo como uma porta’.
Chegando a Porto Alegre, tratei de me matricular no Crônicas da Surdez e comecei a receber os agradáveis – instrutivos na verdade – posts da Paula. Logo que tive oportunidade, enviei-lhe um e-mail elogiando o trabalho que vinha desenvolvendo.
E não é que ela me respondeu de uma maneira extremamente simpática! E ainda me lançou uma provocação para escrever alguma coisa sobre a minha experiência pessoal, que ela trataria de postar no Crônicas. Não preciso dizer que fiquei todo besta com o convite, tipo assim ‘me achando’…
Falando sério: fiquei muito orgulhoso com a proposta.
Mas, o mais importante de tudo é que o pedido dela me fez refletir que afinal eu teria, sim, muita experiência para relatar. Devo dizer que me foi requisitado falar a respeito de minha experiência profissional como advogado, profissão que exerço há muitos anos, e, a esta altura, creio que posso me considerar um advogado respeitado entre os colegas e magistrados, e bastante conhecido na minha área de atuação, tudo como resultado de muitos anos de dedicada atuação.
No entanto, preciso reconhecer e declarar em alto e bom som que a provocação da Paula me fez, pela primeira vez, refletir a respeito das dificuldades que devo ter enfrentado ao longo da minha existência, com os ouvidos moucos que possuo. Pois não é que passei flanando e advoguei esse tempo todo sem sentir a menor inferioridade, suprindo como possível as dificuldades.
De uns anos para cá, no entanto, não mais compareço a audiências porque não consigo acompanhar adequadamente os depoimentos. Meus colegas de escritório suprem, e bem, essa impossibilidade. Mas, ainda hoje, com muita frequência faço sustentações orais nos Tribunais.
É um sarro, porque tenho que me fazer acompanhar de um colega que vai me relatando os votos dos juízes: por escrito! E, como já aconteceu, se algum desembargador me dirige a palavra, esse colega trata de suprir a informação para que eu possa ser atencioso como convém. Boa parte deles já me conhece bem e sabe das minhas dificuldades. Mas, às vezes, a gente, quero dizer, nós, os deficientes auditivos, fazemos grosserias involuntárias.
Concluo, antes que isto aqui fique muito longo, contando um caso de grosseria que para mim foi dramático.
Num dia 11 de agosto, anos atrás, quando ainda me achava ‘dono da pelota’, fui fazer uma sustentação oral sozinho. Para os que não sabem, informo que o dia 11 de agosto é o dia do advogado. Meu processo era o primeiro da pauta. Presidia a sessão o Desembargador Délio Wedy. Antes de me conceder a palavra, o Dr. Wedy, que sempre dedicou muita consideração aos advogados, fez uma longa manifestação homenageando a classe em razão da data.
Eu, em pé na tribuna, sozinho e não ouvindo uma palavra do que ele dizia. Achei que era uma homenagem pelo dia, mas não tinha certeza. Na hora, fiquei sem iniciativa e não tive coragem de confessar a minha dificuldade, não a deficiência auditiva que isto era visível pelo uso de aparelhos e nunca escondi de ninguém, mas o fato de nada ter ouvido.
Afinal, não sabia o que ele havia falado. Embora a minha longa experiência profissional, fiquei sem ação, paralisado. Quando ele me deu a palavra, simplesmente fiz a minha sustentação oral e fui embora.
Ou seja, fui extremamente grosseiro com todos os integrantes da Câmara, pois deveria ter aberto minha sustentação com um gesto de agradecimento à homenagem aos advogados, era o que a educação impunha. Depois, tratei de tirar a limpo a situação e buscar um jeito de consertar a grosseria. Fiquei extremamente consternado com o fato, eu que sou um sujeito ameno e gentil. Escrevi uma carta a cada um deles e fui levar em mãos nos respectivos gabinetes. Acho que consertou tudo. Tomara que sim. 🙂
Pronto, Paula, eis aí um flash da vida do advogado deficiente auditivo, mesmo assim com intensa atuação forense, apesar do estranho nome – Flor – e que não pode se queixar da vida, porque ela só o recebeu com sorrisos.
