Menu
Relatos de Pessoas com Deficiência Auditiva

BEBÊ PREMATURO e SURDEZ: a história de Laura Fernandes

Laura nasceu em São Paulo, prematura de 28 semanas (6 meses) pesando 1 kg, porque eu tive pré-eclampsia. Eu, Flavia, nem poderia ter filhos e hoje tenho 3, sendo a Laura minha primogênita. Ela teve uma infecção generalizada por fungos e bactérias enquanto esteve internada nos seus 3 primeiros meses de vida, teve choque, e até parada cardio-respiratória. Enfim, é um milagre de Deus!

Na tentativa de controlar a infecção, tomou muitos antibióticos ototóxicos, o que provavelmente danificou sua cóclea levando a uma  surdez neurossensorial bilateral severa-profunda. Um dos anjos que Deus enviou no nosso caminho foi uma fonoaudióloga e audiologista que hoje é uma grande amiga, praticamente nossa família. Ela nos introduziu ao mundo dos surdos, nos mostrou as opções e nos orientou.

Bebê prematuro com surdez

Aos seis meses a Laura já usava aparelhos auditivos e fazia terapia fonoaudióloga.

Era uma jornada, porque ela também precisava de outros estímulos como fisioterapia e terapia ocupacional por causa da prematuridade. Mas tudo isso valeu a pena e se reflete hoje nas conquistas dela. Laurinha sempre foi uma guerreira lutando pela vida e trabalhando duro para vencer cada obstáculo.

O que mais ouço em todos os lugares que já passei entre fonoaudiólogos e psicopedagogos é que a Laura é “hard working” (que trabalha duro)!

Desde que nasceu, a Laura já morou em 5 lugares diferentes: no Brasil (São Paulo, Niterói e Belo Horizonte), na Espanha (Las Palmas de Gran Canaria) e Canadá (Oakville, Ontario).

As mudanças foram duras, com lutas para adaptação e para começar tudo de novo, principalmente com nova língua e cultura. Mas no meio das lágrimas fomos ficando mais fortes e resilientes.

Ainda quando vivíamos no Brasil, chegamos a introduzir Libras aos 3-4 anos porque notamos dificuldade na comunicação, mas logo ela começou a falar e decidimos suspender por um tempo para que ela desenvolvesse a fala. Queríamos oferecer tudo para que um dia ela escolhesse como se sentia melhor para se comunicar.

 Na Espanha, chegamos quando a Laura tinha 5 anos e usava aparelhos auditivos. Todos ficavam impressionados em ver como a Laura tinha linguagem com perda auditiva severa profunda.

Implante Coclear

Em certos momentos notei que ela não estava me entendendo (em português) como antes e mostrava mais dificuldades. Passamos por novos exames que comprovaram que o aparelho auditivo já não estava tendo tanto resultado em um dos lados e tomamos a decisão de fazer o IC (Implante Coclear).

Detalhe: a Laura já poderia ter feito o implante desde bebê mas não fizemos porque ela tinha uma boa resposta com seus aparelhos. Também tínhamos um pouco de medo da cirurgia por causa de tudo que já havíamos passado com ela.

Oramos pedindo a Deus que fizesse o que fosse melhor. O primeiro IC já foi uma mudança total de vida. A alegria dela ao poder ouvir pássaros, o barulho da água, a música… não tem preço! No ano seguinte ela fez o segundo.

Detalhe que já na UTI, quando ela nasceu, eu lia, orava e cantava com ela todos os dias e continuei mesmo depois que me disseram que ela havia perdido a audição (que não dava resposta no teste da orelhinha). Desde bebê, Laura teve aulas de música e de balé. Na Espanha tentei matriculá-la e ouvi alguém me dizer (por ignorância): – Pra que você vai colocar ela no balé se ela é surda?

Eu ficava parecendo uma doida citando a declaração de Salamanca (sobre inclusão escolar) para alguns espanhóis e ingleses e alguns deles nem sabiam do que se tratava. Passei por médicos e audiologistas que me perguntavam pra que eu tinha tanta informação.

Nessa jornada, fomos aprendendo a perdoar a ignorância das pessoas e a não viver ou limitar-se por estereótipos. Não podemos controlar isso: sempre haverá gente assim, sempre teremos que lidar com isso. Mas podemos dar asas à nossa filha, ensiná-la a voar, mostrar quem ela é de verdade.

Aqui no Canadá, desde que nos mudamos, há somente 4 meses, nos surpreendemos com uma educação que parece ser muito mais inclusiva e respeitosa. Você não pede por recursos, as escolas te procuram e tomam providências para que o aluno receba o que precisa para otimizar seu potencial.

