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Surdez

AUDIÇÃO: o que a SURDEZ não tratada faz com seu CÉREBRO

“Volta e meia escrevo uma coluna tanto para me forçar a agir quanto para informar e motivar meus leitores. O que se segue é um dos melhores exemplos disso. No ano passado, uma coluna intitulada “A perda auditiva ameaça a mente, a vida, e os membros do corpo” [“Hearing Loss Threatens Mind, Life, and Limb”], resumi o estado atual do conhecimento a respeito dos inúmeros efeitos nocivos à saúde associados à perda auditiva não-tratada, problema que aflige cerca de 38 milhões de americanos, e, segundo dois grandes estudos recentes, aumenta o risco de demência, de depressão, de quedas, e até de doenças cardiovasculares.

  • Artigo escrito por Jane E. Brody (colunista de Saúde Pessoal de The New York Times desde 1976, e autora de vários livros, incluindo os bestsellers Jane Brody’s Nutrition Book e Jane Brody’s Good Food Book).
  • Tradução de Pedro Sette-Câmara
  • Publicado em 30/12/2019 em The New York Times

Sabendo que minha própria audição deixa um pouco a desejar, a pesquisa que fiz para aquela coluna me motivou a fazer uma audiometria. Os resultados indicaram que um aparelho auditivo bem encaixado poderia me ajudar a ouvir significativametne melhor no cinema, no teatro, em restaurantes, em reuniões sociais, em salas de aula, e até no vestiário, onde o ruído de secadores de cabelo e de secadores de tambor (para roupas de banho molhadas) muitas vezes é um desafio para minha capacidade de conversar com meus amigos que falam baixo.

Isso foi seis meses atrás, e ainda preciso voltar para pegar aquele aparelho auditivo que me foi recomendado. Agora, porém, tenho uma nova fonte de motivação.

Os malefícios da surdez não tratada

Um grande estudo documentou que, mesmo entre pessoas com a audição dita normal, aqueles que têm uma audição apenas ligeiramente pior podem ter déficits cognitivos.

Isso significa uma capacidade reduzida de obter as notas máximas em testes padronizados de funções cerebrais, como combinar números e sílabos dentro de um tempo determinado. Porém, se você talvez nunca precise ou queira fazer isso, é altamente provável que você queira maximizar e manter a função cognitiva: sua capacidade de pensar claramente, de planejar racionalmente, e de ter lembranças claras, especialmente ao envelhecer.

Se, em circunstâncias normais, as perdas cognitivas ocorrem gradualmente à medida que as pessoas envelhecem, a opção mais sensata provavelmente será minimizar e retardá-las o máximo possível, e, ao fazer isso, reduzir o risco de demência.

De acordo com uma análise internacional publicada em The Lancet em 2017, dentre todos os fatores de risco da demência, a perda auditiva é o que mais pode ser modificado — mais do que o tabagismo, a pressão alta, a falta de exercício, e o isolamento social.

A análise indicava que impedir ou tratar a perda auditiva na meia-idade tem o potencial de diminuir em 9% a incidência de demência.

A dificuldade de ouvir pode prejudicar as funções cerebrais por manter as pessoas socialmente isoladas e inadequadamente estimuladas por inputs auditivos. Quanto mais difícil para o cérebro processar o som, mais ele tem de trabalhar para entender o que ouve, reduzindo sua capacidade de realizar outras tarefas cognitivas. A memória também é afetada negativamente. As informações que não são ouvidas claramente prejudicam a capacidade do cérebro de se lembrar delas. Um cérebro sem estímulos adequados tende a atrofiar-se.

O National Institute on Aging [Instituto Nacional para o Envelhecimento] atualmente patrocina um teste com 997 pessoas entre 70 e 84 anos com surdez de leve a modernada para determinar o quanto funcionam os aparelhos auditivos na redução do risco de demência. Os resultados do teste, chamado de Envelhecimento e Avaliação da Saúde Cognitiva em Idosos, devem sair em 2022.

Nesse ínterim, as novas descobertas sobre perdas cognitivas associadas à perda auditiva subclínica, feitas a partir do exame do 6451 pessoas de no mínimo 50 anos, sugerem que qualquer grau de perda auditiva pode cobrar um preço.

Atualmente, o nível sonoro de 25 decibéis — a capacidade de ouvir um sussurro — é usado para definir a fronteira entre a audição normal e a perda auditiva leve em adultos.

Porém, esse limiar é na verdade arbitrário. O principal autor do estudo, o dr. Justin S. Golub, otorrinolaringologista e pesquisador no Irving Medical Center da Universidade Columbia, verificou, junto com seus colegas, que a perda auditiva existe num contínuo que começa com a audição “perfeita” em zero decibéis (o nível sonoro da queda de um alfinete), com déficits cognitivos mensuráveis ocorrendo a cada perda adicional acima de zero.

De fato, os pesquisadores demonstraram que a maior queda na capacidade cognitiva ocorre no menor nível de perda auditiva — um declínio do zero ao nível “normal” de 25 decibéis, com perdas cognitivas menores ocorrendo quando os déficits auditivos passam de 25 a 50 decibéis.

As novas descobertas que associam o declínio cognitivo à perda auditiva sugerem que poderíamos fazer muito para proteger nossos cérebros se protegermos nossa audição. O fato de que perdas cognitivas mensuráveis correm em níveis auditivos inferiores a 25 decibéis, e de que a cognição piora pouco a pouco com o declínio da audição, sugere que a proteção contra a perda auditiva deveria começar na infância.

“Em pessoas com audição muito boa, temos de estar cientes de como as primeiras mudanças na audição afetam o cérebro”, disse o dr. Frank Lin, diretor do Centro Conclear para a Audição e a Saúde Pública na Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins. “Sem dúvida, a medida mais importante para preservar a audição é a proteção contra o barulho.”

As duas características do barulho associadas com o maior dano à audição são intensidade — isto é, altura — e duração, ou quanto tempo ouvidos desprotegidos ficam expostos a sons muito altos, como explicou o dr. Lin numa entrevista.

O efeito nocivo da exposição ao barulho é cumulativo

Embora ele se preocupe menos com a proteção auditiva durante o período relativamente preve que alguém passa usando um secador de cabelo ou de pé numa estação de metrô em Nova York enquanto um trem guincha ao frear, as pessoas que trabalham no metrô o dia inteiro ou que ouvem música alta por horas precisam proteger sua audição.

“Podemos verificar um déficit auditivo no dia seguinte ao dia em que alguém vai a um show com música muito alta”, disse o dr. Lin.

Ele esimula as pessoas que ouvem música com fones de ouvido a investir em fones com cancelamento de ruído, que bloqueia o som ambiente. Isso permite que as pessoas ouçam sua música ou seus programas favoritos num volume inferior, menos prejudicial à audição. A Apple, por exemplo, agora vende os fones AirPods Pro, que vêm com cancelamento de ruído. A 249 dólares o par, são muito mais baratos do que os aparelhos auditivos disponíveis atualmente.

Dito isso, espera-se que em 2021 chegue ao mercado uma seleção de aparelhos auditivos muito mais baratos. E, se o Congresso conseguir aprovar a Lei de Audição do Medicare de 2019, os usuários dos serviços de fonoaudiologia necessários para maximizar os benefícios dos aparelhos auditivos obterão o reembolso de seus custos.

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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