Os impactos sociais da surdez são avaliados pela Organização Mundial da Saúde no Relatório Mundial da Audição. Nele, estão descritos inclusive os impactos econômicos da surdez para os países, e é por isso que a OMS se dedica a conscientizar os governos da importância da reabilitação auditiva – os prejuízos são da ordem de bilhões de dólares.
A surdez não tratada traz impactos sociais significativos para a vida daqueles que convivem com a perda auditiva. Tudo começa dentro de casa, com a impaciência das pessoas para repetir 5x cada frase, e termina na falta de acesso ao mercado de trabalho.
Não foram poucas as vezes em que ouvi que ‘surdez nem é um grande problema‘, e é claro que quem pronunciava a frase ouvia e não tinha noção do que estava falando. Sempre tive para mim a idéia de que tirava a minha surdez de letra, e essa visão só mudou quando voltei a ouvir depois de fazer um implante coclear.
Em inúmeras situações eu tratava de me convencer de que estava tudo bem, que a surdez não aparecia, que ela não era notada, não incomodava, que as pessoas não me tratavam diferente por causa dela, que ninguém falava coisas pelas minhas costas e uma porção de outras coisas. Só que eu estava redondamente enganada!
Também passei anos mentindo para mim mesma sobre os impactos que a surdez não tratada causava na minha vida, como se eles fossem de pouca importância. A ficha só caiu com a chegada da surdez profunda, embora hoje eu seja plenamente capaz de perceber que todos esses impactos começaram muitos anos antes disso.
Os prejuízos da surdez não tratada
Em 2022, a maioria absoluta dos casos de surdez é passível de tratamento e reabilitação auditiva. Existe um lobby muito ativo por aí que tenta convencer as pessoas de que ser surdo é uma bênção e, se você ousar tratar a sua perda auditiva, isso significa que você tem sérias questões psicológicas e não se aceita. Tenha muito cuidado com essa pressão: os lobistas não estão interessados em você, na sua indepedência, na sua educação, no seu pleno desenvolvimento ou no seu acesso ao mercado de trabalho. Eles querem apenas garantir que o governo continue soltando todas as verbas possíveis e imagináveis para a falaciosa “educação bilíngue de surdos” ou que as empresas continuem pagando caro por tecnologias de acessibilidade para surdos que ajudam apenas a ínfima minoria desta população.
Negar os impactos sociais e econômicos negativos da surdez não tratada é negar o óbvio. Você até pode – como esses lobistas fazem – negar a realidade, mas não poderá negar as consequências futuras da realidade.
OS IMPACTOS SOCIAIS DA SURDEZ NO DIA-A-DIA
Segurança pessoal
Quem não ouve ou ouve mal fica em apuros quando se trata de ouvir sons importantes como alarmes de incêndio, telefones, campainhas, interfones, alarmes de porta de garagem abrindo, ambulâncias, batidas na porta, etc.
É preciso toda uma adaptação em casa para poder ficar sozinho sem correr perigo. O impacto social da surdez aqui tem ligação com duas palavras: medo e dependência. Sentimos medo de estar sozinhos em algum lugar ou situação sem ouvir e acabamos nos tornando dependentes de outras pessoas nesse sentido. Se você não trata a sua surdez e não busca tecnologias assistivas, esse ciclo nunca se quebra.
Lazer e acesso à cultura
Conseguir encontrar o filme que você quer ver no cinema legendado é quase repeteco de ‘Missão Impossível’, já que no Brasil os dublados são dominantes. Em viagens, é raro encontrar programação legendada nos aviões e ônibus. Os hotéis insistem em atendimento telefônico para tudo. Funcionários de lojas, restaurantes, livrarias e etc não são treinados para atender clientes com deficiência auditiva – a maioria tem aquele comportamento de ‘todo surdo é mudo’. Teatros não dão a mínima para os espectadores surdos e usuários de aparelho auditivo ou implante coclear.
O impacto social da surdez no nosso lazer e acesso à cultura está intimamente ligado à falta de acessibilidade e ao desconhecimento geral da nação sobre surdez.