Sempre dizemos para a Laura: “Filha, você pode fazer o que quiser. Você só precisa se esforçar, trabalhar duro, confiar em Deus e em você! The sky is not the limit! (O céu não é o limite!)”

Espero que isso ajude outras pessoas a verem que os surdos podem alcançar muito mais do que imaginam.

Lembro-me de quando estávamos preocupados com que a Laura não fosse capaz de falar a primeira língua e hoje já está na terceira.

Em vez de buscar etiquetas limitantes para seus alunos, os educadores precisam buscar “asas”, estratégias e ferramentas para que seus alunos se sintam motivados e capacitados para voar, para alcançar seus sonhos.

Em uma escola britânica que fui com a Laura, na Espanha, eu ouvi: “Não temos tempo para alunos “não regulares”!”

Eu lhes respondi dizendo que não tinham tempo porque tinham a mente pequena, já que cada aluno é um mundo e não se pode encaixá-los em um mesmo molde.

Cada um tem uma linguagem, diferentes gostos, interesses, dons… e é isso o que faz o mundo bonito, reflete a natureza criativa de Deus, o criador. Cada pessoa tem uma função e uma missão diferente e a gente precisa respeitar e reconhecer a beleza disso.

Veja Laura no vídeo do Conexões Sonoras Curitiba

CLUBE DOS SURDOS QUE OUVEM: junte-se a nós!

clube dos surdos que ouvem

A sua jornada da surdez não precisa ser solitária e desinformada! Para que ela seja mais leve, simples e cheia de amigos, torne-se MEMBRO do Clube dos Surdos Que Ouvem. No Clube, você terá acesso às nossas comunidades digitais (grupos no Facebook e no Telegram), conteúdos exclusivos, descontos em produtos e acesso aos nossos cursos*.

São 21 mil usuários de aparelhos auditivos e implante coclear com os mais diferentes tipos e graus de surdez para você conversar e tirar suas dúvidas a respeito do universo da deficiência auditiva (direitos, aparelhos, médicos, fonos, implante, concursos, etc).

MOTIVOS para entrar para o Clube dos Surdos Que Ouvem:

  1. Estar em contato direto com quem já passou pelo que você está passando (isso faz toda a diferença!)
  2. Economizar milhares de reais na compra dos seus aparelhos auditivos
  3. Aprender a conseguir aparelho de audição gratuito pelo SUS
  4. Não cair em golpes (a internet está abarrotada de golpistas do zumbido, de aparelhos de surdez falsos e profissionais de saúde que não são especializados em perda auditiva!)
  5. Conversar com milhares de pessoas que têm surdez, otosclerose, síndromes e usam aparelhos para ouvir melhor
  6. Conhecer centenas de famílias de crianças com perda auditiva
  7. Fazer amigos, sair do isolamento e retomar sua qualidade de vida
  8. Pegar indicações dos melhores médicos otorrinos e fonoaudiólogos do Brasi com pessoas de confiança

Se você for mãe ou pai de uma criança com perda auditiva, uma das comunidades digitais do Clube é um Grupo de Telegram com centenas de famílias se ajudando mutuamente todos os dias.

  como comprar aparelho auditivo

OS ERROS QUE EU JÁ COMETI ao comprar aparelho auditivo

Eu já passei pela saga da compra de aparelhos auditivos várias vezes. Já fui convencida a me endividar para comprar um aparelho auditivo “discreto e invisível” que sequer atendia a minha surdez. Já fui enganada ao levar um aparelho auditivo para o conserto na loja onde o comprei: a fonoaudióloga disse que ele não servia mais para mim sem sequer verificá-lo ou fazer uma nova audiometria. Já quase caí no conto do vigário de gastar uma fortuna num aparelho auditivo para surdez profunda “top de linha”, cujos recursos eu jamais poderia aproveitar devido à gravidade da minha surdez. Já fui pressionada a comprar um aparelho auditivo porque supostamente a “promoção imperdível” duraria apenas até o dia seguinte. E também quase cometi a burrada de comprar um aparelho de surdez que já estava quase saindo de linha por causa de um desconto estratosférico.

Mas VOCÊ não precisa passar por isso.

Crieir um curso online rápido de 1h e 30min de duração que reúne tudo o que aprendi em 41 anos convivendo com a surdez 24hs por dia e que vai te fazer economizar muito dinheiro, tempo e energia para voltar a ouvir. Torne-se aluno AQUI.

CURSOS SURDOS QUE OUVEM

 




About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

No Comments

    Leave a Reply