Rindo do nome, talvez… Aliás, conviver com esse nome desde pequenino e nunca o transformar num F ponto Edison, serve de comprovação de que uma deficiência auditiva bilateral não seria suficiente para prostrar este gaudério. Depois explico, se houver oportunidade, de onde vem esse Flor com que carinhosamente me batizaram os meus saudosos pais. Tchau.”
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38 Comments
SANDRA REGINA P. C. DA SILVA
28/09/2016 at 14:58Oi, Bom Dia. Graça e Paz da parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O Ministério de Surdos da Igreja Evangélica Cristo – Missão Apostólica da graça de Deus. Deseja que o mês de setembro, chamado de “SETEMBRO AZUL”, é o mês especial para Comunidade Surda, Dia em que se comemora o Dia Nacional do Surdo (26/09) e Dia Internacional do Surdo (30/09). O Ministério dos Surdos da Igreja Evangélica Cristo Vive deseja a toda a Comunidade Surda as mais ricas bençãos. E, que, todos os vossos dias sejam repletos de realizações. Fazemos como nossas as palavras do Sábio Salomão em Provérbios 23:15-16 e 26 “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio. E exultarão os meus rins, quando os teus lábios falar cousas retas”. “Dá-me, filho meus, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos”. e, ainda, as palavras do Salmista Davi, do Rei Davi, em Salmos 20:1 e 4 : “O senhor te ouça no dia da angústia; o nome do Deus de Jacó te proteja, guarde e guie. Conceda-te conforme ao teu coração, e cumpra todo o teu desígnio”. São os votos do Bispo e Apóstolo Dr.Miguel Angelo da Silva Ferreira e a Bispa,Dra. Rosanna Ferreira, Pastoras, Diacaonisas e Cooperadores do Ministério de Surdos da Igraja Cristo Vive.
SANDRA REGINA P. C. DA SILVA
27/04/2016 at 14:01Oi, boa tarde. Continuando a falar sobre o o Tema do meu Projeto de Pesquisa _, o Artigo. Então, o tema anteriormente era ” Um Advogado surdo com Diversidade Funcional” e, agora, o tema foi mudado em razão da orientação do Professor Carlos Hilton para o que foi falado anteriormente, ou seja, ” Terminologia Jurídica: o Acesso do Tradutor e Intérprete de Libras, TILS no Judiciário” . A falta de acessibilidade para pessoa surda, os chamados Surdos-Mudos, Deficiente Auditivos, os Especiais ou eles são Pessoas Especiais. Graças à Deus, que , este jargão acabou. As injustiças sofridas por quem é surdo é muito grande. A situação de não se entender ou se fazer entender acabou. Porque, estabelecer lações de comunicação já é uma realidade, haja visto a presença do Intérprete , o TILS. Essa já se faz refletir com a presença deste Tradutor e Intérprete, TILS.
LETICIA LADEIRA
02/07/2018 at 19:14Boa noite. Me chamo Leticia, graduanda em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e pretendo escrever minha monografia sobre o acesso à justiça aos profissionais de Direito com deficiência. Como o tema do seu projeto de pesquisa se assemelha ao meu, gostaria de saber se poderíamos conversar sobre o assunto.
Agradeço a atenção, desde já.
Leticia Ladeira
SANDRA REGINA P. C. DA SILVA
20/04/2016 at 18:25Pesquisando na internet para fazer meu trabalho da Faculdade ( TCC – ARTIGO) deparei-me com “Crônicas da Surdez” e, seguindo orientação do Professor mudei o Título do meu ARTIGO e, ficou sendo, porque eu assim já pensava -” Terminologia Jurídica: o Acesso do Tradutor e Intérprete de Libras- TILS no Judiciário”. Estou me formando em Tradutor – Intérprete de Libras Bilingue. Sou Funcionária Pública Estadual Aposentada, Teóloga, Advogada, Psicanalista Clínica. Sou Intérprete em minha Igreja (Igreja Evangélica Cristo Vive / RJ). Amei o referido portal. Não desista nunca, vocês são mais que vencedores.Ajudo quando for preciso em audiências no Forum Central/Rj, Jacarepaguá/RJ ajudando os surdos que assim precisarem como foi o caso de um surdo em minha Igreja que ganhou o que foi ajuizado pela Defensoria Publica da Comarca de Jacarepaguá/RJ (Ação de Curatela e pleiteou 2 salário mínimos em razão de seu filho ter Paralisia Cerebral com incontinência Urinária e Fecal. E, teve ganho de causa.