Dia-a-dia
No dia-a-dia, o bicho pega pra valer. Não sou capaz de listar todas as situações, mas vou tentar lembrar de algumas. Quando vamos ao mercado temos que ficar de olhos vidrados no caixa, caso a pessoa fale conosco enquanto passa as compras – já me aconteceu de pessoas da fila me cutucarem com raiva pois o caixa falava e eu nem tchuns. Quando estamos sentados esperando atendimento em repartição pública, consultório médico e odontológico, bancos, etc o método geralmente é um berro de ‘próximo’ que, na maioria das vezes, deixamos passar. Ao pegar um taxi, se o taxista quiser bater papo ou começar a falar conosco, como é que faz se não dá para ler os lábios da criatura?? E a escravidão do Telefone TDD, que nos obriga ao ‘0800 especial para deficientes auditivos e da fala‘, uma das coisas mais bizarras e inúteis já inventadas neste planeta? E a pandemia, que deixou todas as bocas do planeta cobertas, impossibilitando a leitura labial?
Toda situação da nossa vida diária pode – e vai – envolver algum perrengue causado pela falta de audição. O impacto social da surdez não tratada no nosso dia-a-dia é imensurável, nenhuma palavra seria capaz de descrevê-lo.
Trabalho e vida profissional
O trabalho é o local mais tenso de todos, na minha opinião. Precisamos provar o nosso valor e estar à altura dos colegas. As pessoas esquecem que, neste universo, tudo é comunicação, nosso ponto fraco.
Quem é que quer ser visto como incapaz ou, pior, como o funcionário que tem ‘audição seletiva‘, que ‘se faz de surdo para passar bem‘, que ‘não pode atender o telefone‘ e uma infinidade de gracinhas – para não dizer assédio moral – que somos obrigados a aguentar porque nossos colegas e chefes não têm empatia ou conhecimento sobre as dificuldades de uma pessoa com deficiência auditiva? É muito difícil.
Ouvir instruções e chamados quando não estamos prestando atenção, acompanhar conversas e discussões com várias pessoas falando ao mesmo tempo, participar de reuniões; coisas tão banais para os ouvintes mas que são infinitamente mais difíceis para nós. Isso pode levar e às vezes de fato nos leva a um esgotamento sem precedentes.
O impacto social da surdez no trabalho está ligado ao sofrimento desnecessário que passamos (na maioria das vezes tudo pode ser resolvido se o RH fizer as adaptações necessárias, providenciar a tecnologia assistiva disponível/solicitada e informar todos os funcionários sobre os detalhes da nossa condição) e principalmente ao CAPACITISIMO, que impede o acesso ao mercado de trabalho por medo e desconhecimento.
Educação
Escola e faculdade, dois lugares complicados para se estar quando você tem perda auditiva. Ambiente sem projeto acústico adequado, barulho constante, ruído incessante, professores sem treinamento para lidar com alunos com deficiência auditiva, escolas que não querem aceitar alunos com deficiência, colegas não colaborativos, coordenação despreparada e sem conhecimento sobre acessibilidade…será que preciso dizer mais?
O impacto social da surdez na educação está ligado à desistência de estar na escola/faculdade por parte de um grande número de estudantes com deficiência auditiva. E isso é muito grave. Leia sobre quanto custa a educação de surdos e a reabilitação auditiva no Brasil.
Família e amigos
Passamos a evitar estar com pessoas desconhecidas. Perdemos a vontade de participar de festas, jantares, comemorações. Descarregamos nossa frustração naqueles que convivem conosco a maior parte do tempo. Perdemos a vontade de conversar com as pessoas. Evitamos programas sociais a todo custo. Elegemos um amigo ou membro da família como nosso ‘tradutor’ oficial, colocando um enorme peso nas costas desta pessoa. Evitamos qualquer situação que nos desafie. Nos sentimos inseguros em nossa vida amorosa, achamos que as pessoas que estão conosco apesar de nossa perda auditiva estão nos fazendo um grande favor.
O impacto social da surdez não tratada na nossa vida social íntima está ligado à depressão e ao isolamento forçado, sem falar no esgotamento mental e no cansaço físico de ficar desesperadamente tentando entender o que é dito.
