O livro é dedicado ” a Alexander Graham Bell, que ensinou os surdos a falar e capacitou quem ouve a escutar as palavras do Atlântico às Rochosas, dedico esta história da minha vida“.
São ‘apenas’ 455 páginas. Alguns trechos!
“Gradualmente acostumei-me ao silêncio e à escuridão que me rodeavam e esqueci que algum dia fora diferente, até que ela chegou – minha professora, a que iria libertar meu espírito.”
“Não me lembro quando percebi pela primeira vez ser diferente das outras pessoas, mas eu sabia disso antes da vinda da minha professora. Eu notara que mamãe e meus amigos não usavam sinais como eu quando queriam algo, mas falavam com a boca. Às vezes eu ficava entre duas pessoas que conversavam e tocava seus lábios. Como não conseguia entender, ficava perturbada. Movia os lábios e gesticulava freneticamente sem resultado. Isso me deixava às vezes tão zangada que eu chutava e gritava até ficar exausta.”
“Quando caminhamos no vale da dupla solidão, conhecemos pouco das ternas afeições que se originam das palavras, ações e companheirismo carinhosos.”
“Após certo tempo, a necessidade de algum modo de comunicação se tornou tão urgente que essas explosões ocorriam diariamente, às vezes de hora em hora.”
“As crianças que ouvem aprendem a linguagem sem qualquer esforço especial; as palavras que caem dos lábios alheios são pegas por elas no ar, como se diz, prazerosamente, enquanto a criança surda precisa prendê-las numa armadilha através de um lento e geralmente penoso processo. Contudo, seja qual for o processo, o resultado é maravilhoso.”
“A criancinha que escuta aprende pela constante repetição e imitação. A conversa que escuta em casa estimula sua mente, sugere tópicos e faz surgir a expressão espontânea de suas próprias idéias. Essa troca natural de idéias é negada à criança surda. O surdo e o cego acham muito difícil dominar as amenidades da conversa. Como tal dificuldade deve aumentar no caso dos que são ao mesmo tempo cegos e surdos. Não podem distinguir o tom da voz ou, sem ajuda, subir e descer a escala de tons que dão significado às palavras, nem observar a expressão do rosto de quem fala – e um olhar é às vezes a própria alma daquilo que se diz.”
“Eu sabia que não podia ver; mas não parecia possível que todas as crianças ávidas e amorosas que se amontoaram à minha volta e se juntaram vigorosamente em minhas alegres brincadeiras fossem cegas também. Lembro da surpresa e da dor que senti ao notar que colocavam as mãos na minha quando eu falava com elas e que liam seus livros com os dedos. Embora já me tivessem dito isso, e ainda que eu entendesse minhas próprias privações, mesmo assim pensara vagamente que desde que elas podiam ouvir, deviam ter uma espécie de ‘segunda visão’; eu não estava preparada para encontrar uma criança e outra e mais outra privadas do mesmo dom precioso. Mas elas estavam tão felizes e contentes que perdi toda a sensação de dor no prazer de sua companhia.”
“Quem é inteiramente dependente do alfabeto manual tem sempre uma noção de restrição, de estreiteza. Isso começou a me agitar com uma aflitiva e ampla sensação de uma falha que devia ser preenchida. Com frequência, meus pensamentos se erguiam e se batiam contra o vento como pássaros e eu insistia em usar os lábios e a voz. Os amigos tentavam desestimular essa tendência, temendo que isso acabasse me decepcionando. Mas eu persistia, e logo ocorreu um acidente cujo resultado foi derrubar essa última grandiosa barreira – eu aprendi a história de Ragnhild Kaata.”
“Nenhuma criança surda que tente da maneira séria pronunciar palavras que nunca ouviu – sair da prisão do silêncio, onde nenhum tom de amor, nenhuma canção de pássaro, nenhuma melodia jamais penetrou – pode esquecer a exaltação da surpresa, a alegria da descoberta que lhe chega quando consegue pronunciar sua primeira palavra.”
“Aprender a falar em palavras com asas que não precisavam de interpretação era um bônus inominável para mim. Enquanto eu falava, pensamentos felizes flutuavam de minhas palavras, os mesmos que talvez pudessem ter lutado para sair de meus dedos em vão.”
Na foto acima, Helen Keller e sua professora, Anne Sullivan.
17 Comments
vera
16/11/2016 at 09:54Olá Paula, estou aguardando sua resposta.