Ana Cláudia Rufino
23/09/2015 at 14:48Correção : não sei se conseguirei dar conta.
Ana Cláudia Rufino
23/09/2015 at 14:47Sr.Flor Edison,
Bom dia. Adorei seu relato. Sou recém formada em direito, portanto no atual momento sou bacharel em direito e tenho minhas angústias ao pensar em qual caminho trilhar. Tenho 44 anos, Possuo deficiência auditiva de mediana a grave. Penso em concurso público, mas confesso que sinto vontade de advogar depois que passar no exame da ordem. Mas não dei que conseguirei dar conta ao falar. Eu gostaria muito de conversar com o senhor se possível. Meu email é quiconina@yahoo.com.br Vou aguardar um email do senhor para conversar.
Obrigada por compartilhar sua experiência e juntamente com outros corajosos que também expressaram seus percalços e vitórias vamos construindo um mundo melhor. Abraço.
Tatiane Lopes
29/11/2019 at 00:48Boa noite, que legal saber que você é bacharel em direito. Sou graduanda aínda e vou falar na minha monografia sobre o a pessoa surda como operadora de Direito. Gostaria muito de conversar com você se possível. Se puder pode me chamar no whatsapp? (98) 981410741. Agradeço.
Luis Fabiano
11/05/2015 at 04:39Sou deficiente auditivo, acadêmico do 10º Periodo de Direito, há pouco passei no Exame da OAB e, brevemente, irei exercer a advocacia. Muito boa a experiência do Dr. Flor Edison. Muito me anima. Pelas experiências e dificuldades quanto a acessibilidade na Faculdade, já previa algumas dificuldades no exercício da profissão. Apesar das novas tecnologias, aparelhos modernos, ainda sinto muita dificuldade de entendimento, quando há muito ruido. O bom é que dificuldade para nós não é sinônimo de desistência. Abraços!
Paula, achei muito interessante seu Blog. Vou adquirir seu livro, assim que puder. Ah! O tema do meu TCC é sobre Isenção de IPI na Aquisição de Veículos Automotores, na qual abordo justamente a exclusão do Deficiente Auditivo. Beijos!
Crônicas da Surdez
11/05/2015 at 11:04Seja bem-vindo!
🙂
Mara Ramires
26/03/2015 at 14:39Boa tarde,
Que pena ter lido este depoimento somente hoje, 2015.
Saudades do Dr.Flor, quando este tinha escritório na Riachuelo e eu uma adolescente trabalhava como recepcionista neste.
Hoje com 51 anos, formada em Nutrição há 25 anos, quase me aposentando e terminando a graduação em Direito neste ano. Saudades do Dr. Flor.
Isabella Holanda da Silva
13/01/2014 at 18:57Paula e Dr. Flor, boa tarde, sou aluna do primeiro período de Direito da Universidade Federal do Tocantins, não tenho nenhuma deficiência, mas tive contato desde alguns anos com jovens surdos e ao adentrarem nas universidades – os poucos que ingressam – não escolhem o curso de Direito, o que me deixou bastante intrigada.Meu projeto de pesquisa ainda é um embrião, mas já estou extremamente ligada ao tema, referente à dificuldades enfrentadas pelo surdo que se propõe a seguir a área jurídica. Tive pouquíssimas referencias teóricas, portanto a pesquisa de campo e entrevistas seriam de grande valia. Queria conhecer mais a fundo se possível.
