Meu nome é Vanessa Cardoso, e sou uma surda que ouve. Eu comecei a ter otites aos 5 meses de idade. E logo as infecções foram ficando intensas e mal curadas, sendo assim, diagnosticada com colesteatoma.
A minha perda de audição ocorreu já na infância e foi se agravando com os anos.
A surdez na infância
Sempre tive muita dificuldade para ouvir, desde os tempos de escola. Lembro-me da dificuldade que tinha de acompanhar o que o professor ditava, das brincadeiras de mau gosto que faziam da minha deficiência auditiva, da falta de paciência das pessoas em repetir o que eu não ouvia.
Já adulta, precisei passar por duas cirurgias de Mastoidectomia radical, pois minha perda é bilateral, sendo assim, a dificuldade de ouvir só aumentou.
Convivi muitos anos com a perda auditiva, e só consegui recuperar uma boa parte da audição com o implante de condução óssea (feito no ouvido esquerdo), o qual já uso há quase 5 anos.
Os desafios de uma professora surda que ouve
Meu maior desafio ainda é me acostumar com ambientes, onde tem muitos sons (vozes e barulhos). Como sou professora, numa escola, essas situações são ainda mais desafiadoras…
Mas é através das minhas dificuldades, que tenho a oportunidade de contar para todos que convivem comigo, minha família, amigos e no meu trabalho, o que a tecnologia, hoje me proporciona.
Sinto-me mais segura e confiante em conversar com as pessoas!
A pandemia e a surdez
Como estamos vivendo uma situação mundial de pandemia, onde para os surdos, lidar com a falta da leitura labial é extremamente desafiador, tomei a decisão de usar o implante de condução óssea, também no lado direito.
A cirurgia ocorreu em agosto deste ano. Aguardo ansiosa para ativação. Através do uso bilateral, terei ainda mais qualidade de compreensão dos sons.
O projeto Surdos Que Ouvem
O projeto #SurdosQueOuvem recebe meu total apoio, pois é uma forma que as pessoas têm de divulgarem as suas histórias, e incentivar outras pessoas a procurarem uma solução para a sua surdez.
Agradeço muito a Deus pelas pessoas que ele colocou no meu caminho. Meus médicos, fonoaudiólogas e também ao meu esposo, que já está comigo há 24 anos. Desde o começo do nosso namoro, ele vem acompanhando a minha história. Sou muito grata por voltar a ouvir; por ser uma surda que ouve!
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