Paula Pfeifer Moreira
16/11/2016 at 09:57Oi Vera, qual resposta estou te devendo?
vera
10/11/2016 at 11:53Oi, Paula, adorei ler o que vc escreveu, e o que faz para a humanidade. Tenho um netinho com Sindrome de Willians, estou procurando ler a respeito, pois cada cientista diz uma coisa. Faço trabalho humanitário, e estou procurando coisas para ler de Helen Keller, vc sabe quem gostaria de mandar os livros dela para mim estudar. bjs. parabéns.
ramiro da silva
25/05/2015 at 05:52Quero ler o livro achei interessante
jane
03/10/2012 at 13:27Eu necessito ler este livro… estou curiosa!!!
Luis Morais
10/01/2012 at 13:03Olá, por motivo de estudos de pessoa de família, vimos o filme juntos, confesso que foi um pouquinho pesado, muita emoção, demorou algum tempo a busca de resultado. Mas a professora, Anne Sullivan, demonstrou uma coragem, uma vontade, uma quase certeza de que iria obter bons resultados. Que investiu grande sobriedade e otimismo e coragem. Estava determinada a ajudar Helen, penso que estava empenhadíssima a ajudar-se a si própria.
Vimos o filme, há três dias, não parei mais de pesquisar tudo sobre esta causa. Já não me emocionava tanto há muito tempo. Todas as pessoas que esvrevem sobre esta linda menina, são muito generosas e senciveis. Já estou à procura do livro.
Muito obrigado!
Felicidades.
Nicole
03/05/2011 at 01:01Olá, gosto do seu outro blog e vim aqui conhecer esse seu outro espaço. muto bacana e vanguardista penso eu.
Essa dica de livro é maravilhosa, li quando adolescente a historia de Helen Keller e muito me marcou e emocionou e emociona hoje ainda. Pena é daqueles que não se sensibilizam e não se põem a admirar uma pessoa como ela. Tenho para compartilhar por aqui, como pedagoga que sou, o filme com a maravilhosa Katherine Hepburn, como Anne Sullivan, pessoa mais que importante na vida de Hellen, que a acompanhou durante a maior parte de sua trajetória. O filme é antigo, preto e branco mais maravilhoso: título: ” O milagre de Anne Sullivan.” um abraço, te sigo no twitter, e via blogs agora. Parabéns pelos espaços mais uma vez. Até!
Virginia, Ana Lucimara e Maria Fernanda
29/04/2011 at 23:28Adoramos a dica!!!
Virginia, Ana Lucimara e Maria Fernanda
29/04/2011 at 23:23Olá! Estamos finalizando uma Pós graduação em Educação Especial/Inclusão Social. Todas professoras do municipio de Artur Nogueira- SP. Adoramos a visita nesse blog e mais ainda ficamos curiosas em ler esse livro. Adoramos a dica do livro! Bjs e até mais.
Greize
25/04/2011 at 12:12Estamos abandonados pela dona do blog, buáaa.hahahahah
MONICA
24/04/2011 at 00:49PRECISO LER ESSE LIVRO !!! DEVE SER MARAVILHOSO
Mariana
18/04/2011 at 13:55Sou louca pra ler esse livro dela 🙂 Pense que pessoa incrível, bastante inspiradora. 😉
Renata Mendes
13/04/2011 at 22:21Olá Paula
Nossa, é de doer de bonito!!
Tenho perda auditiva bilateral moderada, uso aparelho e ás vezes tenho a pachorra de me sentir uma coitada.
Ao ler sua indicação, fui atrás de algo a respeito dela na net e me emocionei.
Estava afim de ler algo, ótima pedida.
Obrigada!!
Crônicas da Surdez
26/04/2011 at 22:56Que bom que voce gostou!!!
Beijos,
Mara Silvia dos Santos
13/04/2011 at 19:55Vale a pena ler este livro e também ver o filme, pois nos da força e esperança de acreditar que tudo pode, basta ter fé, esperança e força de vontande.
Julie Salomão
13/04/2011 at 12:46Paula,
Excelente sugestão!!! Vou procurar esse livro agora mesmo!!!
A vida da Helen Keller é um exemplo grandioso de superação e de como o ser humano é maravilhoso.
Valeu pela dica!!!
Beijos!
Julie
Crônicas da Surdez
26/04/2011 at 22:57Helen Keller é mesmo incrível!
Beijos,