Carolina Mendonça
18/04/2013 at 00:49Adorei o depoimento que me foi de grande serventia, pois sou estudante do 7 semestre de Direito e estou desenvolvendo uma pesquisa no âmbito da OAB/PA que visa descobrir se os advogados com algum tipo de deficiência, de Belém, tem apoio e incentivo por parte do órgão supra.
Att.,
C.M.
luisa
28/03/2013 at 21:18olá boa noite sou mãe de def. auditivo surdez profunda bilateral ele tem 14 anos e gostaria de receber alguma orientação sobre capacitação profissional . Aqui em Salvador as coisas são bem precárias para os deficientes .
Obrigada
Margarete Fernandes
21/11/2012 at 22:16Queridos diferentes, também sou!!!! kkkkk
Maravilhoso poder rir com outros da nossa diferença. Eu vivo rindo sozinha.
Meu ouvido esquerdo se foi com uma caxumba aos 43 anos junto com um aborto. Motivo: caxumba!!!
Meu ouvido direito está indo… indo…. sem diagnóstico.
O aparelho auditivo foi uma benção na minha vida. Como nenhum me supriu a perda, optei por ganhar da Prefeitura da minha cidade um que me desse um pouco de conforto. E consegui! Entrei na fila, e depois de ir de lá pra cá e daqui pra lá, optei por um dos aparelhos. Não o melhor em tecnologia mas o que me adaptei de todos que eram oferecidos. Gratuitamente.
Faço palestras e logo ao entrar já vou anunciando minha surdez.
No início fiquei um pouco desconfortável, até que conheci uma pessoa altamente conceituada, numa palestra de pós-graduação. Ela entrou e me disse (eu estava na primeira fileira): “Vou precisar da sua ajuda”. E começou a detalhar suas limitações físicas para que eu pudesse auxiliá-la.
Espetáculo de palestra!
É isso aí.
Adorei compartilhar nossas experiências.
E que venha o desconto na compra do carro porque encontramos dificuldade, sim. Nós até aceitamos e recuperamos auto-estima, superamos nossos limites exercendo nossa profissão, mas os outros precisam de muito exercício e boa vontade para conviver conosco.
E isso nos traz dificuldade em iniciar no mercado de trabalho.
Vou acompanhar cronicasdasurdez.com . É a minha cara! Ou melhor, o meu ouvido!!!
Abços e parabéns pela iniciativa.
Maggie
Crônicas da Surdez
22/11/2012 at 11:22Seja bem-vinda!
thatha
22/09/2012 at 16:07Olá
Eu tenho Perda auditiva bilateral, e estou em processo de teste para compra dos meus aparelhos, e por nunca ter usado aparelho esta sendo tdo novo e muuuuuito estranho, sei que os resultados vão melhorando de acordo com a minha adaptação, espero que sim !!!!!
Então, mas estou passando aqui na verdade, para pedir uma ajudinha, estou no 2 aparelho que testo ele é externo e com receptor no tubo ( ñ sei bem como se fala rs), estou gostando dos resultados ” ” rs, porém ouvir dizer que esses modelos com receptor no tubo não são tão duradouros,no caso o receptor, queima com frequência, por conta da cera, até mesmo uma fono me aconselhou não optar por eles ( a fono concorrente ).
Gostaria muito que alguem que use ou conheça esses tipos de aparelhos, pudesse me dar uma opinião referente, pois estou com uma dúvida danada, não quero ter prejuísos de 3 em 3 meses assim como me falaram.
Flor Edison da Silva Filho
11/08/2012 at 15:06Desculpem-me.foram dois posts. Achei que o primeiro não tinha ido. Flor Edison
PS – ainda aprendo a manusear isto!
Fernanda de Oliveira Santos
25/10/2015 at 22:47Olá, Dr. flor!
