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Surdez neurosensorial: a história do Alexsandro

surdez neurosensorial

Meu nome é Alexsandro Machado. Tenho surdez neurossensorial bilateral, de grau moderada/severa de causa desconhecida. Meus pais perceberam que eu tinha um problema auditivo quando, aos aproximadamente 5 anos de idade, eu recebia ligações de familiares e passava o telefone para que as outras pessoas “ouvissem para mim” o que estava sendo dito.

Eu vivi toda a infância, adolescência e início da fase adulta sem o uso de nenhuma tecnologia que me auxiliasse a ter uma vida melhor. Tive uma experiência quando tinha aproximadamente 8 anos, naquele tempo meus pais conseguiram um par de aparelhos auditivos intra auriculares, através do SUS e eu fiz a adaptação.

Mas depois de algumas semanas de uso, os aparelhos apresentaram problema, foram para o conserto e acabaram não retornando mais… Como a tecnologia naquela época era ainda muito inferior, minha experiência foi um pouco traumática e eu não queria mais usar aparelhos que apenas amplificavam todos os sons, tinha a impressão que iria enlouquecer.

Encarei a vida do meu jeito, sem aceitar a minha deficiência auditiva.

Desenvolvi naturalmente a habilidade de entender as coisas que ouvia pelo contexto e/ou leitura labial. Assim terminei o ensino fundamental, médio e, posteriormente, parte de um curso técnico e um curso inteiro de graduação.

Neste tempo, percebi que tinha certa habilidade com os estudos e resolvi tentar concursos públicos, sendo aprovado e convocado já no primeiro que fiz (sem o uso de cotas). Nos anos seguintes, ainda sem o uso das cotas, passei e fui convocado em mais 2 concursos. Após as cotas, consegui de novo e fui convocado em mais quatro!

Na faculdade eu comecei a me conscientizar da minha surdez e a sentir mais dificuldades para estudar. Quando me formei e fui chamado em um concurso que me deu melhores condições financeiras, pude procurar recursos tecnológicos que me ajudassem, e fiquei muito feliz ao realizar testes e ver que a tecnologia havia evoluído exponencialmente.

Hoje utilizo aparelhos auditivos modelo intracanal com muita naturalidade e, às vezes, nem lembro que estou usando.

Faço aulas de piano e inglês, este último era impossível antes dos aparelhos. Minha maior alegria foi ouvir novamente minhas músicas preferidas e descobrir que elas possuem muito mais sons do que eu pensava ou ouvia.

Poder ouvir o som da chuva, as chaves caindo ou batendo umas nas outras também é muito bom. O Som do mar é apaixonante, desde que não tenha muito vento na praia, é claro (risos).

Foi durante as consultas com a fonoaudióloga que ela, depois de ouvir meus relatos, me fez enxergar todas as dificuldades que eu venci durante toda a vida.

Mesmo sem ouvir direito, eu quase não tive a fala prejudicada, conseguia me destacar nos estudos, consegui me formar em uma graduação, entre outras coisas. Acho que, parafraseando aquele texto famoso, “Não sabendo que era impossível, eu fui lá e fiz, vivi e ouvi!”

Veja o Alexsandro no vídeo

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

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