A vergonha da surdez está intimamente ligada ao preconceito que a própria pessoa com perda auditiva sente. É mais fácil projetar esse preconceito nos outros do que enfrentá-lo. Ele se chama capacitismo. Você aprendeu que ter uma perda auditiva é ruim e criou um estereótipo das pessoas surdas na sua cabeça – e, por isso, você não quer ser visto assim. Saiba que é missão impossível disfarçar uma perda auditiva, porque ela é facilmente percebida pelos ouvintes. Nossa voz fica diferente, pedimos para que as pessoas repitam as coisas o tempo todo, não ouvimos uma série de sons…perder tempo tentando disfarçar o indisfarçável não é algo que você deva fazer.
Chega uma hora em que você vai precisar adultecer e parar de sentir vergonha da surdez, dos aparelhos auditivos ou de simplesmente abrir a boca e falar em alto e bom som que você é surdo.
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RELATOS de pessoas surdas sobre VERGONHA DA SURDEZ
Tempos atrás perguntei no Clube dos Surdos Que Ouvem “Afinal, por que as pessoas sentem vergonha da própria surdez?” e hoje publico aqui algumas das respostas. Espero que esses relatos lhe ajudem a refletir e a deixar a vergonha de lado.
Chel
“Acho que as pessoas enxergam na deficiência uma limitação que pode ser vista como pejorativa aos olhos dos outros. Sentem vergonha por não serem “perfeitas”… e muitas nem sonham em como é comum a existência de pessoas surdas uni ou bilateralmente. Enxergam na deficiência uma fraqueza. Infelizmente. Sou surda unilateralmente e aprendi a viver muito bem com isso. Desde os 9 anos de idade.”
Roberta
“Eu já passei por essa fase da “vergonha”, é que as pessoas te tratam como se você fosse um idiota, começam a rir e tirar sarro da tua cara por você não ouvir ou entender mal uma palavra. Como o caso daquela personagem da velha surda, da praça, a surdez um motivo de chacota. Isso me incomodou muito na adolescência, hoje é algo que superei, mas que as pessoas tratam o surdo desrespeitosamente, isso é um fato.”
Márcia
“Não aceitação é umas das respostas porque é difícil conviver com “os normais” e não entender o que se passa à tua volta – e não ser entendido – e, além disso, na maioria dos casos alguns não recebem – ou não procuram- informações para usufruir de uma vida com qualidade. A sociedade também não recebe muita informação e, em função disso, reproduz um preconceito imenso a partir de estereótipos. Portanto grande parte daqueles que não aceitam a própria surdez “acatam” o preconceito e não se veem com pessoas “normais”. Eu me vejo como alguém diferente, não somos todos iguais (nem “normais”pois segundo o Caetano Veloso “de perto ninguém é normal).”
Marcos
“Insegurança de sofrer alguma piadinha no meio de um monte de gente e se sentir envergonhado. Por isso muitos surdos acabam se isolando, assim como muitas vezes eu faço!”
Regiane
“Me envergonho porque algumas pessoas quando sabem que sou deficiente até respeitam, mas quando vêem que uso aparelhos já começam a discriminar, acham que você é obrigada a ouvir porque usa aparelhos. Não entendem que usá-los não é o mesmo que ser ouvinte.”
Daiane
“Eu tinha medo. Hoje eu exibo por aí, as pessoas até me olham com mais carinho e um cuidado tão especial. Outro dia uma atendente da padaria viu meu aparelho auditivo na cor rosa e admirou. Depois disso, ela sempre quando me vê, pergunta logo o que eu quero com o sorrisão bem grande.”
Marlene
“Até minha mãe demostra que tem vergonha da minha surdez.”
Joanna
“Paula, sou Fono e ontem passei por isso na clínica. Fiz a audiometria de uma menina de 9 anos e deu uma perda. Falei sobre o aparelho até pra ajudar no colégio e mãe foi super resistente… “aparelho? Não!!” Dá uma tristeza….”
Renee
“Costumo falar para meus pacientes com mais de 60 anos, que perda auditiva é parte do pacote “ficar velho”. Deficiência auditiva impede a comunicação oral de ser fluente, em conseqüência a pessoa se isola, entra em depressão, sente-se diminuído. Quando se é jovem, o estigma é muito maior. Não “fazer parte” do grupo, do contexto, do babado… Hummmm, é complicado. Eu ainda não tenho uma perda auditiva significante, mas quando a presbiacusia bater na minha porta, não me sentirei envergonhada.”
Daniele
“Bom, no começo eu tinha muito receio de não ser aceita e até mesmo medo de não ter um relacionamento devido a minha “deficiência” (não gosto dessa palavra, parece até que nós somos incapazes). Mas aí depois eu percebi que quem me amar vai ser pelo que eu sou e não pela minha condição física e perdi esse receio. Acho que o que a maioria sente é isso também, não sei… Tem muito preconceito também”
Thais
“Eu não tenho vergonha da minha própria surdez não, mas quando a alguém me conhece pelo Facebook, WhatsApp, e essas coisas. .. eu fico com vergonha de falar que sou surda. Penso que às vezes ela vai assustar, vai arrepender de ter conversado comigo só porque sou surda. Eu sempre passo por isso. Tem gente que gosta de mim, mas não sabem que sou surda, não sei se falo. Mas vou revelar que sou surda.”