Sou estudante de Direito e sempre gostei de falar sobre educação. Estou no 8º período do curso e resolvi fazer meu trabalho de conclusão de curso sobre a inclusão do deficiente auditivo no curso de Direito. Estava pesquisando algumas coisas em relação ao assunto e acabei encontrando a página. Sei que o post é antigo, mas gostaria muito de ter contato com o sr. Será que a possibilidade de conversarmos, seria de grande valia para a minha busca sobre a acessibilidade à educação!
Desde já agradeço,
Fernanda.
Fernanda de Oliveira Santos
25/10/2015 at 22:48Errata:
será que há possibilidade*
Flor Edison da Silva Filho
11/08/2012 at 15:03Prezada Débora,
Tenho satisfação em te informar a respeito do nome Flor.
Meu bisavô se chamava Flor Rosalvo da Silva. Era fazendeiro na fronteira, Santa Vitória do Palmar/Chui. Teve três filhos, duas mulheres e um homem, este veio a ser o meu avô, cujo primogênito, meu pai, se chamava Flor Edison da Torino da Silva. E meu pai e minha mãe acordaram levar o nome adiante. Assim é que cá estou! Flor Edison
michelle
29/03/2016 at 12:48Olá Dr. Flor Edison.
Gostaria de falar mais sobre a respeito da sua profissão. Pois sou surda também, e fico meio medrosa para exercer a advogacia devido a dificuldade de ouvir e etc.
Quero saber mais os detalhes de como voce enfrenta as dificuldades, assim como atender os clientes, como seria essa sustentações orais?? Posso deixar de ir na audiencia na qual sou responsavel ? Posso pedir acompanhamento de mais 1 advogado para audiencias? etc
Debora
03/08/2012 at 13:12Paula e Dr. Flor…
Adorei o depoimento! Não sou surda mas adoro passar por aqui e ler os posts, acho que me faz prestar atenção em várias coisas e tentar ser uma pessoa melhor.
Mas agora quero saber, só eu fiquei curiosa para saber de onde veio o nome Flor?? =)
Beijos
Flor Edison da Silva Filho
11/08/2012 at 14:50Prezada Débora,
Respondo ao teu questionamento com imensa satisfação. Minha família, por parte de pai é da fronteira, Santa Vitória do Palmar/Chui. Meu bisavô era fazendeiro nessa região e se chamava Flor Rosalvo da Silva. Teve três filhos, duas mulheres e um homem, o “velho” Rosalvo, meu avô, o qual, ao seu primogênito, meu pai, deu o nome Flor Edison Torino da Silva. Dai vem o meu nome. Flor Edison
Feminino
25/10/2018 at 18:18Oi Dr. Flor . Boa tarde querido, quero parabenizá-lo pelo depoimento e um texto de tamanha comoção. Sou estudante do curso de Direito na Undb em São Luís no Maranhão. Estou no oitavo período e começando, mesmo que tarde a escrever minha monografia. Escolhi como tema “A VOZ QUE NÃO QUER CALAR: Pessoa com deficiência auditiva como operadora do direito no Brasil e os desafios na carreira jurídica diante do princípio da Isonomia / Igualdade na sociedade de ouvintes”. Gostaria muito de te conhecer e conversar um pouco com você pra ampliar meus conhecimentos para melhor desenvolvimento do meu trabalho e também para conhecer um pouco mais a tua história . Eu tenho uma sobrinha que é surda e ela tem sido minha inspiração para esse trabalho. Acompanho ela diariamente e tento integra-la mais profundamente aos nossos familiares , mas apenas eu consigo desenvolver um diálogo mais acentuado com ela por ter maior interesse em conhecer a sociedade com surdez. Quero pedir desde já perdão se em algum momento de minha fala não usei termos corretos ou usei expressões que o tenham incomodado. Ficarei grata se puder entrar em contato comigo no e-mail: tatiane.silva.lopes@hotmail.com ou através do watssapp : 98 98141–0741. Desde já agradeço e aguardo Deferimento 🙂
Ewerton Luiz
15/07/2012 at 19:53Hehehe.
Teu relato me fez lembrar de um “causo” que meu advogado contou, a respeito de uma demanda em que o cliente da outra parte era surdo (e não era eu!).
