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Implante Coclear / Relatos de Pessoas com Deficiência Auditiva / Surdos Que Ouvem

Mãe de surdo que ouve: os desafios e sentimentos

Meu nome é Simone e sou mãe de um surdo que ouve. O Daniel, que inclusive já contou sua história aqui no Crônicas da Surdez em 2016. Quando tudo começou, as incertezas eram muitas. Não tínhamos nenhuma garantia de nada. A única certeza é  que Daniel não escutava, não falava e o tempo não era nosso amigo.

Daniel já tinha dois anos e dez meses quando foi diagnosticado com surdez neurosensorial, moderada/severa bilateral. Entre o diagnóstico e a alta, meu filho tinha um longo caminho a percorrer, repleto de variáveis (adaptação e regulagem dos dispositivos, terapia especializada, envolvimento familiar, persistência  entre outros) que influenciavam diretamente os resultados.

COMO LIDAR COM A SURDEZ DA CRIANÇA?

Eu tinha duas opções: chorar ou aprender a lidar com a surdez, até então totalmente desconhecida. De fato, não é simples, fácil ou rápido, mas é possível. Escolhi a segunda opção!

ALTA DA FONOTERAPIA

No último dia 14 de março de 2022, Daniel recebeu alta da Fonoterapia. Após seis anos de treinos, estudos, pesquisas, alcançamos a tão sonhada e desejada alta.

Confesso que me senti de alta também! Fui invadida por uma enorme sensação de dever cumprido e finalmente a rotina semanal com  sessões de fono não eram mais necessárias. Enfim eu deixaria a sala de espera, meu lugar durante muito tempo.

Aliás, é preciso sabedoria para lidar com a espera. Há momentos que precisamos aguardar, dar o tempo para o desenvolvimento da criança e em outros há urgência de ações, não se pode esperar. Imagina uma mãe contrabalançar tudo isso. São tantos sentimentos envolvidos…

Retomando, ninguém pode imaginar o filme que passou diante dos meus olhos, todos os percalços do caminho que revisitei, mil lembranças.

Uma delas, que lembro, perfeitamente, foi a primeira vez que entrei numa loja de aparelhos auditivos: tive uma crise de choro ao dizer na recepção, que eu estava ali para comprar aparelhos auditivos para meu filho. A dor era indescritível e vinha acompanhada de  inúmeras dúvidas, ansiedade e muito medo.

OS DESAFIOS DE SER MÃE DE UM SURDO QUE OUVE

Eu não  tinha ideia do que seria necessário fazer.  Fui golpeada pela surdez várias vezes durante o processo de habilitação do Daniel. Ela parecia incansável e sempre progredia mais um pouco, assim as audiometrias mostravam, a surdez era voraz e gostava do silêncio.

Em muitos momentos senti a surdez do meu filho me desafiando.  Mesmo com tudo isso nunca desisti, pelo contrário comemorei todas as  as conquistas de Daniel e busquei todas as alternativas viáveis para ajudá-lo.

Contei com a ajuda e expertise de muitos profissionais para alcançar os resultados de hoje, contudo, nada supera a vontade de aprender desse menino incrível.  Tantas vezes caminhamos sozinhos e poucos entenderam o que vivíamos diariamente.

Por vezes o caminhar é solitário mesmo.  Felizmente , hoje olho para trás e posso dizer que  vencemos, porque acertamos caminhos, fizemos escolhas assertivas e conquistamos muitas habilidades para lidar com a surdez.

Como será o amanhã? Eu não sei. Só sei que estamos mais preparados para as próximas batalhas e conquistas!

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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