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Livros sobre surdez / Surdez

CULTURA SURDA: verdades expostas por Tom Bertling

A narrativa sobre a cultura surda, no Brasil, envolve muito desconhecimento e inúmeras tentativas de lavagem cerebral. Para começar, a surdez tem graus: leve, moderado, severo e profundo. A maioria das pessoas surdas não usa língua de sinais (no Brasil e no mundo) e não se identifica com a ‘cultura surda’. Mas a militância vai tentar te convencer, de todas as formas, de que “surdo é só quem não ouve nada e usa Libras”, “Libras é a língua natural de todos os surdos” e “usar aparelho auditivo ou fazer um implante coclear é uma violência”.

No livro A child sacrificed to the deaf culture” (em português “Uma criança sacrificada para a cultura surda”), o autor Tom Bertling conta sua experiência com a cultura surda. Ele era uma criança com deficiência auditiva usuária de aparelhos auditivos quando foi obrigada a se tornar aluno de uma escola residencial para surdos nos Estados Unidos a contragosto.

No livro, Tom analisa tudo o que viu, ouviu e viveu durante seus anos nessa escola e analisa o impacto que esse tipo de escola teve no futuro de milhares de crianças surdas americanas. Eram escolas baseadas na mais pura e simples segregação. O curioso é que, em pleno 2022, no Brasil, não são poucos os ‘líderes surdos’ que lutam pela permanência desse tipo de escola no nosso país com unhas e dentes. E, mesmo que elas sejam financiadas com dinheiro do contribuinte, a sociedade fecha os olhos para o impacto social e econômico disso nos seus cidadãos do futuro.

Você vai encontrar uma infinidade de posts tendenciosos quando for pesquisar sobre cultura surda na internet, a maioria deles escritos por pessoas e empresas que ganham dinheiro com surdos sinalizados. O que pode ser mais capacitista, por exemplo, que uma pessoa sem deficiência auditiva escrever sobre surdos e surdez apresentando apenas UM lado da história e negando a diversidade que existe na surdez? Pior que isso, talvez apenas falar em OUVINTISMO em pleno 2022 com o único objetivo de vender a falsa ideia de que todo surdo usa, precisa ou deve usar Libras. Não lhe parece bizarro que as pessoas surdas que não usam língua de sinais sejam tão ferozmente julgadas por outros surdos e por pessoas e empresas que ganham dinheiro com os surdos? Pois é!

Abra o olho com as suas leituras, especialmente se você for um pesquisador interessado em se aprofundar nesta área. Até conhecer o livro do Tom, eu ainda não havia lido uma opinião oposta sobre a cultura surda dada por uma pessoa surda que passou anos da sua vida dentro da comunidade surda sinalizada.

Fiz uma tradução livre de alguns trechos do livro para que vocês conheçam o livro do Tom. Se você é estudioso sobre o tema, este livro é uma leitura obrigatória – caso contrário, você correrá o risco de escrever uma tese cheia de viés, como a maioria das teses sobre “estudos surdos” que vemos por aí e que foram financiadas com dinheiro público. Aliás, fica a fica: uma das maiores maluquices capacitistas que você lerá na vida é a tese de uma autora brasileira sobre ‘identidades surdas’. Leia e tire as suas próprias conclusões.

Trechos do livro traduzidos para o português

“O objetivo deste livro é criar conscientização sobre a cultura surda, sobre os membros da comunidade surda e tudo o que não é dito a respeito disso. Mais notável e e ainda mais decepcionante é o fracasso da cultura surda em produzir cidadãos que contribuam para a sociedade. Me refirmo a um cidadão surdo adulto capaz de sustentar  a si mesmo, sua família e se tornar um pagador de impostos para ajudar a financiar a continuidade da nossa sociedade.” (página 7)

“Sinto que muitos líderes da cultura surda posicionaram a tentativa de preservar a cultura surda acima dos melhores interesses dos membros da comunidade surda e da sociedade em geral”. (página 7)

“Sem as escolas especiais para surdos, a cultura surda como existe hoje seria profundamente diferente, e é isso que os líderes da comunidade surda temem” (página 7)

“Líderes da comunidade culturalmente surda combatem as ameaças à sua existência tentando ganhar influência nas decisões que dizem respeito a crianças surdas. Eles acham que, por serem surdos, devem ser consultados como experts antes mesmo do que os médicos e os educadores, a respeito da educação de crianças surdas. Os pais de crianças surdas devem ficar muito atentos com qualquer um que queira sacrificar uma criança surda em nome da preservação de uma cultura” (página 8)

“É perturbador constatar que muitas pessoas, surdas e ouvintes, são expostas a pontos de vista tendenciosos sobre a cultura surda” (página 9)