Sabendo da situação do coitado, toda fez que fazia uma pergunta mudava o tom e intensidade da voz e ele tirava o aparelho para regular (lembram daqueles em que se usava uma chave?), para tentar ouvir da melhor maneira que podia, ora aumentava o volume, ora diminuía, voltava a regular e nada.
Perdeu, claro, até hoje fico pensando nisso, mas o caso é que cada um usa as armas que estão à disposição, e neste a ética passou longe.
Ri às pampas, mas não quero passar por uma situação dessas… 🙂
Ana Paula
14/07/2012 at 22:48Eu sei que não têm nada ver com o tópico.
Alguns de vocês possuem empregos? Como vocês conseguem? Eu tenho perda bilateral auditiva severa e não consigo iniciar o trabalho (nem mesmo como Aprendiz). Afinal eu falo bem, escuto bem e pessoal que fala que contrata PCD são direcionados aos deficientes que têm perda bem leve quase chegando uma pessoa normal.
Deusiane Nunes
08/11/2016 at 08:35Ana Paula, tem muito tempo que você postou, creio que hoje já esteja mais fácil… Sou ouvinte, porém meu namorado deficiente auditivo, e não teve dificuldades de arrumar emprego depois que começou a procurar
Hoje trabalha na área de recursos humanos em uma multinacional… Procure grandes empresas, pois tem na lei a cota para deficientes
Deusiane Nunes
08/11/2016 at 08:42Dr. flor Edson, a tempo o senhor postou o seu depoimento… Mas gostaria de auxílio, gostei muito do depoimento
Sou ouvinte, mas meu namorado é deficiente auditivo, e vai ingressar na faculdade agora, e tem medo do preconceito, tem medo na questão da fala e tem medo também porque em suas fases iniciais da escola fez sozinho sem entender nada, pois ainda não existia a lei do intérprete.
Gostaria de podermos conversar com o senhor.. Por favor, se possível me retorne com um email
deusiane.nunesf@gmail.com ou luis.queiroz@brf-br.com
Será de muita ajuda se o senhor poder dar algum conselho de incentivo, para que ele possa entrar na faculdade sem tantos medos
Flor Edison
13/07/2012 at 17:26É isso aí, Paulo, toca em frente que dá!!!
Flor Edison
Paulo Sugai
13/07/2012 at 12:15Paula e Dr. Flor Edison,
Vocês não têm idéia de como esse depoimento foi inspirador para mim! Atualmente, estou cursando o 7º semestre do curso de Direito e tenho muito interesse em concorrer a cargos públicos (mais especificamente a de promotor ou procurador). Sei que, até lá, é um caminho árduo e difícil, mas não impossível. E ler esse depoimento do Sr. Flor só me deu mais forças para correr atrás dos meus sonhos… Claro que com uma pitada de humor no caminho! rs
Grande abraço!
Antonio Diogo de Salles
12/07/2012 at 11:11Que bom ler seu relato.
Sou fã da Paula e estou sempre em contato.
Depois de aposentado como magistrado voltei a advogar e tive surdez súbita. Fiz implante coclear no OE e uso AASI no OD. o que não impede que tenha dificuldade enorme para exercer a profissão. Aliás, afastei-me do escritório porque não conseguia conversar com os clientes e responder suas indagações ao telefone. Hoje, só advogo para quem concorda em comunicar-se por e-mails ou MSM (e são poucos). Louvo sua coragem de continuar firme no escritório. Para as audiências uso um aparelho de FM da Phonak para o implante (não sei se tem para AASI) que tem ajudado bastante. Para as sustentações orais, todavia, fiquei com muita inveja de sua experiência com os Desembargadores de Porto Alegre. Na última sustentação que fiz, tentei contar com a ajuda de um colega como “interprete” (aqui em SP a maioria sussura ler os votos frente ao microfone e é impossível acompanhar pela leitura labial pela distância)e foi um desastre (para resumir puseram meu auxiliar para fora do recinto).