** esse post foi escrito em 2016 em revisado em 2022
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Os erros que você NÃO PODE cometer ao comprar APARELHO AUDITIVO
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30 Comments
Leonardo Magalhães
27/05/2021 at 12:42Eu me sinto extremamente representado, acolhido aqui e esse texto diz tanta verdade que até me emocionei aqui. É muito bom estar com vocês, maravilhoso!
Ricardo
25/04/2019 at 16:49Pior que a médio prazo a pessoa entra em depressão, se isola, é difícil de tratar. Tenho uma amiga próxima que sofre com esse problema desde que nasceu, mas na fase adulta as complicações emocionais apareceram. Ótimo artigo, bem sensível ao tema.
paulo Luiz Cardoso
03/04/2019 at 20:25Boa noite fui reprovado no exame sisu.ufs no exame laudo deficiência auditiva onde tem dizendo de 35 od e 35 oe decibéis freq.OD 500-20,1000-25,2000-50,4000-65 e OE de 500-20,1000-40,2000′-55,4000-60 perda auditiva sensório neural de grau leve a moderado bilateral. Imitanciometria curvas do tipo A reflexos bilateral em 500 hz e 1000 hz gostaria de saber se entrando com processo na justiça vou ter o direito a matricula de volta a universidade. Grato Paulo Luiz Cardoso.
Pryscilla Cricio
18/08/2020 at 18:16Olá Paulo,
Tudo bem?
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Abraços,
Equipe Surdos Que Ouvem
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26/08/2018 at 20:13[…] Pfeifer Moreira Tudo começou quando eu tinha 17 anos. Até lá, nunca havia percebido que tinha perda auditiva. Naquele ano, o médico me falou que eu tinha um colesteatoma no ouvido direito. Ele já havia […]
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19/06/2018 at 18:45[…] você está em busca de um otorrino para investigar e tratar a sua perda auditiva, precisará de um que entenda muito deste assunto específico. Não apenas na parte clínica, mas […]
Cota para deficientes em concursos: deficiência auditiva
18/04/2018 at 10:27[…] da Surdez no Facebook. Aliás, você já faz parte do nosso grupo? Somos mais de 8.100 pessoas com deficiência auditiva por lá. […]
Natália dos Santos
10/08/2016 at 00:26Posso fazer uma pergunta?? Como sai dessa situação bem? Digo, como lidar bem com isso? Sinto boa parte de tudo que você escreveu, com um fato de não me acertar com médico nenhum para tratamento. Todos dizem que meu ouvido é especial, que não é qualquer médico que consegue me atender. Eu tô cansada. Nao sei se to enlouquecendo com isso ou se to realmente perdendo mais audição nos últimos meses. Inclusive To fazendo terapia. To tão cansada de viver nesse limbo. Queria tanto conhecer alguém que entenda tudo que to passando pra poder conversar, trocar uma idéia…
Marluce alves
13/12/2016 at 22:44Oi natalia…podemos converssar se vc quiser..passamos pela mesma situaçao..meu email e..narluce.alves@hotmail .com
Gean Alipio dos Santos
04/08/2016 at 02:56Perfeito artigo. Tive surdez súbita unilateral no ouvido esquerdo no final de Abril de 2015, de início foi perda auditiva profunda de caráter misto (perda condutiva/neurossensorial), busquei tratamento imediato com minha otorrino como é o recomendável – surdez súbita é considerado caso de emergência médica – e ela aplicou o protocolo terapêutico para surdez súbita, que é uma espécie de “tiro pra tudo que é lado”, uma vez que não se sabe de imediato, e quiçá após exames, qual é a causa, e quatro meses depois recuperei cerca de 60 decibéis em todas as frequências, e assim permaneço até hoje, com perda auditiva moderada unilateral, infelizmente não houve maior avanço em minha recuperação.
Hoje, após investigar muito por conta própria e graças ao grupo “Surdez Súbita/Ménière… vamos ajudar :)” do Facebook, cheguei ao que parece ser o diagnóstico mais provável do mal súbito que tive, e estou tentando mudar certos hábitos como alimentação e ingesta de água, que de acordo com estudos sérios a respeito da doença de Ménière no Oriente, são medidas que seguidas com muita disciplina podem reverter a doença e até a perda auditiva. Infelizmente tais estudos são pouco difundidos e tão pouco conhecidos por muitos dos próprios especialistas.
