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Aparelhos Auditivos / Crônicas da Surdez / Implante Coclear

As 10 coisas que eu NÃO gosto na surdez

Há muitas coisas que eu não gosto na minha surdez. Seria muito falso da minha parte agir como se tudo fosse simples, sereno e tranquilo quando se é surdo. Não é assim que as coisas funcionam.

Coisas que eu não gosto na SURDEZ

  1. Implante coclear caindo da orelha
  2. Preços das próteses auditivas
  3. Eterno zumbido no ouvido
  4. Ter que ser professora 24hs
  5. Os comentários alheios
  6. Falta de acessibilidade
  7. Desconhecimento geral da nação sobre surdez
  8. Falta de acesso ao mercado de trabalho
  9. Medo de perder o plano de saúde
  10. Saudade da perfeição da audição natural

Implante coclear caindo da orelha

Implantes caem da orelha, e implantes usados junto com máscaras e óculos ao mesmo tempo podem tornar os seus dias miseráveis.

É extremamente irritante passar o dia inteiro carregando tanta coisa nas orelhas. Pesa. Coça. Dá nervoso. E aí você vai desistindo das coisas. Começo desistindo dos óculos. Depois desisto do IC esquerdo. Se estou sozinha, desisto também da máscara. Depois da pandemia, meu sonho de consumo é um par de implantes cocleares que não vão atrás das orelhas, porque as minhas não aguentam mais!

Os preços das próteses auditivas

Eu ADORARIA fazer upgrade de implante coclear toda vez que lançam um mais moderno no mercado.

Entretanto, isso só seria possível se fosse uma pessoa com muito dinheiro na conta bancária, o que, infelizmente, não é o caso. Os preços são absurdos para a realidade de 99% das pessoas.

Entendo tudo o que está envolvido no preço. Mas confesso que sinto MEDO quando penso que minha audição depende da existência do meu plano de saúde e da norma da ANS que – por enquanto – diz que ele deve garantir que eu ouça. Uma hora essa conta vai deixar de fechar e a norma vai mudar. Aí, eu quero ver.

Espero que até lá os fabricantes de implante coclear tenham mais noção do que esses preços absurdos significam para os milhões de pessoas que dependem deles hoje no mundo. Custava fazer uma espécie de assinatura, consórcio ou qualquer outro modelo de negócio que permitisse que nós trocássemos de próteses auditivas pagando do nosso próprio bolso?

Zumbido eterno

O zumbido não me incomoda e nem me afeta porque, além de acostumada a ele, depois do implante coclear o meu melhorou 80%. Mas ele continua aqui.

De vez em quando, dá uma surtada, o que me acarreta alguns dias de fúria. Depois volta ao normal. Mas bem que podia sumir da face da Terra, não?

Os comentários alheios

Já me encontro numa fase da vida em que a pessoa vai precisar rebolar e se esforçar muito pra me tirar do sério com comentários sobre minha surdez, meus implantes e qualquer coisa relacionada a isso.

Mas às vezes as pessoas próximas soltam umas frases que você pensa “não é possível que pense e verbalize uma coisa dessas“.

Essa é uma parte irritante da surdez porque, como ela não tem cura e vai estar sempre aqui, os comentários nonsense também estarão. Volta e meia eles aparecem para fazer você respirar e contar até 10 antes de soltar os cachorros em alguém.

Ter que ser professora 24hs

A pandemia aliviou muito essa barra pela falta de contato humano. Mas, antes disso, eu vivia com a obrigação de ser professora de surdez 24 horas. Em todas as situações chatas que enfrentava, se eu não explicasse em detalhes as coisas para as pessoas, corria o risco de ter me chateado em vão.

A maioria da sociedade não sabe NADA sobre surdez, o que significa que as pessoas surdas precisam ensinar àquelas que ouvem sempre que podem. Sejamos honestos: não é todo dia que estamos nessa vibe, não?

Capacitismo no mercado de trabalho

Essa é a pior de todas.

As empresas acham que todo surdo usa Libras e que surdez se resume a isso. Se você não usa Libras e ainda por cima é reabilitado através da tecnologia, as chances de conseguir um bom emprego são bem pequenas. Conto nos dedos de duas mãos as pessoas surdas oralizadas que conheço que ocupam boas posições no mundo corporativo.

Em 2021, passei por uma situação bizarra. Uma dessas “consultorias de diversidade” entrou em contato comigo querendo que eu participasse de um processo seletivo. Eles se diziam experts em recrutamento de PCDs. Pois bem: a recrutadora não acreditava que eu era surda!

Primeiro, ela pediu um laudo médico. Não satisfeita, audiometria. Depois, queria mais audiometrias. O grand finale foi quando ela me perguntou: “Você tem certeza que é surda mesmo?“. Não, não tenho. Estou aqui fingindo para você porque não tenho mais o que fazer da vida.

Ah, as dores de ter uma deficiência invisível sobre a qual as pessoas ACHAM que sabem alguma coisa…

A obrigação de “ter que” estar sempre ouvindo

Em alguns dias, eu passaria o dia inteiro de ICs desligados, se pudesse.

Os ouvintes ao redor não entendem como é bom poder se refugiar no silêncio porque eles não têm essa opção. E ‘pega mal’ para nós, que temos, fazer uso dela quando dá vontade.

POR ÚLTIMO

Quem me acompanha ou me conhece sabe que sou a pessoa mais anti autocomiseração que existe. Meu esquema é jogar as pessoas pra cima, fazer todo mundo ver o lado bom das situações e as oportunidades de aprendizado e crescimento escondidas nos desafios.

Escrevi esse post porque li algo que me tocou.

Era alguém dizendo que a gente tem que se permitir ficar mal de vez em quando, e aí não consegui parar de pensar nas coisas que me irritavam a respeito da minha surdez enquanto coçava uma orelha cansada de segurar três coisas ao mesmo tempo.

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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