Post escrito pela fonoaudióloga Mirella Horiuti
Quando minha querida amiga Paula me chamou para escrever sobre “O que é memória auditiva?“, pensei: “Como é que ela sabe que estou estudando isso?” Na verdade, os méritos do meu conhecimento se devem às fonoaudiólogas Laura Mochiatti que mergulhou de cabeça no tema (que é sua tese de mestrado), à Ana Claudia Vieira (sua orientadora) e nossas incansáveis discussões.
Memória auditiva
Ao pé da letra, o termo memória auditiva significa: a habilidade de lembrar palavras ou sons.
Falando mais sobre essa memória auditiva, ela é classificada como de “curto prazo”. Ou seja, ela é a capacidade cerebral de utilizar uma certa quantidade de informação por um curto período de tempo (15 a 30 segundos em média). É a informação que estamos pensando naquele momento ou que estamos tomando conhecimento.
Depois de adultos, a duração de quanto tempo retemos a informação e a quantidade de informação armazenada pode ser treinada e aumentada. Mas durante atividades ou tarefas que envolvam duplo processamento, ou seja, duas tarefas realizadas ao mesmo tempo, a capacidade desta memória operacional torna-se limitada devido à distribuição das demandas cognitivas para diferentes respostas exigidas pelas tarefas, como por exemplo, a recordação de palavras e emissão das mesmas, de forma ordenada após uma tarefa de percepção de sentenças.
O processo de criar uma memória auditiva envolve algumas etapas: primeiro ouvimos o som (ou seja, percebemos o som – estamos falando de audibilidade), depois escutamos esse som (damos atenção ao que ouvimos) e na sequência “armazenamos” em algum local no nosso cérebro. Pronto … a memória auditiva está criada e armazenada.
Mas a segunda fase é na minha opinião a mais complexa de todas: é escutar o som e buscar nesse armazenamento a memória auditiva compatível para podermos entender o que se escuta.
Para normo-ouvintes, essa segunda etapa se torna mais difícil quando a situação não é favorável, ou seja, em locais ruidosos, com vários falantes ao mesmo tempo, voz fraca e mal articulada do falante, etc. O que acaba acontecendo é um esforço enorme, chamado atualmente de “esforço auditivo” que nada mais é do que toda atenção e recursos cognitivos necessários que usamos para se entender a fala.
No caso de um deficiente auditivo, esse esforço acontece o tempo todo.
Esforço auditivo e memória
E qual a relação do esforço auditivo com a memória? Uma relação enorme, que já vem sendo estudada há alguns anos. Há estudos que comprovam que quanto melhor nossa memória operacional, menor nosso esforço auditivo. E ainda, que pessoas que são ótimos leitores têm uma memória operacional melhor.
Se pensarmos nisso, com um esforço auditivo menor, a performance no quesito “ entender as conversas” com certeza vai melhorar. E como posso melhorar minha habilidade de memória auditiva? Faça uma avaliação com seu fonoaudiólogo de confiança e veja as opções para seu caso.
5 Comentários
CYBELE DUARTE BARBOZA LIMA
12/11/2018 at 2:40 pmOlá! Estou aprendendo muito sobre a memória auditiva. Agradeço as suas informações!!
Pryscilla Cricio
25/08/2020 at 3:51 pmOlá Cybele,
Tudo bem?
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silbely
01/11/2018 at 10:50 pmoi, sou estudante de licenciatura em musica estou em produção do meu tcc, gostaria de pedir a autorização para eu poder usar o texto acima como citação?
Ana Lucia Santiago
05/04/2018 at 4:42 pmAprendendo com essas informações sobre memoria auditiva, bem interessante!
Obrigada pelos esclarecimentos dado
Renata Braga
04/04/2018 at 10:13 pmMemória auditiva é assunto sério mesmo! Nos 4 primeiros meses depois de ter ativado meu IC, escutei uma piada por áudio no WhatsApp, consegui compreender perfeitamente e até gargalhei muito. Mais tarde tentei contar para meu marido e adivinhem… Não lembrei de nada!