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Crônicas da Surdez / Aparelhos Auditivos / Deficiência Auditiva / Surdos Que Ouvem

Minha esposa é SURDA meu marido é SURDO: um guia

Um relacionamento onde um escuta e o outro não, precisa de paciência, empatia e ajuda. Se a sua esposa é surda ou o seu marido é surdo e você ouve sem dificuldade, há uma série de estratégias inteligentes que vocês podem usar no dia-a-dia para melhorar a comunicação e garantir a acessibilidade. 

Mesmo com aparelhos auditivos ou implante coclear, não são todas as pessoas que conseguem falar ao telefone, ouvir a campainha, o apito do forno ou microondas, ou ter uma conversa sem fazer leitura labial. Por isso, é preciso empatia e paciência. Empatia, para entender que não é culpa da pessoa ela não ter escutado algum som, e paciência, se for necessário repetir ou falar mais devagar. 

Minha esposa é surda, meu marido é surdo

Meu esposo às vezes liga para a pizzaria, mas outras vezes, me fala “Eu sei que você consegue. Liga lá! Se não conseguir, me fala”. E isso de certa forma é uma ajuda pois ele está me motivando e relembrando que: não, eu não estou mais presa naqueles longos anos em que era impossível usar telefones e tinha pavor deles! Ele sabe que ultimamente consigo fazer ligações com os aparelhos auditivos e conexão bluetooth, e fico realizada com isso. Desse modo, ele me incentiva a usar cada vez mais os AASIs.

Ajudar sua esposa surda não significa ouvir por ela em todas as situações, mas sim lembrá-la do que ela é capaz sendo uma Surda Que Ouve com a ajuda da tecnologia!

Quem usa próteses auditivas precisa treinar os ouvidos e o cérebro para cada dia ir um pouco além. Ter incentivo dentro de casa faz toda a diferença. É gratificante o sentimento de recompensa por um novo som que escutamos e entendemos, em vez de simplesmente jogar toda a responsabilidade no ouvido do outro – o que pode ser muito desanimador e desgastante para um relacionamento.

Dicas para quem tem esposa surda ou marido surdo:

  • Divida a responsabilidade de ouvir e de ser ouvido: não espere que seu parceiro(a) com surdez sempre vá até o lugar em que você está para poder te ouvir, vá até ele(a) também para falar. A culpa da surdez não é de nenhum dos dois, se cada um levantar para ir falar com o outro de vez em quando, ninguém se cansa. Ficar gritando de outro cômodo não funciona. 
  • Não tente esconder a surdez de sua parceira(o), se ele(a) gosta de mostrar os aparelhos ou implantes, falar sobre o assunto, demonstre apoio, e que isso não interfere no sentimento de vocês. Sempre que possível, fale do orgulho pelos aparelhos/implantes que o ele(a) usa, pois é através desses pequenos dispositivos que boa parte da comunicação de vocês acontece, que o “eu te amo”, ou “Cheguei!” é ouvido e respondido. 
  • Não deixe de compartilhar com ela(e) os vídeos e conteúdos que você gostou pelo Facebook, Instagram, só porque não tem legenda: quando estiver ao lado, traduza o que é dito ou cantado, permitindo a leitura labial. Aquele vídeo engraçado, emocionante ou curioso que você achou legal, ajude sua esposa ou esposo a entender, não “deixe pra lá” só porque ela(e) não escuta. 
  • Escolha filmes e seriados sempre com legendas: Parece tão simples para ouvintes, mas para nós faz toda a diferença. Se necessário, coloque um post it na TV ou no controle remoto para lembrar. 
  • Paciência redobrada em praias ou piscinas: não existe aparelho auditivo à prova d’água (para implante coclear, existem capas de proteção). Então, uma dose extra de paciência e empatia nesses dias para repetir quantas falas forem necessárias, afinal, para nós também é difícil ficar sem ouvir.
  • Incentive o cônjuge a ouvir e tentar algo novo com a audição: Por exemplo, é sempre o ouvinte que faz o pedido ao garçom, por causa do barulho no restaurante? Tentem ir a um local mais silencioso para inverter os papéis. Incentive o uso dos aparelhos/implantes e elogie a tentativa!

Se um ouvinte faz absolutamente tudo pela pessoa com surdez, pode passar a mensagem de que ela não é capaz, certo? Em algumas situações a surdez tem os seus impedimentos, mas usando tecnologias para ouvir e fazendo treinamento auditivo nós podemos assumir a nossa responsabilidade perante a nossa surdez. Nada de se encostar no parceiro(a) e esperar que ele vire seu faz-tudo só porque você não quer se dar ao trabalho. Peça ajuda apenas quando você REALMENTE precisa – muita gente pede ajuda para qualquer coisa por preguiça e usa a surdez como licença poética para isso. Esse comportamento desanima. A dosagem certa de ajuda e de permitir a individualidade do outro é que constrói um relacionamento saudável. 

Não podemos esperar que o mundo todo se adapte à nossa surdez, e nem achar que vamos entender 100% das vezes quando usamos aparelho auditivo ou IC porque isso nem os ouvintes conseguem fazer.  Busque o equilíbrio no seu relacionamento, faça a sua parte e esforce-se todos os dias para ouvir e fazer aquilo que você CONSEGUE. Você é infinitamente mais capaz do que pensa!

 

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Eu já passei pela saga da compra de aparelhos auditivos várias vezes. Já fui convencida a me endividar para comprar um aparelho auditivo “discreto e invisível” que sequer atendia a minha surdez. Já fui enganada ao levar um aparelho auditivo para o conserto na loja onde o comprei: a fonoaudióloga disse que ele não servia mais para mim sem sequer verificá-lo ou fazer uma nova audiometria. Já quase caí no conto do vigário de gastar uma fortuna num aparelho auditivo para surdez profunda “top de linha”, cujos recursos eu jamais poderia aproveitar devido à gravidade da minha surdez. Já fui pressionada a comprar um aparelho auditivo porque supostamente a “promoção imperdível” duraria apenas até o dia seguinte. E também quase cometi a burrada de comprar um aparelho de surdez que já estava quase saindo de linha por causa de um desconto estratosférico que ‘acabava amanhã’.

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About Author

Paula Pfeifer é uma surda que ouve com dois implantes cocleares. Ela é autora dos livros Crônicas da Surdez, Novas Crônicas da Surdez e Saia do Armário da Surdez e lidera a maior comunidade digital do Brasil de pessoas com perda auditiva que são usuárias de próteses auditivas.

2 Comments

  • Adelusa Roma Andrade F. Dos Santos
    12/08/2019 at 21:08

    Parabéns por este trabalho lindo! Os surdos precisam de incentivos para crescerem e superarem o preconceito e provarem que têm potencial! Você é um exemplo! Tenho uma filha surda e também superou muitos obstáculos! Ela é oralizada e se formou em psicologia! E já fez um vídeo sobre depressão uma doença que atinge muitas pessoas inclusive muitos surdos! O nome dela é Gabriella Roma de Andrade gostaria de te conhecer e que você conhecesse a Gabi para trocarem experiências e incentivaram muitos surdos que todo sonho é possível de ser conquistado! Que Deus te abençoe e sucesso na sua trajetória ?

    Reply
    • Pryscilla Cricio
      17/08/2020 at 16:39

      Olá Adelusa,

      Tudo bem?

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      Abraços,

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