Me considero praticamente surdo do ouvido esquerdo, se comparado ao direito, que felizmente funciona 100%. Quando consigo ouvir nos exames audiométricos que faço, ou quando aumento o volume do fone de ouvido ou do celular, no ouvido afetado, minha audição parece caixa de som furada, ouço tudo muito distorcido. Por isso mesmo descartei o uso de aparelho auditivo depois de experimentar por alguns dias, pois parecia até atrapalhar minha audição direita, que está perfeita.
Desculpem por me estender tanto, mas após sofrer desse mal súbito passei, mais do que nunca, a ter maior empatia com relação aos deficientes auditivos (minha avó materna e sua filha mais velha, tia minha, são surdas bilaterais); minha audição esquerda era perfeita, tenho até hoje a última audiometria que fiz anos atrás, e meu ouvido esquerdo era ainda mais aguçado do que o direito, que já é bom demais para os padrões da minha faixa etária, de acordo com a última fonoaudióloga que me examinou – tenho 30 anos. Tenho ouvido absoluto, adoro música, cinema, sempre fui muito de contemplar o mundo através do som, e foi muito, mas muito doloroso e desesperador perder metade de minha audição, e da maneira mais improvável… e posso imaginar o abismo de dificuldade que me separa dos deficientes auditivos e surdos bilaterais. Fico feliz, não grato, por ainda ter um ouvido sadio, mas se foi terrível pra mim e se meu outro ouvido ainda me faz uma falta tremenda, imagine a quem dispõe de pouca ou nenhuma audição em ambos os ouvidos.
E mesmo os surdos e deficientes auditivos unilaterais, além do impacto emocional da perda auditiva, enfrentam lá suas dificuldades, pois você está acostumado há décadas, desde que você se entende por gente, com uma audição “estereofônica”, que é o natural, e de repente se vê tendo que dar conta de tanta informação de um lado só; dependendo da circunstância pode ser tremendamente confuso, irritante, deprimente, perigoso também: no trânsito por exemplo, perdemos um pouco o referencial, não sabemos direito ou não percebemos de qual direção vêm o som de veículos, pedestres, nem sempre a visão dá conta de tudo, meio que uma sinergia entre som e imagem ajuda a compor nossa atenção.
Mas acima de tudo, que todos nós possamos superar nossas dificuldades e nos adaptarmos a nossas novas condições de maneira positiva, e que a vida em sociedade seja plena para todo cidadão com ou sem quaisquer limitações. E que a ciência, medicina, engenharia genética e afins avancem para além dos aparelhos auditivos, implantes cocleares e tecnologias assistivas, e algum dia proporcionem de volta a todos a audição inigualável que a natureza nos deu.
Camila
04/06/2017 at 10:49Olá! Meu caso eh totalmente igual ao seu.. sendo que faz apenas 1 mês q isso aconteceu. Está sendo mt difícil! Meu médico tb falou q n iria me acostumar com aparelho auditivo.. mas quero pelo menos tentar..
Qd vou a ambientes ruidosos é bem complicado, pq o zumbido aumenta muito e isso dificulta o entendimento das palavras. Fico mt triste com isso..
Como vc disse.. qd é de forma súbita, imprevisivel.. é bem complicado.. pq primeiro previsamos aceitar.. e n é fácil!
Que Deus nos abençoe e nos dê força para seguir em frente..
Ana
03/08/2016 at 19:54Oi Paula, boa noite pessoal!!
Minha primeira vez aqui. Tenho 37 anos. Sou DA bilateral neurosensorial grau severo a profundo. Tive muita otite quando criança, sabia que não ouvia direito, mas estudei normalmente, fiz faculdade. Comecei a usar aparelhos auditivos apenas aos 22 anos de idade já na faculdade de direito. Recentemente tive uma perda súbita no lado esquerdo. Segundo o médico que está me tratando era uma fístula perinlinfática. Fui operada semana passada para fechar a tal fístula. Agora irei fazer testes para ver se sou candidata a colocar prótese implantável BAHA ou PONTO. Alguém aqui é usuário destes implantes. Segundo o médico IC não seria meu caso. Paula, vc poderia me explicar a diferença entre estas próteses e o IC. Minha vida parou….não estou ouvindo nada…não vejo a hora de voltar a ouvir, mas acho que os aparelhos que eu uso da marca PHONAK já não me atendem. A solução seria mesmo estes implantes.