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10 Comments
NAMORAR Uma Pessoa Com DEFICIÊNCIA AUDITIVA: 13 Dicas
21/06/2022 at 15:49[…] tal ser o empurrão que faltava para que a pessoa que você ama vença a vergonha da surdez e saia do […]
10 situações constrangedoras que todo mundo já passou na vida - Bota Misterio
03/07/2016 at 17:48[…] Elders Scrolls Onlin eCrônicas da Surdez Bolsa de Mulher Professor Gustavo Rascunhos de um Diário Vitruvian Leads Gadoo Café com […]
Cristiano
02/06/2016 at 01:58Boa Noite
Bem eu até o ano passado escutava normalmente dos dois ouvidos , mas do nada tive uma surdez súbita e fiquei completamente surdo dos dois. Então começou a minha luta, tentei continuar minha vida aos 37 anos , indo em festas, churrasco com família ou com amigos, mas que na verdade aconteceu é que muitos se afastaram e agora posso dizer que tenho só 3 amigos realmente e minha mãe que me dá todo apoio. Eu desisti de aprender leitura labial porque as pessoas não mexem direito a boca ao pronunciarem as palavras e também não tem paciência. Tentei fazer novos amigos e quando eu falava que sou surdo e para comunicar comigo teria que escrever , eles riam e não ficavam muito tempo na conversa. Ai comecei a entrar em depressão, só queria ficar dormindo e contatos com as pessoas só pelo whatsapp ou facebook…foi horrível. Estou a espera do implante coclear e sei que não vai resolver 100% mas se der pra me comunicar novamente com o som que vou ouvir tudo bem. Agora tenho uma namorada que me aceitou e me da todo apoio tbm , além de minha mãe…mas o que queria relatar é que não tive vergonha da minha surdez, mas com a atitude das pessoas em minha volta sim e muita.
Renata
17/08/2015 at 14:34Já tive muita vergonha… e levei quase 30 anos para parar de ter vergonha e assumir minha surdez de vez como algo que me define, mas que não me limita em nada.
A aceitação da surdez é uma longa e penosa jornada… e, no final das contas, exige uma grande dose de coragem! Uma vez ouvi de um senhor em um centro auditivo: “é preciso ser um leão todos os dias!”. Ele tem razão!
Não importa a idade e não importa em qual momento ocorreu a perda auditiva, a pessoa surda precisa aturar os comentários maliciosos, as piadinhas, a falta de compreensão/ paciência… precisa lutar contra o preconceito… precisa enfrentar a rejeição que acontece, muitas vezes, no próprio seio familiar (não tive pais tão perseverantes como vi em muitos depoimentos aqui, e meu próprio pai, por muitos anos, duvidou de minha capacidade intelectual). Perante tantos obstáculos, como não ter vergonha da surdez?
Agora abro um enorme parênteses: “Seja forte!” “A vergonha é atraso de vida! Não tenha vergonha!!” – como disse sabiamente a mãe da Maria nesse lindo e arrepiante depoimento aqui: https://cronicasdasurdez.com/maria-uma-licao-de-vida/. Obs. Esse depoimento me marcou.
Ter vergonha é muito, muito pior para o nosso próprio crescimento, e impede o nosso desenvolvimento, o nosso potencial!
Gi
06/05/2015 at 15:13Sou ouvinte. Namoro um surdo, que também tem visão subnormal.
Discordo e penso que a sociedade tenha pena de cegos. Em verdade, as pessoas não sabem como lidar com portadores de necessidades especiais.
Eu também estou aprendendo.
Se alguém riu de você, desconsidere! Para ser sincera, essa pessoa é que precisa de tratamento!
Desejo força para que todos continuem sua caminhada de sucesso! Abraços
Lu Lopes
06/05/2015 at 11:38Sim!!! Antes eu era surda só unilateral. ..Agora descobri que sou surda bilateral. …difícil à adaptação, no começo me excluir das conversas, evitava falar muito e entrei em um tempo de solidão, mas agora estou começando a me acostumar , depois que li um relato sobre aqui no blog “saia do armário” ,me ajudou muito comecei me auto avaliar e vê que se as pessoas gostarem de mim, vão gostar e pronto… mas , que dá vergonha em algumas situações ! A sim ! e como dá vergonha .
Jussara
06/05/2015 at 02:17Eu tenho 21 anos, e desde pequena uso aparelho auditivo nos dois ouvidos. Sempre morria de vergonha e não me aceitava (hoje em dia um pouco). Minha perda não é tão grande, mas sempre me incomodou muito falar sobre minha deficiência (não gosto dessa palavra), até porque as pessoas meio que olham com dó, e isso é péssimo!
Amanda Larsen
05/05/2015 at 22:22Descobri que sou deficiente auditiva desde os meus dois aninhos, até hoje não aceito minha surdez, tenho 17 anos e já sofri muito bullying na escola, já mudei de escola várias vezes, tenho um blog literário e tenho medo em contar para os leitores que sou surda, eu vou me sentir insegura sempre, tenho que me aceitar do jeito que sou, mas ainda não consigo…
Maria da graca
05/05/2015 at 13:47Concordo com a Regiane , as pessoas não entendem que o uso do aparelho não resolve 100%
O problema , depende de como fala …
Outra coisa é : todos têm pena de cego e mudo , respeito , tb tenho ,
Mas porque riem das pessoa surdas ???
eliane
05/05/2015 at 13:13Eu iniciei minha perda na adolescência então tinha muita vergonha de demonstrar,tinha medo de rejeição também. Nunca falava para as pessoas sobre minha perda que era pequena mas tinha.Usei AASI durante muitos anos e muitas pessoas nem imaginavam o que se passava comigo sobre este acessório. Passei muitos anos escondendo isso e somente agora na meia idade e com uso do IC é que eu converso abertamente com as pessoas sobre minha deficiência.