Flor Edison
13/07/2012 at 17:20Prezado Antonio,
Gostei muito de sua manifestação. Como disse no meu texto, estou tocando em frente e tenho conseguido preservar meu trabalho no escritório de modo bem produtivo.
É extremamente lamentável o que ocorreu no TJ de S.Paulo, conforme o seu relato. Receba daqui a minha solidariedade para os devidos protestos.
Fico à disposição do colega aqui pelo sul.
Um abraço,
Flor Edison
Silvia
12/07/2012 at 09:37Oh!!! Dias atrás eu refletia exatamente sobre isso! Sobre como, em muitas situações, o surdo passa por antipático sem saber… e certas explicações que não damos, por lapso mesmo! É que para nós torna-se tão natural não ouvir, que esquecemos que para os outros, que não sentem na nossa pele, possamos parecer antipáticos…
Parabéns pelo relato!
Flor Edison
13/07/2012 at 17:24Maria,
Muito legal a tua experiência. Grato pelas palavras simpaticas.
Flor Edison
OPs. Surdo e pateta!
Respondi para a Maria no post da Silvia, a quem eu também queria agradecer a manifestação.
Flor Edison
Gui Chazan
11/07/2012 at 20:18Grande Paula, sempre abrindo portas pros outros!
Bacana teu depoimento, Flor.
Percebi que és de Porto Alegre também. Se tiveres interesse, vez ou outra tem uns encontros com uma galera daqui que se conheceu pelo blog da Paula, da Lak, comunidade do Orkut, Facebook e por aí vai. Tá convidado!
Abração
Flor Edison
13/07/2012 at 17:16Prezado Gui,
Aceito com satisfação o convite. Manda me dizer como manter contato.
Flor Edison
Maria
11/07/2012 at 13:13Opa, mais um depoimento!! Adoro ler depoimentos de outros surdos, tinha um bom tempo que não aparecia por aqui!
Quando foi comigo, a Paulinha também fez uma provocação para eu escrever sobre a minha vida huahua e foi ótimo, assim como foi para você também!
Nossa, essa situação de não conseguir entender o discurso de alguém é muuuito comum entre a gente! Perdi as contas de quantas vezes tinha palestra obrigatória na escola e eu fugia delas, tentando conseguir a dispensa, porque nessas horas a gente fica olhando para a parede, sem nada pra fazer! É uma chatice! Pensa, eu lia histórias em quadrinhos na frente dos professores da faculdade só para matar o tempo!
Para mim a melhor coisa é ser honesto com as pessoas, se alguém fez discurso, fale que não entendeu nada mesmo, as pessoas têm de entender que você é diferente das outras. Tem que ser cara de pau e não ter medo da reação dos outros! Pela minha experiência, elas não ficam ofendidas com isso. E em seguida pode pedir à pessoa que discursou o resumo do que falou, com isso as pessoas ficam felizes pelo nosso interesse.
Sempre que eu fazia algum discurso (adoro apresentar!) para a platéia, sempre apresentava que era surda. Explicava como eu era, e de vez em quando perguntava para a platéia se estavam me entendendo, se tinham alguma dúvida e eles sempre me respondiam. Eu sentia aquela ligação e respeito das pessoas. Sempre depois das apresentações, as pessoas vinham até mim elogiar pela minha desenvoltura.
Noossa, eu lembro do dia da minha formatura e eu fui homenageada pelo prêmio de melhor nota da turma, anunciaram o meu nome e eu nem tchum! Meus colegas começaram a me empurrar da cadeira e não me explicaram nada! A minha cara era de “Quê quê tá acontecendo??”
Seja bem vindo aos Crônicas da Surdez! É sempre muito bom compartilhar as experiência com os outros e ver que temos muitas coisas em comum e conhecer outras diferenças das pessoas como nós.
Flor Edison
13/07/2012 at 17:28Atenção a todas as minhas respostas postadas aqui, errei na digitação do e-mail. No endereço correto, o ‘flor’ é separado do ‘edison’ por um ponto.
Flor Edison