Se alguem puder me esclarecer, fico muito grata. Nos ultimos dias este blog é que tem me dado alento e a esperança de voltar a ouvir….obrigada e boa sorte pra nós!
Ana Paula
03/08/2016 at 11:15Bom dia Paula, descobri esse blog por acaso, já coloquei como favoritos para sempre acessar e ver as atualizações, fiquei muito feliz em encontrar alguma coisa que me identificasse.
Moro em Brasilia, Sou DA bilateral de perda aditiva mista, severa em ambas as orelhas, falo normalmente e muitos nem percebem que sou DA até quando pago mico de entender errado!! kkkk.
Sou formada em Gestão Pública, estou estudando para concurso e se Deus quiser serei contemplada.
Falou tudo neste post, mesmo usando aparelho, a gente acaba tendo certas limitações, e as pessoas falam “Mas você fala!!!! como não ouve?”
Continue com esse blog, parabéns pela iniciativa!!!
Ana Paula
03/08/2016 at 11:13Bom dia Paula, descobri esse blog por acaso, já coloquei como favoritos para sempre acessar e ver as atualizações, fiquei muito feliz em encontrar alguma coisa que me identificasse.
Sou DA bilateral de perda aditiva mista, severa em ambas as orelhas, falo normalmente e muitos nem percebem que sou DA até quando pago mico de entender errado!! kkkk.
Sou formada em Gestão Pública, estou estudando para concurso e se Deus quiser serei contemplada.
Falou tudo neste post, mesmo usando aparelho, a gente acaba tendo certas limitações, e as pessoas falam “Mas você fala!!!! como não ouve?”
Continue com esse blog!! parabéns pela iniciativa!!!
walmir braum
03/08/2016 at 08:30Sou surdo desde os cinco anos de idade , por causa de meningite e hoje tenho 40 anos, e gostei muito do texto na realidade eu enfrento tudo isso que li no texto acima , e difícil para nós que não ouvimos e sentimos excluídos do grupo que não querem a nossa atenção, mas eu faço sacrifício tudo dia para enfrentar minha vida como surdo.
Maria Helena
03/08/2016 at 02:33Já me acostumei a utilizar suas “Crônicas da surdez” para mostrar aos outros o quanto é difícil a posição do deficiente auditivo oralizado. E nesta, você colocou, da maneira mais natural possível, o impacto que venho sentindo nestes meus 67 anos de vida. Obrigada, Paula, pela sensibilidade e atuação. Bjs
Genessi da Trindade Pedrotti
02/08/2016 at 19:45Sou deficiente auditiva e sei bem o que eh passar por tudo isso….
Ca
02/08/2016 at 18:12Ótimo texto. No ensino a distância EAD, a maioria das vídeo-aulas não tem legendas. Até quando os D.A. serão afetados pela falta acessibilidade na educação? Estamos na era tecnológica do atraso brasileiro.
Aurélio Cechinel Rodrigues
02/08/2016 at 17:20Meu filho de 03 anos é implantado. Está tudo no início, mas já percebo como ele tem dificuldade de se relacionar com outras crianças. Fico com o coração partido quando ele vai ao parque e fica olhando as outras crianças sem se aproximar, talvez por algum medo. Sei que ele terá muitas dificuldades…
Keila Almeida
02/08/2016 at 13:57Paula, excelente texto como sempre.
Tem dias que esgota mesmo por que o desafio é constante e basta abrirmos o olho pela manhã e estamos sendo desafiados até o fim do dia.
É realmente tenso.
Mas eu quero viver e provar que a unica coisa que estou limitada é a ouvir fora isso eu posso fazer qualquer coisa, meu novo desafio está sendo aprender Inglês, Francês e Alemão, por enquanto em aplicativos e sites mas assim que possível vou para uma escola de idiomas ( E como tenho IC, treino a parte de ouvir e falar é trabalhoso , mas ao mesmo tempo me traz alegria sempre que vejo a resposta de ‘correto’ do aplicativo. (RS) )
Pessoal desafiem -se é cansativo porém vale a pena.