“Devo dizer que a língua de sinais não tem nada a ver com o meu julgamento sobre a cultura surda. Enquanto é conveniente para a cultura surda usar a língua de sinais como um pedestal, a questão é que muitos adultos surdos precisam ou vão aprender alguma forma de comunicação gestual. Devemos ver a alegada existência de uma cultura surda com ceticismo, uma vez que ela se baseia em colocar a língua de sinais como a língua ‘natural’ das pessoas com surdez.” (página 10)

“Os que consideram culturalmente surdos se denominam Surdos com S. A palavra surdos é usada para descrever aqueles que não são culturalmente surdos. Além de confundir os ouvintes, é um método sutil de persuasão.” (página 11)

“Cada mínimo aspecto da cultura surda é financiado com dinheiro do contribuinte” (página 12)

“O domínio do inglês, mais do que uma deficiência auditiva, é o que determina o tipo de vida que cada pessoa surda vai alcançar” (página 32)

“A escola preferia que os estudantes surdos se interessassem por lavagem a seco e pelos trabalhos manuais com couro em vez de tentar alcançar as estrelas!” (página 40)

“A Gallaudet University é reverenciada na comunidade surda como centro da cultura surda. Ser aceito na Gallaudet é um ponto alto na vida de um estudante surdo, e estudar lá te posiciona na elite da classe social da cultura surda.” (página 42)

“A resistência às mudanças é muito comum dentro da comunidade surda e o fato de que eu não quis ir para Gallaudet foi visto como uma rejeição do estilo de vida deles e considerado inaceitável. A comunidade surda foi exposta para mim e as peças começaram a se encaixar: tratava-se de uma comunidade lutando para preservar a si mesma e eu estava sendo usado para atender ao objetivo desta agenda”(página 44)

“Se eu tivesse iniciado minha trajetória escolar numa escola especial para surdos, tenho sérias dúvidas se teria alcançado o sucesso que tenho hoje. Sem ter uma base para comparação, eu teria sido favorável à cultura surda. Teria sido difícil criticar o único estilo de vida que eu conhecia.” (página 53)

“Se a cultura surda não floresce à perfeição, como pode exigir perfeição dos outros?” (página 71)

“No mundo da cultura surda, muitos casais surdos desejam que seus filhos sejam surdos e ficam desapontados quando são ouvintes. Ter filhos surdos é um símbolo de status na comunidade surda. Para um casal culturalmente surdo, ter filhos surdos dá ao mundo surdo os candidatos que vão sustentar a cultura surda e posicioná-los no topo da classe social da cultura surda” (página 81)

“A cultura surda é uma criação. Alguns autores, incluindo alguns que são culturalmente surdos, dizem que a cultura surda foi criada com fins políticos. A existência de uma cultura surda é apresentada como fato quando, na realidade, não passa de especulação. Sinto que esse rótulo de cultura tem sido usado quase como uma arma por líderes surdos para que o público em geral assegure a sua continuidade. Muitos surdos proclamam ‘novas descobertas’, ‘minoria linguística’ e outros termos hype para atingir os objetivos da sua agenda. Há muitos fatos que mostram que a cultura surda não é uma cultura de verdade. Acho que o termo mais descritivo e acurado do que cultura é “clube”. (página 83)

“O estado de espírito nós contra eles. Alguns líderes surdos vão a público explicar que não querem diálogo com nenhuma organização ou grupos de surdos que pensem diferente, filosoficamente,  sobre a causa surda. É um tipo de discriminação reversa.” (página 84)

“Líderes da comunidade surda brigam continuamente com o FDA por causa do implante coclear. Eles alegam que uma criança surda tem o “direito” de ser surda, e lutam contra a reabilitação em nome de ‘todas’ as crianças surdas” (página 86)

“A cultura surda nos EUA é financiada com o dinheiro público.” (página 88)

“A surdez é um direito, não uma deficiência. Não somos deficientes, a surdez não tem que ser curada. Muitos líderes surdos proclamam sobre esse ‘diferente jeito de ser’ como um direito natural dos surdos. Essa retórica é constantemente usada para reforçar a imagem da existência de uma cultura surda. Entretanto, quando ‘benefícios’ relacionados à surdez estão disponíveis, essas mesmas pessoas são as primeiras a usá-los. A classificação como ‘deficiente’ nunca é questioanda por eles quando o governo, com o dinheiro do contribuinte, financia e dá suporte às pessoas surdas”. (página 91)

“Uma conhecida professora surda de Gallaudet foi vítima de abuso verbal e quase foi fisicamente agredida por militantes da cultura surda após se posicionar de forma contrária ao pensamento de muitos líderes da comunidade surda” (página 98)

“A comunidade surda deveria ser mais verdadeira no que oferece aos pais de crianças surdas. Sacrificar crianças para preservar os interesses de poucas pessoas é pedir demais. Na realidade, a opção pela cultura surda é nada mais do que uma escolha que deve ser feita pelos pais, levando em consideração o que é melhor ou pior para o seu filho” (página 101)

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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