Mas não deixo de respeitar os colegas que lutam pelo respeito a cultura Surda, por que todos devem ser acolhidos, nem sempre só nos esforçarmos para viver nos padrões da sociedade é a saída. Todos precisam ser respeitados. Estou cursando Libras e compreendendo melhor sobre muitas coisas e acredito que o respeito entre a comunidade surda e Surda precisa ser propagado. Exemplo surdo com (s) são os que ouvem pouco, não ouvem e falam ou os com adaptações aparelhos etc, Surdos com (S) são os que não ouvem não usam adaptações não falam e lutam pelos seus direitos nestas questões, ou seja de ser surdo permanecer surdo e que a sociedade se adapte a ele. Então o surdo com S maiúsculo não é uma forma de preconceito mas muitas vezes é mal utilizado por pessoas que não sabe o conceito. Para o Surdo as coisas são simbólicas o (S) é simbólico que representa a sua cultura e o difere de outros (s)surdos.
Entrei num tema nada a ver, mas precisava compartilhar isso por que sabemos as criticas que ocorrem quando há a defesa de tratar a perda auditiva por que ela não é boa. E não é mesmo por que a sociedade não se importa se houvesse lugar para todos seria diferente.
Luciano Marinho
03/08/2016 at 08:00Olá Keila,
Qual aplicativo vc usa para aprender inglês?
Adriana
02/08/2016 at 13:41Apesar de não ter perda auditiva, tenho uma filha que têm bilateral. E por conta da convivência, fui aprendendo e buscando sempre mais informações. Realmente, as pessoas são despreparadas à qualquer coisa que não são do seu convívio. A busca pelo conhecimento sobre qualquer deficiência, está mais presente na vida de quem tem ou de quem convive. Antes da minha filha nascer e eu saber da deficiência dela, nunca havia percebidoa necessidade de aprender sobre perda auditiva, e isso acontece com muita gente. Hoje vejo que tem muita tecnologia para facilitar a vida dos PNE’s, coisa que há um tempo atrás não tinha, o que fatalmente causava o despreparo da população.
Cada dia, vejo mais gente se entregando aos novos acessos, pois muitos tbm não aceitavam ajuda, acho que tinham medo do novo ou até vergonha.
O novo está cada vez mais comum e sobre falatórios, acontece muito, pois existem muitas pessoas maldosas; estamos todos sujeitos à esses tipos de gente.
Aprendi muito com a minha filha e agradeço por Deus ter me dado esse presente. Ela é maravilhosa, decidida, persistente, determinada, inteligentíssima… Enfim, ela é demais, muito melhor do que eu, ouvinte.
Bjus
Rosane Resende
02/08/2016 at 13:37Paula, boa tarde! Você falou tudo! Me identifiquei muito…hoje aposentada, percebo através da Internet o quanto “perdi” em todos esses anos…em todos os momentos! Como moro sozinha, o que é simplesmente horrível por não ter condições de ter toda adaptação para surdo em casa, fico sempre alerta d no fim exausta! Parabéns mais uma vez, por ser nossa porta voz!
Rafael
02/08/2016 at 11:59Bom dia Paula, você falou tudo e um pouco mais. Comigo no trabalho sempre foi aquela luta e apreensão, a seis anos estou na Receita Federal, quando entrei ninguém sabia lidar com o problema, inclusive eu, mas cai em um setor interno, e não fazia tantos atendimentos ao público, mas sempre foi uma labuta conversar/reuniões/atender/aprender. A situação mudou há três anos quando fui transferido para o setor que estou atualmente, área nova de atuação, tudo novo, estressante, difícil até para quem ouve bem aprender, e os telefonemas. Mas nada vem por acaso, um colega meu, igualmente PNE, trabalhava em horário reduzido. Pois é, não sabia disso. Entrei com pedido no RH, passei pela Junta Médica, onde se constatou o terrível e pouco conhecido Stress Auditivo, foi-me concedido a redução de jornada, com proventos integrais, trabalho seis horas diárias, não atendo telefones e muito raramente atendo ao público. De fato, a qualidade do serviço aumentou consideravelmente. Hoje tenho mais tempo para minha família e paciência com os perengues no mercado, no banco e com o 0800, que já desisti de usar hoje e irei logo mais atazanar meu gerente.
Marcos Veríssimo
03/08/2016 at 09:22Rafael sou servidor público também, e com perda auditiva profunda nos dois ouvidos. Como é esta redução da jornada de trabalho, nós temos direito ? Poderia me explicar um pouco ? Se quiser meu e-mail é mavastini@hotmail.com. Obrigado.
Rafael
03/08/2016 at 10:23Bom dia Marcos, você faz o pedido de horário especial para servidor portador de deficiência independente de compensação de horario e rendimentos (no meu coloque desta maneira), esse requerimento de horário especial tem que estar datado e assinado, deve ser encaminhado ao chefe de sua unidade/setor. No requerimento de horário especial você solicita avaliação pela Junta Médica, expõe a situação: anexa laudo médico e audiometria, se possível o questionário de exame pré-admissinal em que consta a ressalva. Informar o CID, grau da perda e se possível os decibéis na frequência 500HZ (ver decreto 3298/99, art. 4, inc. II). O requerimento será encaminhado ao RH da sua unidade, que encaminhará o pedido ao SIASS (servidores federais, nos Estados e Municípios, verificar no RH), você será convocado para a perícia, irão verificar que há a perda, irão definir o horário entre 4 e 6 horas e recomendações de não atendimento ao público e prestação de informações por telefone ( na junta você deve deixar bem claro que é muito complicado você realizar atendimento). Após o deferimento, o requerimento volta os órgão para apreciação do chefe do órgão. Pública-se no DO, e pronto. Mando por e-mail o modelo do meu requerimento
Rafael
03/08/2016 at 10:25Bom dia Marcos, você faz o pedido de horário especial para servidor portador de deficiência independente de compensação de horario e rendimentos (no meu coloque desta maneira), esse requerimento de horário especial tem que estar datado e assinado, deve ser encaminhado ao chefe de sua unidade/setor. No requerimento de horário especial você solicita avaliação pela Junta Médica, expõe a situação: anexa laudo médico e audiometria, se possível o questionário de exame pré-admissinal em que consta a ressalva. Informar o CID, grau da perda e se possível os decibéis na frequência 500HZ (ver decreto 3298/99, art. 4, inc. II). O requerimento será encaminhado ao RH da sua unidade, que encaminhará o pedido ao SIASS (servidores federais, nos Estados e Municípios, verificar no RH), você será convocado para a perícia, irão verificar que há a perda, irão definir o horário entre 4 e 6 horas e recomendações de não atendimento ao público e prestação de informações por telefone ( na junta você deve deixar bem claro que é muito complicado você realizar atendimento). Após o deferimento, o requerimento volta os órgão para apreciação do chefe do órgão. Pública-se no DO, e pronto. Mando por e-mail o modelo do meu requerimento. Abraços e boa sorte. Obs.: infelizmente nossos legisladores tratam com diferenças trabalhadores estatuários e celetistas. No caso de empregado da iniciativa privada, o horário especial acarreta redução salarial.
Keila Almeida
08/08/2016 at 13:31Luciano, bom dia. Utilizo DUOLINGO. E foi recomendado aqui por uma pessoa que contou sua história. Eu gosto muito dele aprendo as três línguas por ele.
Ana
03/08/2016 at 20:00oi Rafael boa noite!!
Também sou servidora pública. Sou DA bilateral mista de grau severo a profundo. Meu cargo tem jornada de 6h. Vc acha que eu conseguiria uma reduçao da jornada para 4 ou 5 horas. No momento, estou de licença médica, por conta de uma perda súbita no ultimo mes. Fui operada há uma semana para fechar uma fístula no ouvido esquerdo. Desde ja agradeço.
Rafael
13/12/2016 at 23:16Boa noite Ana, desculpa a demora em responder (super demora), mas sim, creio que você consegue 5 ou 4 horas, lembro-me bem na perícia que a a médica afirmou que me colocaria em seis horas mas que se não estive me adaptando poderia solicitar para 5 ou 4 horas. Boa sorte